quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Na Rua ou Em Casa - Daniel Buren





 
Há já várias décadas que Daniel Buren nos vem agraciando com o seu experimentalismo, sobretudo em arte de rua, com base num certo minimalismo abstracto (...).

Excêntrico, colorido, simples.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Jim Jarmush, Bill Murray & Broken Flowers

Broken Flowers (2005)

Mais uma comédia "intelectual" de Jim Jarmush, onde o fio condutor liderado pelo homem da moda do género, Bill Murray, nos leva a uma viagem pelas relações entre homens e mulheres, crise de meia-idade e busca por um possível filho...

O elenco conta ainda com a presença de Sharon Stone, Jessica Lange, Tilda Swinton e Chloë Sevigny, entre outros, muito bem escolhidos e enquadrados.

Acabou por ganhar o Grande Prémio em Cannes, depois de uma calorosa receção pela crítica especializada, assim como a representação de Murray foi fortemente referenciada em inúmeros festivais e revistas.

Muito trágico/cómico divertido.


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O Maravilhoso Caos de James Gleick

James Gleick, Caos - A Criação de uma Nova Ciência (1987)

Outro daqueles livros que pareciam um monstro de leitura obrigatório com fins académicos, mas que acabou por ser tão revelador e esclarecedor da nossa dimensão... mínima!

Gleick explora aqui os atuais princípios básicos da sua teoria do caos, hoje fortemente desenvolvida e divulgada, tendo sido finalista com esta obra do National Book Award, Pullitzer Prize e Science Book Prize.

Este foi o primeiro livro que se tornou popular ao abordar uma teoria muito complexa, desconhecida e de ruptura, com conceitos matemáticos complexos - extremamente complexos para quem não percebia nada como eu... (e continuo sem perceber). 

Mas ao percorrermos os vários exemplos e contributos, de cientistas de várias áreas, percebemos a veracidade dos seus cálculos e esforços em comprovar o que defendem.

Basicamente, uma obra pesada, principalmente para quem é de ciências sociais, mas que deixa uma forte imagem no nosso espírito, basilar para a compreensão de todos os fenómenos naturais (e culturais?) do planeta: o bater das asas de uma borboleta em Tóquio altera de certeza o clima em Los Angeles...

Fundamental!


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Tune-Yards, a brincar se dizem as verdades...

Tune-Yards - Whokill (2011)

Este trabalho dos criativos Tune-Yards tem um cariz experimental muito bem conseguido, onde não é apenas "música diferente", mas sim divertido, fresco e com qualidade, cobrindo uma variedade enorme de estilos e géneros musicais, do punk ao jazz e do folk ao funk.

Com uma forte mensagem social de revolta contra a injustiça e crueldade humana, principalmente no que diz respeito às questões em torno do género, classe social e racismo, sem ser obviamente um êxito comercial nos conservadores Estados Unidos da América, conseguiu uma excelente crítica nos meios da especialidade, atingindo várias listas e revistas de interesse, incluindo algumas nomeações para disco do ano (2011).

Mas é experimental e divertido...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Cohen & Cohen - Fargo (1996)

Fargo (1996)

Um dos mais marcantes filmes de uma geração, fortemente influenciada pelo trabalho dos irmãos Cohen, onde a simplicidade da história pode e deve chocar com a complexidade dos personagens, tornando assim o próprio enredo profundo.

Se a isso juntarmos um conjunto de atores que os Cohen (felizmente) cismam em utilizar, como Frances McDormand (a chefe de polícia grávida) ou William H. Macy (vendedor de carros que manda raptar a mulher), temos uma incrível comédia negra, inteligente, acolhedora e intensa.

Além de atingir um público tendencialmente mais exigente (que o estritamente comercial), o filme foi também um sucesso nos tradicionais prémios cinematográficos, com dois Óscares, um BAFTA e melhor realização em Cannes para Joel Cohen, assim como outros prémios em festivais e eventos.

Devido à sua importância cultural, de cariz estético e histórico, foi integrado no Registo Nacional do Cinema dos Estados Unidos (tipo Hall of Fame, mas mais sério...).

Grande Filme!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

The Album Leaf - mais introspecção...


​The Album Leaf​ - ​In a Safe Place (2004​)

Aqui está um daqueles projetos que admiro muito, mas que infelizmente tem pouca ou nenhuma divulgação. Também é um género introspetivo, pouco comercial e nada dançável, talvez alguns dos motivos do desconhecimento... mas é muita bom!

