quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Ao Attack!

M​assive Attack - Mezzanine (1998)

Este foi o terceiro álbum dos Massive Attack, e o primeiro a ser produzido por Neil Davidge, tendo sido disponibilizado gratuitamente no site da banda, cerca de quatro meses antes do seu lançamento oficial... sempre à frente!

Acabou por se tornar o álbum de maior sucesso comercial do grupo, chegando mesmo ao topo das tabelas no Reino Unido, Irlanda, Austrália e Nova Zelândia, disfarçando o mítico trip-hop popularizado pela banda, com outros laivos de eletrónica, hip hop e dub.

Talvez "Teardrop" tenha sido a música mais reconhecível e memorável deste disco dos "pais" do trip-hop, originários de Bristol (Reino Unido), e composto por Robert "3D" Del Naja, Grant "Daddy G" Marshall e Andy "Mushroom" Vowles. Já venceram vários prémios ao longo dos anos, assim como venderam mais de 11 milhões de discos.


Seminais e comerciais!


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Barton Fink, um clássico do século XX

​​Barton Fink (1991)

Título mítico e de referência da história do cinema do século XX, "Barton Fink" é um filme de cariz independente dos irmãos Cohen, de 1991, tendo John Turturro no papel da sua vida! 

Aborda a história de um jovem dramaturgo e de um bloqueio de escrita que sofre, e de um conjunto de personagens que lhe vão moldar o futuro, numa das melhores relações que existe entre  argumento e casting, como os nomes John Goodman, Judy Davis e Steve Buscemi demonstram.

O filme estreou em Cannes, arrebatando inclusive a Palma de Ouro (o principal prémio deste prestigiado festival), assim como os prémios de melhor realizador e melhor ator (Turturro). No entanto não viria a ter grande sucesso nas bilheteiras, o que não deixa de ser curioso, pois é uma temática subjacente ao argumento do próprio filme...

Mas tem um grande cariz filosófico, abordando questões como a liberdade, a religião ou o fascismo e a escravatura, sendo tão complexo que nem sempre consegue ser "encaixado" num determinado tema.

Seminal!


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Pelo Tempo: "'Amostrem-me' Cinema dos Açores" (2013-08-07)

O projeto de divulgação de cinema dos açores “AMOSTRAM’ISSE” (www.amostramisse.blogspot.pt) continua a sua programação, onde após as exibições em Angra do Heroísmo (Centro Cultural, 4 a 8 de Junho) e Horta (Teatro Faialense, 16 a 20 de Julho), se preparam agora as sessões para Ponta Delgada e Lisboa), para Outubro e Novembro deste ano.
É uma iniciativa do Governo Regional dos Açores, mais especificamente, apoiado pela Direção Regional da Juventude, que com muito entusiasmo e convicção tem suportado este projeto da Associação Cultural Burra de Milho.
O seu principal objetivo é a divulgação de filmes realizados e produzidos nos Açores, preferencialmente por açorinos, mas não só, pois além da criatividade dos nossos realizadores, existe ainda o fator turístico e de potencial para captação de imagens e realização de filmes na região.
Artisticamente os filmes selecionados, entre outros muitos que poderiam fazer parte, são todos realizados entre 2009 e 2013, por jovens realizadores açorianos, tendo quase na sua totalidade formação superior na área – não que isso seja fundamental, mas demonstrativo de uma nova realidade na área nos Açores – e com primazia para a área do cinema documental.
Das duas mostras já realizadas, é de realçar o interesse demostrado pelo público presente, assim como pelo feedback gerado, como o contacto feito por vários realizadores à organização, ou pela abordagem de jovens amadores que pretendem ver o seu trabalho reconhecido.
A nível de público, e tendo em conta que as sessões realizadas até agora já decorreram durante o Verão, e em sala fechada, já assistiram cerca de 250 pessoas, num conjunto de 10 sessões e exibição de 13 filmes.
De destacar, a nível pessoal, a exibição de Banana do Pico, do realizador faialense Luís Bicudo, que contou com a presença do mesmo na sessão na Horta, assim como com a presença dos principais intervenientes do filme (documentário), os seus avós.
Esperam-se assim com alguma expetativa as sessões em Ponta Delgada e Lisboa, gerando uma onde de debate e discussão em torno do debate, assim como lançando a possibilidade de continuidade e prolongamento do evento a outras cidades e mesmo a outros países.

PS: Desde 2013 a criar expetativas...

