quarta-feira, 27 de junho de 2012

BemVisto: Nos Idos de Março (tradução PT...)

The Ides of March (2011)

Outro projeto interessante de George Clooney, que visita as profundezas da ambição humana nos frenéticos últimos dias que antecedem as fortemente disputadas eleições primárias no esta norte-americano de Ohio, com vista às eleições presidenciais, quando um ambicioso assessor de imprensa se vê envolvido num escândalo político que ameaça a possibilidade de ascensão à presidência do candidato que representa.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Leituras: As Loucuras de Paul Auster

Paul Auster - As Loucuras de Brooklyn (2006)

Tendo como pano de fundo as polémicas eleições americanas de 2000, As Loucuras de Brooklyn conta-nos a história de Nathan e do seu sobrinho Tom. Divorciado e afastado da sua única filha, Nathan procura apenas a solidão e o anonimato. Por seu lado, o atormentado Tom está a fugir da sua em tempos promissora carreira académica e da vida em geral. Acidentalmente, acabam ambos a viver no mesmo subúrbio de Brooklyn, e juntos descobrem inesperadamente uma comunidade que pulsa de vida e oferece uma súbita e imprevisível possibilidade de redenção.
Sob a égide de Walt Whitman, desfila neste livro toda a dimensão e multiplicidade de Brooklyn: os personagens típicos de bairro, drag queens, intelectuais frustrados, empregadas de cafés decadentes, a burguesia urbana, tudo isto sob o olhar ternurento que Auster lança da mítica ponte de Brooklyn, sem contudo deixar de orquestrar romances improváveis e diálogos hilariantes, e considerar experiências tão extremas como o casamento entre uma actriz pornográfica e um fanático religioso.
As Loucuras de Brooklyn é o mais caloroso e exuberante romance de Paul Auster, um hino inesquecível às glórias e mistérios da vida comum.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pelo Tempo: "A Televisão Portuguesa de Todos Nós" (2011-03-16)


Confirmando-se todo este cenário de transferências entre canais de televisão, públicos e privados, o mercado do futebol acabou de encontrar com quem competir pelo ridículo dos valores envolvidos… ok, ainda temos os gestores públicos, mas isso exige outra abordagem.
Este momento em particular, que é reflexo de uma longa evolução do poder da televisão, tem o seu início com o regresso de Pais do Amaral à ribalta da comunicação, ao adquirir 10% da Media Capital, empresa detentora da TVI.
O absurdo começa desde logo pelo valor pago: 35 milhões de euros! Não digo que não seja o verdadeiro valor de mercado, ou que até se venha a tornar num excelente investimento para Pais do Amaral, o que impressiona é o valor envolvido perante este cenário de crise e de dificuldades a longo prazo em que a sociedade portuguesa se encontra.
Voltando do negócio em si, começou pela reestruturação da administração, pois é necessário colocar pessoas que salvaguardem um investimento dessa monta. De seguida, e após a anunciada demissão de Júlio Magalhães, que tal roubar a direção de informação do canal público, a RTP.
Falamos nada menos, nada mais do que José Alberto Carvalho e Judite Sousa, esta última funcionária da casa há 30 anos! Mas além destes, parece que o convite se estendeu ainda a outros elementos menos colunáveis, mas de extrema valia, e que em princípio seguirão os passos dos seus superiores. Será que existe um medo real de o canal público baixar os ordenados?
Segundo um recente estudo da Eurodata TV Worldwide, chegou-se à conclusão de que cada cidadão europeu assiste a mais de 3 horas diárias de televisão por dia! É um valor que tem vindo a crescer alguns minutos por ano, e essa será mesmo a tendência para os tempos próximos.
Este chamado “prime-time” ou “horário nobre” é de facto o motor financeiro de uma indústria que vive das audiências e da fidelização, onde não se procura apresentar a melhor programação possível, mas sim a que cative mais telespectadores.
Não existem dúvidas, quer estatísticas, quer académicas: a televisão é a mais poderosa arma cultural do mundo contemporâneo! É quem rege as tendências; é quem cria e protege/ataca os líderes políticos, é no fundo, quem mais nos influencia sobre uma visão do mundo, podendo mesmo influenciar a construção da nossa personalidade!
Três horas por dia é um poder imenso, e está nas mãos de empresas e profissionais que criaram um grupo muito fechado, onde se entra através de cunhas e parentescos. Nesse mundo, e a partir do aparecimento dos canais privados e da proliferação das licenciaturas em ciências da comunicação, também existem bons profissionais e com capacidades que se destacam, mas provavelmente são uma minoria e trabalham por detrás das câmaras.
Sem querer ofender ninguém, pois porque provavelmente se me oferecessem um cargo desses aceitava (numa certa altura…), é fácil referir alguns nomes da televisão portuguesa que representam esse universo negativo descrito até agora, como Serenela Andrade, Fátima Lopes, Manuela Moura Guedes, Júlia Pinheiro, Catarina Furtado ou Bárbara Guimarães, para não mencionar outros, muitos outros.
Além da qualidade duvidosa ou nula de algumas dessas individualidades, ainda temos os valores que recebem: outro choque perante os verdadeiros valores morais que deveríamos promover, por exemplo, e segundo o que tem vindo a público em alguns jornais: Manuel Luís Goucha – 40 mil euros; Fátima Lopes – 35 mil euros; Júlia Pinheiro – 25 mil euros!
Se nos canais privados, as opções são “mais” direcionadas para o mercado, já na vertente pública a abordagem deveria ser muito diferente, mas não o é: Catarina Furtado – 25 mil euros; Fernando Mendes – 21 mil euros; José Carlos Malato – 20 mil euros; José Alberto Carvalho, José Rodrigues dos Santos e Judite de Sousa – 15 mil euros cada!
Não existe maneira de não concluir essas frases com ponto de exclamação! Como disse Woody Allen, “A vida não imita a arte; imita a má televisão”.