Projeto já com 15 anos, trata-se do produto da criatividade de Jimmy LaValle, da banda norte-americana Tristeza, com inspirações na música clássica, jazz e no riquíssimo pós-rock, numa postura ecléctica, misturando esses sons com ruídos, transmissões de rádio, etc...

Cedo deu nas vistas no mundo particularmente artístico do pós-rock, abrindo concertos para bandas como os Sigur Rós (que foi aliás como o conheci...). Em 2004 produz então In A Safe Place, no mesmo estúdio da banda islandesa referida e editado pela Sub Pop. Já gravou mais três álbuns entretanto, mas a minha preferência vai para este trabalho.

É um disco meditativo, profundo, que mesmo podendo parecer repetitivo em certas ocasiões, leva-nos certamente à introspeção, num onda de emoções que termina num grande vazio - relaxante (?).

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Pelo Tempo: "A angústia humana através do cinema" (2012-03-03)

Começou bem o ciclo de filmes organizado pela Associação Cultural Burra de Milho, intitulado “Amostra-me Cinema Português”, na passada quarta-feira, no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo. Com este ciclo pretende-se ao longo do ano exibir um filme português por mês, sempre a uma quarta-feira, dando a conhecer o excelente trabalho que se tem feito em Portugal nesta área.
Numa época em que temos de promover o que é nosso e desenvolver o máximo possível de áreas de crescimento, o cinema encontra-se de facto numa onda positiva, com vários prémios internacionais para realizadores portugueses, como o caso do filme desta quarta-feira, “Angst”, de Graça Castanheira. Depois de ter sido premiado no CineEco 2011 e no Cineport 2011, este documentário foi premiado no Festival Cinemed 2011, Festival Internacional de Montpellier (França).
É um filme muito intimista, onde nos é transmitida a opinião sentida da realizadora, sobre o papel do Homem no planeta, com base em clássicos grandes planos de poderosas imagens, aliadas a uma narrativa consistente, de cariz filosófico sobre a actual e futura situação da humanidade.
As grandes preocupações partilhadas pela realizadora são a sobrepopulação do planeta e o risco do esgotamento das energias fósseis, assim como do próprio espaço para vivermos em sociedade como a entendemos. No entanto, afirmou que gostaria de viver no século XXII, talvez por acreditar que nos vamos “safar” desta e ter curiosidade de ver como isso acontecerá.
O título do filme baseia-se numa curiosa palavra alemã, “Angst”, que significa medo ou ansiedade, nomeadamente um conflito intenso e interno. A filosofia, mais especificamente na sua corrente do existencialismo, utiliza o termo para descrever uma profunda condição de insegurança e medo por parte do ser humano livre, tendo como principal referência o filósofo Kierkegaard. Ou seja, o medo de falhar perante Deus, seja em sentido religioso, ou figurado.
Foi talvez para combater esse medo que Graça Castanheira realizou este filme. Nascida em 1962, em Angola, é uma das referências actuais do cinema documental em Portugal. Formou-se em Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde é actualmente professora, assim como na Restart – Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias.
Já recebeu vários prémios ao longo da sua carreira, que conta com 10 filmes, e fez parte do grupo fundador da Associação pelo Documentário, que promove o festival DocLisboa. Desde 2008 que tema sua própria produtora, a Pop Filmes.
De realçar que após a exibição do filme, a realizadora esteve presente no Centro Cultural de Angra, disponível para uma breve conversa e troca de impressões com o público presente (cerca de 50 pessoas), onde se mostrou simpática, agradecida e convicta da mensagem do seu filme.
Ficou bem patente a intenção e mensagem por parte da Associação Cultural Burra de Milho, ou seja, fazer as pessoas verem cinema português, e "verem" que é de facto um bom cinema.

PS. Nos primórdios do Amostram'isse...

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O Outro Lado da Lua

​M​oon (2009)

Filme de estreia de Duncan Jones (auspiciosa...), este exercício de ficção científica aborda questões profundas da humanidade, muito mais que naves e extraterrestres (não é que não goste...).

O filme vive da representação de Sam Rockwell, um astronauta que se encontra a viver sozinho numa missão mineira na Lua, à cerca de três anos, assim como da voz de Kevin Spacey, que dá vida ao computador que acompanha as actividades diárias do astronauta/mineiro.

Ao longo do filme explora-se a paranóia e perturbação que Sam Rockwell vai sentido ao chegar ao término do seu contrato, sem qualquer contacto recente com a terra e a sua família, e abalado por um acidente que vai quebrar com todo o seu isolamento...

Bom e intenso.