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Stereolab - Seminalmente Sedutores

Stereolab - Emperor Tomato Ketchup (1996)

Este é o quarto álbum dos Stereolab, tendo sido o seu maior sucesso comercial, assim como por muitos considerado o seu mais importante disco - o nome do trabalho vem de um filme do realizador vanguardista japonês, Shuji Terayama. Foi considerado por várias revistas e sites de música como um dos discos mais importantes dos anos 90, como a Pitchfork ou a Amazon.

Esta banda franco-britânica, que se pode enquadrar no universo pós-rock dos anos 90, acaba por ser uma mistura de imensos estilos, desde o pop e lounge das décadas de 50-60, até ao krautrock, música brasileira e muita eletrónica... Os seus criadores foram Tim Gane e Laetitia Sadier, que escrevia e cantava as músicas da banda... em inglês e francês.

Tornaram-se conhecidos pela utilização dos sintetizadores Moog e pelos órgãos Vox, e são de facto consideradas uma das bandas mais influentes da cena alternativa da década de 90, extremamente inovadores, mas ao mesmo tempo sedutores e originais. Desde 2009 que se encontram em "pausa sabática sem fim definido..." (tal pena!).

Disco Seminal. Banda Seminal!


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Ferrugem e Osso!

Ferrugem e Osso (2012)

Com base no livro do canadiano Craig Davidson, Ferrugem e Osso segue a história de um segurança e boxeur de rua (Matthias Schoenaerts), sempre em biscates e que vive com o apoio da sua irmã, e que um dia conhece Stephanie (Marion Cotillard), uma ex-treinadora de baleias que perdeu as pernas num acidente.

Este imprevisível duo vive então uma história de amor, centrado obviamente nas várias dificuldades dos dois, quer emocionais, quer físicas, daí a beleza do filme...

Mais uma vez Jacques Audiard realiza um filme de extrema humanidade (como De Tanto Bater o Meu Coração Parou, em 2005 e O Profeta, em 2009, entre outros), sendo nomeado para a Palma de Ouro em Cannes, onde foi aplaudido em pé durante 10 minutos!

Acabou por ganhar vários outros prémios (de dimensões mediáticas inferiores), sendo também aclamada a representação de Marion Cotillard, quer pela crítica, quer pelos seus pares.

Bom Filme!





quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Pelo Tempo: "Noite de Festa" (2013-06-06)

Inserido no “AMOSTRAM’ISSE” – Mostra de Cinema dos Açores, foi exibido o filme Noite de Festa, do micaelense Nuno Costa Santos (em parceria com Tiago de Carvalho e Nuno Simões, como gosta de realçar o autor), em estreia na ilha Terceira, no passado dia 4 de Junho, no Centro Cultural e de Congressos.
Trata-se de um filme que encaixa na área do documentário, embora ficcionado, onde acompanhamos o regresso de Nuno Costa Santos a São Miguel, escritor e guionista a residir em Lisboa, já com vários livros publicados, colaborador assíduo de várias revistas, e já teve também um programa de televisão no Canal Q (“Melancómico”).
Esse regresso tem um motivo: anda à procura dos seus discos de vinil, que tanto influenciaram a sua adolescência, e lhe moldaram mesmo o carácter … Será uma viagem onde se mistura o antigo, o passado e o recente, assim como as novas e desconhecidas realidades da ilha.
De facto, como também refere Nuno Costa Santos algures, as músicas e bandas que ouvimos na adolescência (e pós-adolescência, permitam-me acrescentar) são as mais importantes das nossas vidas, pois é uma fase de definição da nossa identidade e personalidade – e esse é o mote do filme, conjugado com uma análise às diferenças que encontra em São Miguel nos últimos 20 anos, desde que saiu para Lisboa.
O filme consegue passar a sua mensagem, intenção aliás da equipa responsável, partindo de uma história individual, mas com a qual todos se identifiquem – principalmente se pertencem à mesma geração dos realizadores (35-40 anos). E foi o que se passou comigo, vibrando ao ver tantas referências musicais que fazem também parte da minha adolescência, fazendo-me também recordar o que foi sair da ilha para estudar em Lisboa, e o contacto com novas realidades musicais.
Foi maravilhoso ver referências seminais aos The Cure, as capas dos discos de vinil dos Throwing Muses, ouvir músicas dos Dead Can Dance e My Bloody Valentine, e culminar tudo com várias alusões aos Stone Roses… O filme tem uma curiosa frase de Nuno Costa Santos, ao referir-se a essas bandas, “que já ninguém as quer ouvir hoje em dia” – pois felizmente não é verdade, e temos o Optimus Primavera Sound a provar isso mesmo, festival que decorreu recentemente no Porto, onde as bandas que vingaram este ano foram exatamente os My Bloody Valentine, Dead Can Dance e a grande presença e atuação de Nick Cave!
Termino com uma frase de Nuno Costa Santos, num artigo da Azorean Spirit (n.º47), que resume, e como sempre, bem, o essencial do que aqui se disse: “Agora quem diz discos perdidos também diz milagres encontrados. Até já, numa sala de cinema perto de si.»
Miguel Costa



quarta-feira, 24 de agosto de 2016

História da Música - Portishead!


