terça-feira, 15 de abril de 2014

A Construção de um Mito - Um Profeta, de Jacques Audiard...

Un Prophète (2009)

Este "filme de cadeia", do realizador Jacques Audiard, é um interessante projeto de 2009, e que conta como principal ator o magnífico Tahar Rahim, um prisioneiro de origem argelina, condenado a seis anos, analfabeto e com apenas 19 anos.

Frágil, passa por intensos e violentos momentos, que o faz perceber que tem que cair no gosto dos mais poderosos, aproximando-se de um gang de prisioneiros corsos, que dominam a prisão.

Entre a sobrevivência, a aprendizagem e a estratégia, o filme leva-nos pelo percurso de um francês de origem árabe, olhado de lado pela sociedade, aliado ao estereótipo de criminoso, o que se configura algo mais profundo após esta visão de Audiard...

O filme teve uma receção muito positiva, quer ao nível de público, quer ao nível da crítica, na Europa e nos Estados Unidos, e no que diz respeito a prémios e nomeações, é de referir a nomeação melhor filme de língua estrangeira nos Óscares de 2010 e o Grande Prémio no Festival de Cannes de 2009, entre outros.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Coltrane!

John Coltrane - Blue Train (1957)

Um dos primeiros trabalhos de Coltrane a solo, mas também um dos mais marcantes, gravado em 1957, com quase todas as músicas da sua autoria (à exceção de uma). Destaque óbvio para a faixa que dá o título ao álbum, ainda hoje um clássico do jazz.
É um disco que ainda hoje em dia é extremamente popular, tendo sido já reeditado várias vezes, inclusivamente com todas as faixas remasterizadas por vários formatos, sempre da mais avançada tecnologia que se conhece - o objetivo é manter viva a qualidade, com o melhor da tecnologia.
Grande disco!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Pelo Tempo: "Fernando Lopes: a luta continua" (2012-06-05)

Já se sabe que quando alguém morre, surgem logo a falar bem do seu trabalho, da sua personalidade, da boa pessoa que era… e foi o que sucedeu com o desaparecimento de Fernando Lopes, um dos grandes realizadores portugueses, também conhecido pela sua paixão, sinceridade, ser um bon vivant e um amante de Lisboa.
Fernando Lopes estudou Realização de Cinema no London Film School em 1959, enquanto trabalhava na RTP. Após o seu regresso a Portugal, filma algumas curta-metragens documentais e de ficção, e com a sua primeira longa-metragem, cria um mito, com o documentário Belarmino (1964). Considerado um dos principais trabalhos do Novo Cinema português, movimento vanguardista que rompeu com a ideologia do Estado Novo vigente na época, juntamente com António Pedro Vasconcelos, José Fonseca e Costa e outros.
O filme segue a vida de um pugilista português, Belarmino, numa ótica neo-realista, com nítidas preocupações sociais, num cinema direto e com recurso à entrevista. Juntamente com Uma Abelha na Chuva (1971) e O Delfim (2002) são as suas obras mais marcantes e conhecidas do público português.
Publicamente reconhecido pelos seus pares, talvez o melhor prémio de uma vida dedicada à promoção e defesa da ética no cinema, tornou-se uma figura conhecida e acarinhada do público português, tendo sido ainda fundador e diretor da RTP2 e professor universitário.
O seu mais recente filme, Em Câmara Lenta (2012), estreou em Março deste ano, e seria já uma antecipação da sua partida, uma despedida triste, em contraponto com tanta felicidade que colocou nos seus filmes. Trata-se de um filme sobre o revisitar da vida de um homem, com os inevitáveis “quem sou eu” e “como vivi a minha vida”.
Mas Fernando Lopes era também um ativista atento às causas do cinema, e geralmente queixava-se dos meios de produção em Portugal, dizendo mesmo ser necessária uma “Nova Vaga”, facilitando os meios para se fazer cinema.
E esse espírito de luta em defesa do cinema continuará, como tem vindo a ser noticiado, pelo facto de um grupo de realizadores e produtores nacionais se terem reunido no Cinema São Jorge, a exigirem ser recebidos pelo Primeiro-ministro, com vista a que seja cumprido o prazo de aprovação da nova Lei do Cinema. Isto tudo na mesma altura em que o filme de Gonçalo Tocha sobre a ilha do Corvo (a exibir brevemente em Angra e Praia), ganhou mais um prémio, desta vez no Festival de São Francisco.
O cinema português vive um momento de reconhecimento internacional, que deve ser capitalizado, mas infelizmente isso não significa que existam grandes expectativas para o futuro. Com o ICA (Instituto de Cinema e Audiovisuais) praticamente falido, e muitos profissionais do sector sem receberem os apoios já concedidos, o cinema encontra-se parado.
Bem sei que em altura de crise a arte e a cultura podem não ser o que mais interessa, mas se pensarmos bem, e relembrando uma máxima de Winston Churchill, se não lutarmos pela nossa cultura, então lutamos porquê?

quarta-feira, 2 de abril de 2014

DESTAQUE


“Percursos” de Maria Ana Simões (CCCAH)
Um pretexto para refletir sobre o ato criativo e solitário do artista

Exposição patente no Foyer do CCCAH - 4 de Abril a 16 de Junho!

terça-feira, 1 de abril de 2014

Não Falha - Nanni Moretti!

Caro Diario (1993)

Comigo qualquer Moretti funciona, tenho que admitir, mas "Caro Diario ("Querido Diário" em PT) é um dos meus favoritos. Realizado em 1993, trata-se de um registo semi-autobiográfico, bastante original, bem construído e com uma piada negra como só Moretti consegue fazer.
Com o realizador também como ator principal (habitué), o filme consiste em três capítulos de um diário.

O primeiro capítulo é dedicado à sua Vespa (moto), onde deambula filosoficamente pelos bairros de Roma, a sua cidade, e com várias referências ao cinema norte-americano.
O segundo capítulo acompanha Moretti numa viagem às ilhas Aeolian de barco, em busca de um retiro filosófico, saltando de ilha em ilha, até à mais remota de todas, de onde regressa à "civilização".
O terceiro, último e mais enternecedor capítulo, narra o difícil diagnóstico de um tumor nos pulmões, que afetou Moretti na realidade.

Todas estas deliciosas etapas levaram a que o filme tivesse uma excelente receção, ganhando ainda o prémio de melhor realizador em Cannes (1994), assim como outras referências várias.

Muito Bom!