PS. Um Ano e Tal depois, a saga, obviamente, continua...

quinta-feira, 21 de junho de 2012

OuVido: Mazzy Star

Mazzy Star - So Tonight That I Might See (1993)

Este é o segundo álbum da mítica banda norte-americana Mazzy Star, de 1993, que marcou a definição do conceito "dream pop", tornando-se num dos discos mais representativos dos anos 90, dentro da história musical.
Sendo uma banda "de culto", este trabalho até teve algum sucesso comercial, num duo composto por Hope Sandoval e David Roback - criativos até dizer chega! Cruzamos o folk, country e rock, sempre envoltos em mistério, num ambiente quente e calmo, muito lento...
Para alguns críticos musicais da cena mais alternativa norte-americana, consideram mesmo os Mazzy Star os naturais percursores pós-punk do movimento iniciado pelo Doors, Jefferson Airplane ou os Grateful Dead (todos mais rocalhadas psicadélicas, mas evolução é isso mesmo...).

PS. 15 de julho no Optimus Alive!


terça-feira, 19 de junho de 2012

OuVisto: a aventura de Kubrik no espaço

2001: A Space Odyssey (1968)

Nesta viagem de Stanley Kubrik até ao passado pré-histórico da humanidade, onde acabamos num espaço colonizado pelo homem, fortemente perturbada por HAL 9000, um supercomputador ciumento e desconfiado... pensamos obrigatoriamente em quase tudo!
Já muito foi dito deste filme, do dilema interno humano ao perigo dos computadores. Foi certamente um dos filmes que mais me marcou!

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Vasconcelos em Grande (que é como dizer Versailles...)

Joana Vasconcelos - Gardes (2012)

Joana Vasconcelos - Lilicoptère (2012)

Joana Vasconcelos - Vitrail (2012)


Este ano, é Joana Vasconcelos que representa a arte contemporânea em Versalhes. Depois do americano Jeff Koons, do japonês Takashi Murakami, dos franceses Xavier Veilhan e Bernar Venet, ela é primeira mulher e, também, a mais jovem artista a medir-se com a referência histórica absoluta que é Versalhes.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

OuVido: escutar a consciência com os The Bastard Fairies

The Bastard Fairies - Memento Mori (2007)

Este primeiro trabalho dos The Bastard Fairies augura-lhes um caminho interessante: foi lançado gratuitamente, seguindo-se o lançamento em CD e com bónus, que mesmo assim teve boa venda para um primeiro trabalho de uma banda independente (no meio de tantas outras...).
Depois, este duo é tão mordaz e tão pouco convencional, na lógica do saboroso politicamente incorrecto, que enquanto se mantiverem independentes será de aproveitar o seu sentido crítico.
São várias as canções, novamente saborosas, pela intensidade dos temas e pela irónica leveza do acompanhamento musical. Vale mesmo a pena ouvir com alguma atenção...

terça-feira, 12 de junho de 2012

OuVisto: "De Jueves a Domingo". Pura sensibilidade chilena...

