quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Os dias custam (mesmo / nada) a passar...

Real Estate - Days (2011)

Outra banda recente norte-americana, numa onda Lo-Fi (tristes como cães, numa noite pesada, mas tudo se faz...), com um som contemporâneo, embora recheado de influências de várias décadas. Formados em 2008, apenas três anos depois atingem algum reconhecimento, precisamente com este álbum, e muito o devem à boa crítica na revista Pitchfork, referência da música independente e de autor nos EUA.
São melódicas canções à deriva, numa poética "low-profile", entrando no habitual problema deste tipo de bandas: se não ouvirmos bem as letras, apenas contamos com a emoção (bastante) e as músicas são todas muito parecidas.
No entanto, um bom disco.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Pelo Tempo: "RTP/Açores – Serviço Público de Qualidade?" (2011-09-02)


Surgem naturalmente as reações às declarações e propostas do governo português em relação à RTP/Açores, tentando resolver os elevados custos com a diminuição da “janela” de transmissão, a palavra do momento.
Com transmissão desde 1975, é assumidamente um canal regional, e como o próprio slogan indica, “A Nossa Televisão”, contribuiu ao longo dos anos para o fortalecimento do sentimento autonómico e para a preservação de uma identidade açoriana, conceito constantemente em discussão.
Atualmente transmite 24 horas por dia, embora entre as 00h00 e as 08h00 retransmite o canal EuroNews, que agora se revelou um negócio danoso. Durante o dia tem o formato típico de um canal generalista, com programas de informação, infantojuvenis, ficção nacional e estrangeira, documentários, etc.
Segundo dados de 2003, mais de 35% da programação da RTP/Açores é produzida na região, seguida de programas oriundos da RTP2 e com apenas 3% vindos da RTP1. De realçar que 85% dessa produção regional é oriunda da ilha de São Miguel.
Não consigo compreender porque transmite ficção estrangeira, sem duvidar da sua qualidade, mas não tem cabimento, a não ser que existam ainda muitos lares que só recebam RTP/Açores e a RTP1. Por outro lado, é de destacar a importância na transmissão de vários eventos de cariz diversificado, desde os jogos da equipa de hóquei da Candelária a concertos do AngraJazz.
Serviço público de televisão não será dar ao público o que ele quer ver – para isso existem os canais privados, que aliás dependem desse mesmo fator, pois precisam de audiência, com vista a captarem publicidade.
Assim, num serviço público não deveria haver lugar para transmissões desportivas de forte apelo comercial, concursos, reality shows e ficção internacional (telenovelas incluídas). Por outro lado, deveria incluir ficção nacional, programas dirigidos às minorias, documentários, programas experimentais e com preocupações estéticas, alguma programação com cariz infantil e juvenil, cinema de autor e de qualidade (nacional e estrangeiro), assim como alguns programas de informação (reportagens, debates ou noticiários).
Não parece difícil de definir, assumindo-se que de facto é uma programação que não atrai públicos em massa, mas sim que se preocupa em acrescentar algo à vida das pessoas, com um cariz pedagógico e informativo, por oposição ao vulgar.
O que leva à questão da necessidade de uma discussão pública em torno destes temas, numa perspetiva mais participativa da nossa democracia. Esse será talvez o grande tema subjacente a toda esta discussão.
Deverá haver uma programação 24 horas por dia? Deverá haver transmissão de conteúdos estrangeiros, nomeadamente ficção? Deverão os centros de produção manter o mesmo número de funcionários ou poderá recorrer-se a outsourcing? Poderá uma fusão com a RTP/Madeira ser uma solução “atlântica”? Deverá estar em cima da mesa uma inclusão na RTP/Internacional, com visibilidade na televisão por cabo?
São questões que obviamente deveriam ser discutidas, ou tidas em conta, como já foi proposto, na Assembleia Regional. Assim sendo, temos então um custo de 12 milhões de euros anuais, que poderá certamente ser reduzido com melhor gestão a vários níveis. Por outro lado, temos que saber atribuir um “preço” ao que será um bom serviço público.
É sereno considerar que a RTP/Açores tem feito um razoável serviço público, com algumas exceções, falhas de gestão e erros estruturais. Sem dúvida que é mais serviço público do que a RTP1, embora menos que a RTP2, na minha ótica, o melhor exemplo de serviço público nacional.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

MOSTRA LABJOVEM 2012

Com a Mostra na ilha Terceira, terminou mais um périplo do Labjovem 2011/2012, uma iniciativa da Direção Regional da Juventude, organizado pela Associação Cultural Burra de Milho, que teve o seu início com a fase de concurso no primeiro ano, seguido da análise e escolha dos selecionados, e neste ano a mostra dos trabalhos por todas as nove ilhas dos Açores.

Segue abaixo pequeno resumo da inauguração da mostra na Terceira, na Academia de Juventude e das Artes da Ilha Terceira, com a música Pecado, por Verónica Silva, um dos projectos seleccionados desta última edição. Para além da atuação desta jovem concorrente, ainda foi possível contar com a actuação dos October Flight, outro dos projectos seleccionados.



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Cozinhar é um estado de alma - Soul Kitchen

Soul Kitchen (2009)

Este bem humorado filme conta-nos a história de um restaurante alternativo grego na Alemanha dos nossos dias, onde após um período de crise, com a namorada longe, o dono do local entra em desespero. De um momento para o outro, num ambiente de anarquia, boa comida e música, o restaurante torna-se um local de culto...
Realizado pelo turco-alemão Fatih Akin, é baseado numa história verídica, de uma taverna que o próprio realizador frequentava, e estreou no Festival de Veneza, completando um circuito de presenças de outros filmes deste jovem realizador em festivais e prémios, como em Berlim, Cannes ou o European Film Awards.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Cão dos Ornatos!