Portishead - Dummy (1994)

Dummy é o primeiro LP dos Portishead, felizmente!!!

O álbum, lançado em 1994, além de consolidar o género (ou sub-género?) musical trip-hop, mudou certamente o futuro da música de cariz eletrónica, numa lógica de fusão e transversalidade musical intensa, mas com uma profunda melancolia e poesia.

Veio a ganhar o Mercury Prize de 1995, e vendeu na Europa cerca de 2 milhões de discos, tendo sido aclamado unanimemente pela crítica e revistas de música por todo o mundo.

Foi assim o despertar da banda liderada pela etérea voz de Beth Gibbons e o génio musical de Geoff Barrow e Adrian Utley, transformando Bristol (Inglaterra) definitivamente como capital mundial do trip-hop, de onde viriam a influenciar dezenas, se não centenas, de bandas por todo o mundo... mas a original continua a ser seminal!

Muito, muito Bom.



quarta-feira, 29 de junho de 2016

O Clássico dos Clássicos?

Cinema Paradiso (1988)

Este filme é um daqueles clássicos de Domingo à tarde fantásticos, capazes da lágrima mais profunda, e daquele sorriso inocente que por vezes nos envergonhamos...

Realizado em 1988 por Giuseppe Tornatore, o filme retrata a viagem de um realizador de sucesso num regresso à sua terra natal, com vista a estar presente no funeral do homem que lhe fez ganhar o amor pelo cinema, o projecionista local, Alfredo.

É um filme de visita e de viagem, onde o personagem principal regressa no tempo e o acompanhamos na sua infância, até ao presente, onde já nada do seu passado existe. 

Com música de Ennio Morricone, o filme teve grande sucesso comercial na altura do seu lançamento, continuando hoje em dia a ser um "clássico" do cinema italiano, regressando à ribalta com uma edição "director's cut" de 170 minutos (2002).

Venceu o Óscar e o Globo de Ouro para Melhor Filme Estrangeiro (1990), assim como o Grande Prémio do Júri em Cannes (1989).

Clássico. E então a cena dos "beijos cortados..."

terça-feira, 21 de junho de 2016

Pelo Tempo: "IndieLisboa, 10º Edição, 7ª Extensão" (2013-05-07)

Terminou no passado dia 28 de Abril a 10ª edição do IndieLisboa, Festival Internacional de Cinema, e que conseguiu reunir cerca de 45 mil participantes, entre sessões de cinema, workshops e palestras, sendo 30 mil espetadores dos cerca de 250 filmes exibidos.

Bons números para uma fase crítica que o setor cultural atravessa, demonstrando uma maturidade coerente, resultado dos anos de experiência acumulados, assim como de uma sempre acutilante estratégia comunicacional.

Agora seguem-se as extensões, confirmadas para este ano ainda apenas em Coimbra, Odivelas, e o sempre curioso caso de Angra do Heroísmo, que ao longo dos anos (desde 2007) tem vindo a ser a principal extensão do festival, quer pelo número de espetadores, quer pela sua frequência e continuidade.

Assim, entre 10 e 14 de Maio, numa organização da Associação Cultural Burra de Milho, exibir-se-ão alguns dos principais filmes da edição deste ano, assim como se repete o ciclo destinado ao público infantil, sempre com uma grande adesão.

Aliás, um dos aspetos principais para a organização é essa mesma formação de públicos, numa aproximação das crianças a conteúdos de qualidade e com uma estética diferente dos lugares comuns que as rodeiam no dia-a-dia. Desde 2007 já passaram cerca de 4000 pessoas pelas extensões realizadas em Angra, sendo que mais de metade desse número representa esse público infanto-juvenil referido, numa parceria com as escolas da ilha.

Este festival pretende acima de tudo divulgar um cinema que geralmente não é disponibilizado nas salas do circuito comercial, com o intuito de promover filmes de autores nacionais e estrangeiros de qualidade, mas de difícil acesso.

