quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

CVRCHES

CHVRCHES - The Bones Of What You Believe (2013)

Fresco álbum de estreia deste grupo escocês, na boa tradição do indie pop de Glasgow, com grande recetividade da crítica, e natural destaque para a vocalista Lauren Mayberry, com uma voz clara e pura como água da ribeira...
O que, inserido na profundidade das letras e temas abordados, ajuda a criar uma distinção clara entre a mensagem e a sonoridade, ajudada ainda por uma modernidade retro à base de sintetizadores.
Aqui está um trabalho de cariz íntimo que atingiu uma larga escala, relembrado que "small is beautifull".
Um dos melhores álbuns de 2013.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Da Certeza, Com Certeza

Ludwig Wittgenstein - Da Certeza (1969)

Este livro reúne um conjunto de notas escritas pelo filósofo alemão Wittgenstein, e que foram coligidas após a sua morte. 
São investigados temas e conceitos como o "saber" e o "crer", assim como se explora o significado da dúvida e da certeza, e o seu relacionamento com a linguística.
Reflete-se sobre o sentido da dúvida céptica e o estatuto das certezas básicas, com "aqui está uma mão e aqui está outra" - uma das passagens que dificilmente esquecerei, das aulas de Filosofia do 12º ano...
Com base na utilização comum da linguagem, Wittgenstein põe em causa o próprio sentido da discussão sobre a existência de um mundo exterior... profundo.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Evol(U)rban







Simples intervenções do artista "de rua" alemão Evol, que tudo o que pode transforma em arquitetura pública em miniatura, através dos stencils para o efeito criados, e sempre diferentes, transformando caixas de eletricidade e de semáforos.
Divertido e com mensagem...


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A Grande Farra de Marco Ferreri

La Grande Bouffe (1973)

La Grande Bouffe (1973) é um filme pesado, chato e ainda por cima não tanto profundo quando poderia ter sido - mas gosto...​ É um daqueles filmes que ficam na nossa memória mais íntima, que nos marcam, talvez nem pela perspetiva cinematográfica, mas por algo mais, algo externo ao próprio produto artístico, algo como uma sensação ou atitude derivada do ato de o teres presenciado.

Neste caso, foi um dos primeiros filmes que vi sem ser animação, ou soldados norte-americanos aos tiros nos vietnamitas (que também os há bons...), e ainda por cima, com alguma conotação erótica e sexual...

É algo marcante numa fase de ritual de passagem de menino para adolescente (a pensar que já era adulto), e que ficou para sempre agrilhoado na minha memória.

Esta comédia de Marco Ferreri protagoniza uma engraçada história, que se pretendia profunda, sobre um conjunto de amigos que se reúnem um fim-de-semana para, basicamente, comer até morrer... nunca se percebe bem porquê, mas podemos relacionar com os abusos da sociedade e alguns valores da humanidade em desuso.

O grupo é excelente, com destaque para Marcello Mastroiani, Ugo Tognazzi, Michel Piccoli e Philippe Noiret (quando os virem, reconhecem-nos), que juntamente com umas pouco profissionais e emocionais prostitutas, se juntam numa vila em pleno Inverno rigoroso, para comer até rebentar!

Filme polémico à data, pois com um elenco conhecido e uma produção e distribuição de cariz comercial, abordava uma temática algo escatológica e de intimidade sexual - cómica, mas sexual. Marcou, e acabou inclusive por receber o prémio da crítica em Cannes (1973), sendo hoje em dia considerado um dos clássicos vencedores daquele festival.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

The Path to Paatos...

Paatos - Timeloss (2005)

Podia ser apenas mais uma cena gótica. Mas não é.

É um bom rock, este primeiro álbum dos Paatos, experimental é certo, mas com uma boa guitarra, melancolia suficiente, flautas etéreas.

Temos texturas, suaves é certo, muito nevoeiro hipnótico... estão a perceber - é envolvente.