Ornatos Violeta - Cão! (1997)

Neste momento parece que tudo já foi dito sobre os Ornatos Violeta, a viverem novo momento de fama. Este foi o seu primeiro álbum, de 1997, tendo vendido cerca de três mil cópias, e marcando o início do mito.
Origniários do Porto, e compostos pelos atualmente reconhecidos Manel Cruz (voz), Peixe (guitarra), Kinörm (bateria) e Elísio Donas (teclas), marcaram a cena alternativa da música portuguesa no fim dos anos 90. tendo apenas editado dois discos, separando-se em 2000.
Originaram outros projetos importantes e interessantes da atual música portuguesa, com destaque para os Pluto, Foge Foge Bandido e os Supernada, atualmente a apanhar a onda que restou dos concertos dos Coliseus.
Marcou uma geração, e esperemos que continue a influenciar outras...

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pelo Tempo: "Ana Vieira - Um Muro de Abrigo" (2011-09-01)


Ao receber, via facebook, o convite para a exibição do filme “Ana Vieira: e o que não é visto”, pelo 9500 Cine Clube, reavivei a minha memória em relação ao magnífico trabalho da artista “açoriana” Ana Vieira.
Estreado este ano, e realizado por Jorge Silva Melo, o filme surge após a exposição “Muros de Abrigo”, na Fundação Gulbenkian, e segue a artista durante mais de um ano, contando o processo da organização da exposição.
Tomei contacto com o trabalho de Ana Vieira pela primeira vez em 2004, com um projeto que ainda hoje me habita o pensamento, intitulado “Casa Desabitada”. Tratou-se de uma instalação múltipla numa casa desabitada e devoluta, na Rua Ivens, nº56, 3º esquerdo, Lisboa. Entre 8 de maio e 6 de junho de 2004, a lógica era a casa ter um aspeto de ser habitada, de acordo com a artista, enquanto o visitante sentia-se sempre um voyeur. Consistia de várias instalações sonoras e vídeo, como por exemplo, uma voz que dizia aos visitantes para saírem da casa, tipo voz de anúncio de aeroporto ou uma discussão entre marido e mulher. Ainda hoje é uma das memórias mais presentes que tenho de intervenções artísticas a que tenha assistido.
Ana Vieira nasceu em Coimbra, em 1940, e depois de passar a infância e adolescência em São Miguel, mudou-se para Lisboa com vista a estudar Pintura na Escola Superior de Belas Artes (1964).
O seu percurso não seria a pintura, mas sim a construção de espaços, sensações e emoções, como que num cenário ou simulação da realidade a três dimensões. Vivendo sempre em Lisboa, são muitos anos de trabalho e de uma carreira que penso não ter sido merecidamente reconhecida. Talvez seja apenas facciosismo açoriano, talvez seja “apenas” admiração por um trabalho poético e interventivo de qualidade!
Acabou por se estabelecer no terreno da instalação, termo sempre algo suspeito para quem anda mais distanciado da contemporaneidade, mas é o que melhor define o trabalho de Ana Vieira. Fez vários trabalhos na área da cenografia e construção de figurinos para teatro, assim com trabalhos em museus, onde estava sempre presente a manipulação de objetos tridimensionais, como em toda a sua poética obra.
No seu percurso já foi reconhecida diversas vezes, destacando-se a 1ª Bienal dos Açores e do Atlântico, o concurso Dyrup/Cidade de Lisboa, e o prémio da crítica portuguesa AICA/SEC. A Fundação de Serralves dedicou-lhe a sua primeira exposição antológica em 1998, e entre 2010 e 2011, o Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, em colaboração com o Museu Carlos Machado de Ponta Delgada, apresentaram a maior retrospetiva na carreira da artista plástica.
Encontra-se representada em coleções como das já referidas Centro de Arte Moderna e Fundação Serralves, Coleção Berardo, Musée Cantonal des Beaux-Arts (Suiça) e Fundação EDP, entre outras.
Mas foi a exposição “Muros de Abrigo” que a trouxe de volta, pelo menos à comunicação social, proporcionando-lhe alguma visibilidade merecida. Com curadoria de Paulo Pires do Vale, esteve patente na Gulbenkian entre janeiro e março de 2011, e tratou-se de uma visita ao vasto trabalho e poética de Ana Vieira, desde os anos 60 até ao presente.
O título refere-se à sua memória de infância, quando se dirigia para os muros de abrigo (para proteção da vinha) na quinta dos seus pais, em São Miguel, abrindo portas umas atrás das outras para lá chegar.
Aliás, as referências a muros, portas e janelas são recorrentes na obra de Ana Vieira, estando sempre presentes nos ambientes que cria. Pega em objetos simples, e confere-lhes uma estranheza e poder, que se tornam impertinentes, incomodativos até. E é isso um bom trabalho artístico, questionando, incomodando, ou como se diz recorrentemente nos Açores, inquietando!

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Jospeh Amaral - um bom regresso...








Joseph Amaral nasceu em São Miguel, e aos 6 anos emigrou para o Canadá, onde fez a sua formação e se estabeleceu profissionalmente. Agora regressou aos Açores,  onde recentemente expôs na Academia das Artes dos Açores.