De Jueves a Domingo (2012)

Esta primeira longa-metragem da realizadora chilena Dominga Sotomayor foi a grande vencedora do IndieLisboa 2012, que tive a oportunidade de assistir no passado mês de maio na extensão em Angra do Heroísmo. Trata-se de uma co-produção chilena e holandesa, que aborda um fim-de-semana familiar, numa aparentemente tranquila viagem de carro.
Rapidamente nos apercebemos que algo se passa entre os pais, sentados na frente do carro, e os dois filhos, atrás. Com alguma tensão subtil, vamos percebendo uma dor secreta que todos os intervenientes parecem sentir, ou que irão sentir.
De destacar as paisagens e o grande sentido de contemplação e sensibilidade necessários para captar a verdadeira essência e mensagem do filme. Gostei.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Pelo Tempo: "O regresso à luta" (2011-03-08)

Foi com rasgos de saudosismo que assisti no passado sábado ao Festival RTP da Canção, em ambiente familiar, após uma magnífica refeição. Acho que é mesmo suposto ser assim.
Este que já foi um evento aglutinador de toda a população portuguesa com acesso à televisão, vem desde 1964 a criar músicas populares de sucesso, assim como lançando carreiras artísticas de muito sucesso comercial. 
Com o objectivo de escolher o representante da televisão pública portuguesa para participar no Festival Eurovisão da Canção, já passou por vários formatos e por vários momentos de sucesso e desgraça.
Em tempos que a palavra Europa tinha outro significado, tinha outra distância, escolher alguém para representar o pequenino e esquecido Portugal era de facto um momento ilustre. O peso deste festival, como de outros momentos da televisão portuguesa, é hoje em dia difícil de compreender pelas gerações mais novas, tendo atingido o seu auge numa época sem televisão por cabo, internet e outras ferramentas de comunicação e entretenimento contemporâneas.
Vários cantores marcaram diferentes gerações de portugueses, como o exemplo de Simone Oliveira e Carlos Mendes nos anos 60 e 70, Carlos Paião, José Cid e as Doce nos anos 80, e mais recentemente Sara Tavares e Lúcia Moniz, nos anos 90, esta última com a melhor classificação de sempre, o 6º lugar!
Se já seria difícil justificar a continuação do festival nos anos 90, ainda algumas canções de sucesso surgiram, o que não aconteceu nos últimos anos, tendo o próprio formato do concurso lutado pela sua modernização, o que não aconteceu. Até sábado passado!
Com 12 canções a concurso, o modelo este ano seguia a habitual votação dos 18 distritos continentais mais Açores e Madeira, pontuando de 1 a 12, o que correspondia a 50% da classificação. Terminada essa votação, a restante pontuação veio literalmente do “povo”, pois foi recolhida na base do televoto, dando a vitória, com 26%, a quem menos as pessoas esperavam: os Homens da Luta!
Então, lá vão eles representar Portugal a Düsseldorf, na Alemanha, com uma cantiga e uma postura “contra a reacção”, intitulada “Luta é Alegria”. O público presente no Teatro Camões não gostou. Os bloguistas fãs do Festival da Canção não gostaram. Muitas pessoas acham que vão denegrir a imagem de Portugal… Mas não foi o “povo” que votou?
É de realçar que o segundo classificado pela votação telefónica foi Rui Andrade, com apenas 12% dos votos! É uma grande vitória! É também obviamente uma vitória da juventude, da rebeldia e da irreverência.
Por outro lado, alguns votos podem também ter vindo de gerações mais velhas, que já não compreendem a necessidade da existência de um festival deste género ou ainda de um grupo da população que simplesmente gostou do ar “festivaleiro” que os Homens da Luta tiveram em palco.
Mesmo com todos estes contornos de democracia e liberdade, metade da plateia abandonou o teatro, e muitos dos que ficaram assobiaram e apuparam os vencedores. Não foi bonito…
A canção vencedora tem letra de Jel e música de Vasco Duarte, mais conhecidos por Neto e Falâncio, enquanto personagens dos “Homens da Luta”, onde brincam com o conceito de música de intervenção, caricaturando um tempo que se identifica com esse estilo, os anos 70 e o 25 de Abril.
Mas, desde quase sempre, a brincar se diz a verdade, e é este o caso aqui, como se viu na atribuição do prémio de canção vencedora, onde Vasco Duarte afirmou: “A música dos Homens da Luta é dedicada ao povo. E àqueles que estão desempregados e passam mal no nosso país.”
A luta continua, de facto, numa nova linguagem, onde a ironia e a irreverência continuam a ter força.



sexta-feira, 8 de junho de 2012

OuVido e ReOuVido: A Melhor Voz do Mundo!