Este ano, e sob a temática de que “Hollywood está a ficar sem ideias”, serão exibidos na Terceira os grandes vencedores do Festival, e sem querer destacar nenhum filme em detrimento de outro, pois o gosto de cada um é suficiente para isso, existe grande expetativa na longa-metragem do primeiro dia da extensão, Doméstica, um documentário brasileiro onde sete crianças filmam as suas empregadas, transmitindo a imagem que delas têm, assim como da sua relação e proximidade – foi um dos filmes preferidos do público neste edição.

No sábado serão exibidos mais dois filmes premiados: um francês de animação e um brasileiro, na área da ficção – cinema que passa atualmente por uma maré de sucesso por todo o mundo (o brasileiro).

No domingo, além da sessão infantil da tarde (16h00), o destaque vai para a sessão noturna (21h00), com os grandes vencedores do festival, nomeadamente Da Vinci (Itália) e Leviathan (EUA / Reino Unido). 

Esperemos que os filmes agradem a todos, “miúdos e graúdos”, e mesmo que assim não seja, que para o ano tenhamos novamente a possibilidade de assistir a cinema deste género e qualidade, estando já anunciada a data do festival em Lisboa (24 de abril a 4 de maio).

Miguel Rosa Costa


terça-feira, 7 de junho de 2016

Kozelec - Do Best

Sun Kil Moon - Benji (2014)


Benji é o sexto álbum do profícuo projeto Sun Kill Moon, de Mark Kozelek (fundador e antigo guitarrista dos Red House Painters), um dos expoentes máximos do encontro entre o indie rock e o novo folk americano.

Fundador da Caldo Verde Records (a editora com o melhor nome de sempre!), que lança sobretudo o trabalho de Kozelek nas suas várias vertentes (também a solo), e ainda de alguns outros artistas menos conhecidos.

Outra saborosa curiosidade, que nem o próprio músico sabe explicar, sobre a sua relação com Portugal, é que neste álbum é utilizada mais do que uma vez a guitarra portuguesa, tocada pelo próprio Kozelec...

O nome do álbum é exatamente sobre o "Benji" que estão a pensar, o pequeno e amoroso cachorro do filme dos anos 70, pois é uma memória boa, feliz e familiar para Kozelec.

E é isso mesmo que o disco transmite, uma nostalgia que se percebe pessoal, mas emocional e intensa, onde nos sentimos próximos das histórias que o autor canta - o meu disco preferido de Kozelec!

O álbum foi recebido pela crítica com grande aclamação, sendo inclusive considerado um dos melhores 100 álbuns da década (Pitchfork Magazine), assim como obteve grandes notas nas principais revistas e sites da especialidade, como a NME, AllMusic e Rolling Stone.




terça-feira, 24 de maio de 2016

"Interstellar" - Amor Interdimensional

Interstellar (2014)

Intenso filme de Christopher Nolan, com um elenco de luxo (Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Michael Caine e outros), sobre a história de uma equipa de astronautas numa viagem em busca de um novo lar para a humanidade, perante a certa destruição do planeta Terra, inspirado no trabalho do físico norte-americano Kip Thorne ("o" especialista mundial em buracos negros).

Assim, para esta busca pelo futuro do Homem, através de buracos negros, Nolan contratou Hoyte van Hoytema, que filmou este projeto em formato de 35 milímetros anamórfico (ou seja, filmar em widescreen mas em película de 35 mm), e também em formato IMAX 70 (película de 70 mm, a maior de todas, e apenas utilizada para projeção em salas específicas) - tudo em prole do impacto visual da obra.

Tem uma abordagem interessante, pois os buracos negros ainda são atualmente como a viagem à Lua na década de 60, onde as dúvidas sobre a sua veracidade eram comuns... Mas seja em que dimensão for, os sentimentos humanos são sempre os mesmos...

Tornou-se num grande sucesso de bilheteira, recebendo paralelamente boas críticas, tendo ainda ganho um Óscar na categoria de Melhores Efeitos Visuais, além de outras 4 nomeações.