Rock alternativo da Escandinávia, com toques de Radiohead.​

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Pelo Tempo: "Direitos Humanos no Cinema Português" (2012-04-06)

No passado dia 21, e inserido no “Amostra-me Cinema Português”, iniciativa da Associação Cultural Burra de Milho, que ao longo ao ano exibirá cerca de 12 filmes portugueses no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, sempre a uma quarta-feira de cada mês, decorreu a segunda sessão, desta vez com o filme “Viagem a Portugal”, contando com a presença do realizador, Sérgio Tréfaut.
É decidida e assumidamente um filme político, que incide sobre os procedimentos do controle de estrangeiros nos aeroportos portugueses, e que se baseia numa história verídica. Maria é uma ucraniana que vem passar o ano a Portugal, onde a espera o seu marido, senegalês, que se encontra a trabalhar nas obras da Expo’98. E aí desenrola-se todo o penoso e humilhante processo de interrogatório, suspeição e detenção…
Como afirma o próprio realizador, trata-se de um filme “alternativo, experimental e baseado numa história real”. Acrescento que imprimiu uma sobriedade e modernidade à história, num filme a preto e branco, onde os contrastes ajudam à intensidade do filme, assim como a utilização da repetição de diálogos de vários ângulos e separadores monocromáticos, tudo em prol de uma dramaticidade, que se exigia perante tão sensível temática.
Este filme já arrecadou alguns prémios, como a Taiga de Ouro no festival “Spirit of Fire”, na Rússia, destinado a primeiras obras, ou no Faial Film Fest (Prémio do Público) e ainda nos Caminhos do Cinema Português (melhor longa-metragem e melhor atriz secundária). Aliás, as duas interpretações femininas são sublimes, com Maria de Medeiros a interpretar a jovem ucraniana e Isabel Ruth a inspetora do SEF que a interroga.
“Viagem a Portugal” é a primeira experiência de ficção de Sérgio Tréfaut, um dos maiores nomes no cinema documental português, com os filmes “Lisboetas” e “Cidade dos Mortos”, e pelo seu trabalho desenvolvido no festival DocLisboa. Foi talvez o primeiro realizador de documentários a ter filmes com vários milhares de espetadores em salas de cinema em Portugal (e no estrangeiro).
Mas Tréfaut é também um militante de causas, principalmente relacionadas com movimentos migratórios, tema recorrente no seu trabalho, assumindo-se como um ativista dos direitos dos emigrantes. Neste filme fomenta nitidamente o debate sobre o funcionamento da polícia, dos serviços de estrangeiros e da sociedade civil em geral, onde milhares de cidadãos são interrogados à saída dos aviões, e centenas são recambiados para os seus países de origem – e não são criminosos nem traficantes, mas sofrem na pele a humilhação e violência psicológica que todo esse processo representa.

PS. Adoro recordar... (não que já me tivesse esquecido!)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Cohen Forever!

No Country For Old Men (2007)

Outra inevitável referência aos irmãos Cohen, com este apoteótico Este País Não é Para Velhos (tradução à letra discutível...), de 2007, e em cima de um texto de Cormac McCarthy - tanta criatividade, qualidade e introspecção humana pela simplicidade - até irrita!

Com esta base brutal, adicionando as performances de Tommy Lee Jones, Javier Bardem e Josh Brolin, acabou por ser um dos filmes mais premiados do ano, sacando inclusive o almejado Óscar de Melhor Filme, Melhor Argumento Adaptado e Melhor Ator Secundário (Bardem).

Até nas bilheteiras se deram bem, sendo o seu filme mais rentável (até o True Grit de 2010), passando a estar integrado em várias listas como um dos grandes filmes da história do cinema e recebendo críticas muito favoráveis dos principais intervenientes da área nos Estados Unidos e Europa.

A história é mais um acaso à Cohen, com um xerife reformado, muito dinheiro e uma tremenda perseguição pelo deserto texano - e assim se faz um grande filme...

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Gélida St. Vincent

St. Vincent - Strange Mercy (2011)

Terceiro álbum da deliciosa St. Vincet, pela 4AD, já atingindo um sucesso considerável a nível comercial.
Canções emocionais e genuínas, com uma guitarra a complementar a voz, onde uma leveza disfarça pesados sentimentos.
É um disco todo muito igual, poderemos dizer, mas como é todo bom, consola!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Kafka 101

Franz Kafka - A Metamorfose (1915)

Outro daqueles livros iniciáticos a uma visão de que existem várias visões... mesmo não sendo o principal trabalho de Kafka, acaba por ser o mais conhecido, quer pela macabra transformação, quer pelo horror que essa possibilidade pode trazer.

Escrita no início do século XX (1912), tornou-se seminal na área dos trabalhos de ficção, sendo alvo de múltiplos estudos e utilizada como referência.

Mas é "apenas" a breve história de um vendedor ambulante que acorda transformado (metamorfosado...) num grande inseto, algo tipo baratita, algo que nunca chegamos bem a perceber porquê, desenvolvendo o essencial da novela em torno das preocupações que o principal personagem causa aos pais e à adaptação à sua nova realidade - não há nada a fazer...

Seminal, de facto, mas iniciático.