quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Disco do Ano (2012)

Kendrick Lamar - Good_kid,_m.A.A.d_city (2012)

Este é um dos melhores discos do ano, aliás, terá mesmo sido o disco preferido na maioria das revistas e sites de música da Europa e Estados Unidos, e mesmo tendo obtido boas vendas, não estamos a falar de um êxito comercial ao nível de Aguilera ou Madonna.
Aliás, nos últimos anos tem sido comum a escolha do álbum do ano numa área musical que pode ser inserida entre o Hip-Hop, Rap e Songwriter/Soul, ou seja, muita poesia, com um ritmo sentido... como foi o caso de Jay-Z ou Kanye West, óbvias referências para Lamar, assim como Eminem e Tupac (mais crus, menos polidos).
Kendrick Lamar nasceu em 1987, e este é apenas o seu segundo álbum, mas o que tem qualidade destaca-se logo, e em todos os aspetos, senão vejamos a própria capa do disco, com uma "dureza" e realismo representativos de uma estética bastante contemporânea - bom gosto!
Com uma atmosfera recheada de ritmos suaves e subtis, suaves e melódicas vozes de segundo plano, sobrepondo-se às palavras, e ainda um piano de fundo que envolve toda a música com um toque muito inteligente, é um disco que demonstra uma maturidade incrível.
A nível de conteúdo, trata-se de uma narrativa (não linear) da adolescência do cantor, na sua terra natal, uma pequena cidade californiana, onde analisa os efeitos da comunidade nos seus amigos e família, abordando questões como a violência policial, os gangues ou a educação.
Isto não é "apenas Rap", este disco é uma grande peça artística, com uma contemporaneidade óbvia, sem elitismos nem escolas, apenas emoção!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Peças de Baltasar Pinheiro

Horizonte

Celebração (Do nascimento da minha filha Lua)

Pedra-Ilha

Algumas fotografias do atual trabalho de Baltasar Pinheiro, escultor terceirense a residir na Suécia, e a trabalhar profícua e criativamente. Abraço.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

As Viagens Simbólicas de Almeida Garrett

Almeida Garrett - Viagens na Minha Terra (1846)

Outro livro fundamental da minha formação inicial, como estudante e como pessoa.
Era leitura obrigatória no meu 12º ano, o que no centro da irreverência própria da idade, e sendo forçado era de desconfiar...
Chego à universidade, e logo no primeiro ano voltam-me a impingir a mesma obra, no que me parecia uma simples novela em torno de Carlos, Frei Dinis e Joaninha... Rapidamente me apercebi, enquadrado então noutro contexto que não apenas a literatura, da importância descritiva e etnográfica, misturando estilos e géneros, e de uma grande abrangência popular.
Vale também pela análise e crítica política e social do Portugal de então, assim como pela simbologia dos personagens, patente na dicotomia entre o absolutismo do Portugal Velho e um espírito renovador e liberal de um Portugal Novo, em direção a uma sociedade moderna.
Fulcral.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pelo Tempo: "Júlio Resende Afinal Não Morreu" (2011-09-23)


