quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Pelo Tempo: "Música Alternativa" (2012-03-14)

O termo “música alternativa” ganhou expressão nos anos 80 e inícios de 90, tendo uma origem provavelmente na cena musical independente inglesa e nos primórdios do grunge norte-americano, ambos saídos do rock. Actualmente o termo diversificou-se e especificou-se, onde antes cabiam todos no mesmo saco, hoje catalogamo-os de indie rock, post-punk, gótico, etc…
Com origem no rock, como quase toda a música que existe actualmente, ao serem considerados alternativos era provável que fossem buscar influências também ao jazz, folk e reggae, o que o tornava de facto num termo muito genérico.
Mas o importante era fugir à regra, e acima de tudo, não ser proveniente das grandes editoras. Mas isso não evitou que, desde 1991, os Prémios Grammy, os mais importantes da indústria musical, concedessem anualmente um prémio para o melhor álbum de música alternativa, onde os maiores vencedores viriam a ser os Radiohead e os White Stripes, bandas que atingiram fama e número de vendas que de alternativo não tem nada…
Acredito que muito do que “alternativo” se cria vem em resposta à mente inquisitiva e curiosa do ser humano, e nessa lógica, o diferente é muito atraente. Assim, nos últimos anos, em áreas como a música, moda ou performance, observou-se um recurso ao retro, ao reutilizar estéticas antigas. Primeiro foram os 70’s, que depois de gasta a imagem, recuou-se ainda mais no tempo, pela sede de diferença, e foi-se ao início do século.
Mas o que realmente me levou a escrever este texto é a mais recente “moda alternativa”: o freak folk, e mais especificamente, o seu representante mais castiço, de quem sou um recente fã: Ariel Pink's Haunted Graffiti!
Esta banda, liderada pelo californiano Ariel Pink, explora as fronteiras entre um pop psicadélico e o freak folk, e enquanto escritor de canções, consegue misturar influências desde David Bowie a Brian Eno, numa lógica anos 70-80.
Influenciado desde jovem por várias bandas de rock gótico, como Bauhaus ou The Cure, a leveza do seu som leva-nos a um R. Stevie Moore ou mesmo o ritmo de Michael Jackson.
Quem o ouve não acredita quando o vê pela primeira vez: daquela melancólica e doce voz, vem um jovem cheio de insinuações sexuais, cabelo comprido e barba sempre por fazer, numa perspectiva de performance sempre em provocação.
Depois de vários álbuns lançados entre 2004 e 2009, despertam a atenção da poderosa editora 4AD, e lançam o álbum “Before Today”, considerado por algumas revistas da especialidade um dos melhores de 2010. Para Ariel, este é considerado o seu primeiro álbum, o que é compreensível, pois tem muito mais qualidade que os anteriores, não em criatividade, mas em coerência.


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