Épico.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Pelo Tempo: "Uma Exposição – Várias Sinergias" (2013-04-17)

No passado dia 15 de Abril ocorreu a inauguração da exposição “Bandas Sonoras”, da fotógrafa Rita Carmo, no Clube de Oficiais da Base Aérea das Lajes, encontrando-se patente até ao próximo dia 15 de Maio.
Este é o primeiro evento resultante de um protocolo assinado entre o Clube de Oficiais e a Associação Cultural Burra de Milho, assinado no momento da abertura da exposição, e que visa a partilha de esforços, competências e recursos, que por seu lado permitam uma maior divulgação de eventos, coprodução de atividades e desenvolvimento de ações formativas nas áreas culturais e criativas.
No mesmo momento foi também assinado um protocolo com o Instituto Açoriano de Cultura (IAC), semelhante no conteúdo e na forma, sendo que ambas as parcerias visam contribuir para o aumento de interação entre a população da ilha e os militares da Base Aérea nº4.
É hábito referir-se, a nível de comentário ou análise política, a fraca relação e aproveitamento de sinergias entre agentes culturais, não só na Terceira, mas em toda a região. Com este caso observa-se exatamente o oposto, numa excelente iniciativa, com origem no Clube de Oficiais, a que prontamente se associaram duas entidades com relevante ação cultural ao nível regional.
Como foi referido na inauguração, trata-se também de uma excelente reação ao momento de crise que atravessamos, ocultando-se possivelmente na arte e na cultura algumas respostas e soluções, com base em dinâmicas como a demonstrada neste caso.
E esta exposição é de facto um claro exemplo disso, onde o primeiro destaque vai para a própria artista, Rita Carmo, que disponibilizou o seu trabalho para vários eventos. É uma fotógrafa de renome dedicada à cena musical há cerca de 20 anos, colaborando desde o semanário Blitz, a autora de várias publicações e exposições em Portugal e no estrangeiro, assim como responsável por algumas capas de álbuns e imagens de divulgação de artistas portugueses (Carminho, Diabo na Cruz, Deolinda, etc.).
A sua mais recente relação com os Açores surge enquanto júri do LABJOVEM – Concurso de Jovens Criadores dos Açores, organizado pela Burra de Milho, e que deu origem à vinda desta exposição para a região, tendo já sido apresentada na Galeria Arco 8 (Ponta Delgada), na Academia da Juventude e das Artes da Ilha Terceira (Praia da Vitória), Teatro Angrense (Angra do Heroísmo) e Núcleo Museológico dos Altares.
Esperemos que esta dinâmica alavanque outros projetos e parcerias ao nível de ilha e da região, com um aproveitamento sustentável e racional dos meios existentes, e num espírito de cooperação e não de competição…

terça-feira, 26 de abril de 2016

História da Música - guiados pela voz de Pollard

Guided by Voices - Bee Thousand (1994)

Este é o sétimo álbum do coletivo Guided by Voices, gravado, como habitualmente, em gravadores caseiros, tipo quatro pistas, ou outras soluções menos convencionais, evitando sempre os estúdios profissionais...

Esse aspeto ajudou a reforçar o seu estatuto como uma das bandas definidoras do estilo musical "lo-fi" (fraca qualidade de gravação sonora), com inspiração nas bandas punk inglesas da década de 60 e 70, o que fez com que a banda começasse a dar nas vistas e inclusive a assinar com uma grande editora (Matador Records).

O grande líder e mentor deste projeto, o multi-facetado Robert Pollard, tem sido a marca constante da banda, sendo que os restantes elementos tem variado de disco para disco e de tour para tour... podendo mesmo considerar este como um projeto individual, mas tem existido sempre como banda.

Este foi também o primeiro dos últimos álbuns, pois devido a dificuldades financeiras, motivos familiares e devido à sua carreira de professor, decidiu acabar com o projeto. Mas durou pouco tempo, e a banda tem-se reunido várias vezes, com novas pessoas, novas editoras, novos álbuns, e mais recentemente, entre 2010 e 2014, vários concertos "reunião".

Aparentemente tocarão este ano ao vivo, assim como corre um boato de que editarão um álbum novo, provavelmente originado por Pollard...

Banda fundamental da história musical do século XX/XXI.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Kafka no Castelo do Absurdo

Franz Kafka - O Castelo (1926)

Outro magnífico livro de Franz Kafka escrito em apenas seis meses, em 1922, com a curiosidade de apenas ter sido editado após a sua morte.

Novamente o personagem principal chama-se K., assim como em "O Processo", e é um agrimensor (topógrafo da área da agricultura...) que se desloca a um castelo num local não especificado para prestar os seus serviços, mas por mais que tente, não consegue entrar.

Novamente as interpretações são várias, mas podemos centrar-nos numa crítica à burocracia e ao absurdo, assim como uma viagem pelo seu próprio inconsciente, também ele confuso.

Ficamos também com uma clara evocação a uma crise existencial (autobiográfica ou não), onde estamos perante alguém que não encontra as respostas que precisa para as muitas perguntas sobre o sentido da vida - sendo o personagem absorvido pela rotina e aceitando a realidade como ela é.