Tal pena ter sido este o motivo para escrever sobre tão brilhante e completo artista, um dos que ficará para a história da arte em Portugal – a morte de Júlio Resende. Como é óbvio, e reforçado pelo título, o seu trabalho perdurará, quer em acervos de muitos institutos e coleções, quer pelos vários exemplos de arte pública de grande qualidade e inovação que criou.
Nasceu no início do século XX, em 1917, no Porto, tendo-se diplomado em pintura em 1945, pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, e partindo depois em 1948 para Paris e Madrid, onde continuou a sua formação enquanto bolseiro do Instituto para a Alta Cultura.
Trabalhou ainda como ilustrador em jornais, e realizou a sua primeira exposição em 1946, em Lisboa. Em 1951, ainda radicado no Porto, ganha o prémio especial na Bienal de São Paulo (Brasil).
Começa depois a expor por vários países, sendo o tema dominante dos seus trabalhos a gente do mar, influência da sua região de origem. Está presente em Espanha, Bélgica, Noruega e Brasil, representando Portugal em várias ocasiões, nas Bienais de Veneza, Londres ou Paris.
Foi professor do ensino secundário, e na década de 1960 enveredou por projetos de arquitetura e de decoração, levando-o a trabalhar em painéis, que o viriam agora a imortalizar.
Podem se destacar os dois painéis do Hospital de São João e um conjunto de painéis no Instituto Português de Oncologia do Porto. Em Lisboa, o destaque vai seguramente para os painéis da estação de metro de Sete Rios.
Mas foi o gigantesco painel de azulejos intitulado “Ribeira Negra”, junto à saída do tabuleiro inferior da Ponte D. Luís I, no seu Porto natal, que se tornou o trabalho mais reconhecido, sendo considerado por muitos como o melhor painel cerâmico contemporâneo português.
Tem sido muitas as manifestações de pesar, e serão certamente várias as homenagens que justamente se preparam, desde os mais altos representantes do estado, como o prudente Secretário de Estado da Cultura, a vários artistas e amigos de todas as áreas.
Em 1993 criou-se a Fundação Júlio Resende – Lugar do Desenho, claro está, na cidade do Porto. Contém um espólio de cerca de dois mil desenhos do artista, onde, para além de exposições, se realizam concertos, conferências, seminários e workshops em vários domínios. A sua lógica é multidisciplinar, promovendo o diálogo entre várias áreas das artes. 
Esperemos que seja uma continuação da vontade de ensinar e partilhar de Júlio Resende, dando lugar permanente à experimentação e estimulação dos jovens artistas portugueses.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A partida dos americanos

Santa Maria Connection (2012)


Este terno documentário sobre o aeroporto de Santa Maria e das suas memórias foi realizado por Eberhard Schedl e produzido pela Horizonte Filmes para a RTP2, onde se aborda a história da construção deste aeroporto pelos militares norte-americanos, devido à importância geoestratégica da altura.

Os tempos mudaram, os americanos partiram e hoje apenas resistem as memórias de uma época verdadeiramente dourada, com aviões militares (e outros da PanAm a disfarçar...), a eletricidade, as infraestruturas (como o cinema) e muitos postos de emprego e grandes oportunidades... mas também a confraternização e aprendizagem com pessoas de vários países, e as amizades construídas.

São outros tempos, outra situação geo-política, outra crise... mas existem fortes semelhanças à situação da Base das Lajes...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Poderoso Soul - O. V. Wright


O. V. Wright (1939-1980)

Hoje, em vez de um álbum, uma personalidade. 
Totalmente desconhecida para mim até à umas semanas atrás (obrigado André Chedas), e talvez para muitos, mesmo os ávidos conhecedores de música.
O. V. Wright (1939-1980) foi um cantor norte-americano, considerado um dos mais importantes artistas do chamado "Southern Soul" (Soul do Sul), com alguns êxitos musicais, mas destacando-se pela sua intensidade, originalidade e peculiaridade, o que distingue os grandes artistas.
Morreu em 1980, com problemas de coração, causados por uso continuado de drogas, que fragilizaram a sua saúde terrivelmente, com apenas 41 anos de idade, deixando no entanto um legado impressionante, infelizmente pouco conhecido e divulgado.
Acaba atualmente por ser reutilizado por muitos produtores da cena soul e hip-hop, assim como alguns "diggers", devido à sua incendiária inspiração, numa voz tão clássica quanto o sul dos Estados Unidos...
Emocionou-me a sua história, e impressionou-me o seu som...


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Brilhante Tame Impala

Tame Impala - Lonerism (2012)

Grande destaque no meu tempo de antena, este fantástico e criativo disco dos Tame Impala. Faz-me lembrar tanta coisa, tanta referência musical, dos Beatles aos Flaming Lips, para dar um ar...
Este génio australiano, Kevin Parker, oferece-nos um Pop Contemporâneo, baseado em teclado eletrónico, viajando das melodias mais tradicionais às mais psicadélicas (no bom sentido, o dos sonhos...). Cabe a Dave Fridmann a mistura digital dos vários ambientes e espaços que nos apresentam o disco, de cariz mais experimentalista.
Então: criativo, tradicional, melódico e espacial... mais ou menos algo do género - brilhante!

PS. Ainda por cima era o CD que estava a ouvir no carro durante a melhor fase da minha vida (as últimas três semanas...)