Nusrat Fateh Ali Khan - Mustt Mustt (1990)

Esta é uma daquelas referências musicais que merecia muito mais, no mínimo um artigo, no lógico, uma série de artigos transversais a todos os temas que abrange. Assim é o trabalho do magnífico cantor paquistanês Nusrat Fateh Ali Khan - o nome de início assusta, mas depois de o ouvir, valerá a pena...
Este álbum foi o primeiro de verdadeira fusão entre o cântico original de Ali Khan com o virtuoso guitarrista e produtor Michael Brook, com base numa sugestão de Peter Gabriel, que acabou por editar o disco. A música "Mustt Mustt", que dá o nome ao álbum, foi posteriormente gravada e misturada pelos Massive Attack, sendo o primeiro hit em Inglaterra cantado em Urdu (idioma nacional do Paquistão). Aliás, foi nomeado por várias revistas um dos melhores trabalhos dos anos 90, assim como considerado um ponto de viragem importante na inclusão de música oriental nos trabalhos electrónicos de fusão, e não só.
Nusrat Fateh Ali Khan faleceu prematuramente, em 1997, gozando já de grande reconhecimento internacional, mas não deixava de ser um simples cantor de Qawwali, o canto religioso dos Sufi, uma das vertentes do Islão. É considerado um dos maiores cantores já gravados, possuindo um alcance vocal até seis oitavas, numa performance de grande intensidade e que podia durar horas, imprimindo um registo quase de transe.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Optimus Primavera Sound: O Que É Isto?

É a primeira extensão do famoso festival Primavera Sound, que se realiza em Barcelona desde 2001, tendo escolhido a "congénere" portuguesa, a cidade do Porto, que nos próximos dias receberá talvez o melhor festival de sempre em Portugal. Além de uma postura diferente de outros festivais (e são muitos atualmente), concretiza ideias inovadoras, espaços para descanso, e fazem algo muito importante: escolhem excelentes músicos!
Obviamente com o apoio da organização catalã, reúnem um conjunto de artistas, nacionais e internacionais, que provavelmente cairiam nas típicas categorias de "indie" ou alternativo, mas que basicamente são excelentes músicos, criativos e originais, sendo que alguns deles depois darão o "salto" para o mainstream e ficarão milionários graças à sua criatividade e coerência...
O festival fica certamente mais barato de organizar (ao nível de cachets), o que pode não corresponder a uma compra de bilhetes em massa, por sermos um país com pouca cultura musical - mas tenho esperança!
Agora, o pior/melhor é ver os nomes das bandas que irão estar presentes: por mais orgulhoso que fique de estarem todas reunidas num mesmo espaço, e em Portugal, a pena de não poder estar presente é enorme.
Para mim, seria histórico assistir, e ainda por cima no mesmo evento, aos Flaming Lips e aos Yo La Tengo, referências desde a minha adolescência... Mas entre muitos mais, tenho que obviamente destacar:


- Beach House (US)   - Linda Martini (PT)
- M83 (FR)                 - Mercury Rev (US)
- Saint Etienne (UK)  - The Flaming Lips (US)
- The Rapture (US)     - The Olivia Tremor Control (US)
- The Weeknd (CA)    - Death Cab For Cutie (US)
- The xx (UK)             - Kings Of Convenience (NO)
- Wilco (US)               - Rufus Wainwright and his Band (US)
- Yann Tiersen (FR)     - Yo La Tengo (US)


terça-feira, 5 de junho de 2012

OuVisto e ReVisto: Milk

Milk (2008)

Tocante filme, esta biografia de Harvey Milk, um ativista dos direitos da população gay dos Estados Unidos da América, nos anos 70, resultando num Óscar para melhor ator a Sean Penn, assim como para melhor argumento original - dois argumentos de peso...
Realizado por Gus Van Sant (Paranoyd Park e Elephant), como sempre, aborda os temas mais íntimos da humanidade, e sempre também da maneira mais crua, direta e por vezes austera.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

OuLido: Suart Blazer "AzorCryBaby"

Stuart Blazer - Aqua Firma (2011)

Este segundo trabalho de Stuart Blazer, lançado em Dezembro passado, numa edição conjunta do Teatrinho - Espaço de Criação, Associação Cultural Burra de Milho e Gavea-Brown Publications, capta a essência açoriana de uma maneira única - do espetador, o do "outro".
E que outro: Stuart é norte-americano, e já residiu em vários países, mas foram os Açores a permitir-lhe a criação deste interessante trabalho, enquanto residiu na região, trabalhando num bar e criando a sua pequena filha, juntamente com a sua mulher.
As saltitantes referências cómico-simbólicas do seu trabalho não tiram peso e qualidade ao texto. Parece brincar com elementos idiossincráticos da região, mas sem caricaturar, pelo contrário, transforma-os em elementos poéticos. 

Segue o exemplo:

"Vacadivinhas (for Terceira's sacred cows):"


Vaca da Gama
       Vacamões
Vacardi & Coke
       Drink of choice.
Vacacadabra!
       Vacalmoçar:
Vacamérica?
       Vacaçores!
Vacalhau,
       Vacananas,
Turf & surf
       In Cod we trust.
That's all for now
       Vaca com Deus
Thanks for reading this
       Vacautobiografia
It's a film we made together,
       Memorias de um gueixo.