quinta-feira, 31 de maio de 2012

OuVido: apenas dois x's

The xx - xx (2009)

O homónimo album de estreia dos The xx demonstra, acima de tudo, uma abertura intelectual e um conhecimento musical extremo, onde captamos pequenas referências a clássicos como Cocteau Twins ou Young Marble Giants, não deixando de dar ainda reminiscências aos jovens Depeche Mode.
É um soul e R&B eletrónico, com melancóluicas canções - simplesmente genial - e feito por miúdos!


terça-feira, 29 de maio de 2012

OuVisto: duas gémeas felizes...

Meet the Fokkens (2011)

Talvez um dos filmes mais populares desta edição do IndieLisboa, assim como também da extensão na ilha Terceira, este Ouwehoeren (Meet The Fokkens), de Gabriëlle Provaas e Rob Schröder, retrata a vida de duas irmãs gémeas holandesas, que dedicam a sua vida à mais antiga profissão do mundo... a prostituição. Vale pelo seu pragmatismo, assim como de uma perspectiva optimista e cheia de humor, embora o ambiente de fundo seja pesado, assim como das suas vidas passadas... A imagem final do filme reconfirma o que pressentimos ao longo de todo o documentário: são duas irmãs que vivem ao máximo, com um grande respeito e amor uma pela outra e pela vida!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A tecnologia ao serviço da democracia (2011-02-18)


No passado dia 7 de fevereiro, tive a oportunidade de assistir por alguns minutos à reunião da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, via internet e em direto (acesso disponível através do sítio da CMAH). Foi um excelente exercício de democracia, pelo qual gostaria de felicitar o município.
Esta transmissão permite o acesso do munícipe à discussão entre todos os vereadores eleitos, representando um excelente momento de transparência política, digno dos nossos tempos, utilizando a tecnologia em prol do desenvolvimento.
Tento geralmente abordar temas com os quais estou à vontade, por uma questão de honestidade intelectual, mas também por ser bastante autocrítico e perceber as minhas limitações. No entanto sinto-me um pouco a sair da minha zona de conforto, a cultura, arte e comunicação, mas longe de ingressar em questões políticas – apenas de civismo.
Acredito na proximidade entre eleitor e eleito, entre poder e povo. Se o país está preparado ou não, se temos maturidade democrática suficiente para estarmos mais próximos das decisões sobre o nosso futuro, não me cabe tamanha sabedoria para responder. Na mesma lógica, considero muito importante o cariz regional das nossas políticas, assim como fundamental o papel do poder local, onde realmente se está em contacto com o cidadão.
E nesta altura complexa de crise generalizada, que começa a pesar e a parecer de longa resolução, será talvez o momento de afirmação, pelo menos nos países mais evoluídos, do poder local. E as câmaras municipais são as entidades visíveis desse poder, são os órgãos executivos dos municípios, são o seu governo. É um órgão colegial, composto por um presidente e por um número variável de vereadores com ou sem pelouros. E passando por vários cenários e formatos ao longo da nossa história, desde 1976 que as câmaras municipais são órgãos executivos, e as assembleias municipais os órgãos deliberativos. Existe ainda um terceiro tipo de órgão, o consultivo, que são os conselhos municipais, e com uma importância e dimensão variada, mas que para todos os efeitos, formam juntamente com a câmara e a assembleia, o conjunto dos órgãos representativos de cada município. Geralmente aparecem associados a áreas como Segurança, Educação, Ambiente ou Desporto, mas representam de facto uma verdadeira abertura aos temas e valores que devem estar presentes na elaboração de políticas municipais, assim como representam um conceito de aproximação aos cidadãos.
É fácil criticar, aliás, algo que sabemos fazer exaustivamente em Portugal, principalmente se não temos soluções ou respostas que pensemos ser exequíveis. Nesse sentido, das soluções, tem aparecido vários tipos de movimentos, associativos, académicos e alguns obviamente políticos, que buscam novos conceitos, novas perspetivas sobre a forma de fazer política ou de organizar o sistema governativo em Portugal.
Um desses exemplos é o Movimento do Associativismo e da Democracia Participativa, com origem em vários institutos académicos e universidades portuguesas, que tem vindo a desenvolver o seu trabalho desde 2009, e teve o seu momento alto num congresso realizado no fim de 2010. A sua grande referência é o próprio Artigo 2º da Constituição da República Portuguesa: “A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, (...) visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.
E é esta questão da democracia participativa, que numa postura humanista e civilizacional, aparece como fundamental, não sendo eu conhecedor da realidade política nem estudioso da sua história, mas apenas um crente de que a base para um estado é um governo democrático, gerido por políticos eleitos por partidos, preferencialmente por eleição uninominal ou então com um sistema de regionalização e proximidade.
Num regime de democracia participativa pretende-se que existam mecanismos de controlo por parte da sociedade civil sob a administração pública, sendo o poder do eleitor algo mais que o seu voto.
Para alguns académicos que tem investigado o tema, a democracia participativa é considerada uma justificação do exercício do poder político pautado no debate público entre cidadãos livres e em condições iguais de participação. Assim, as decisões políticas resultariam de processos de discussão orientados pelos princípios da inclusão, pluralismo, igualdade participativa, autonomia e justiça social, conferindo um reordenamento na lógica de poder político instaurado.
Um claro exemplo disso é o conceito de Orçamento Participativo, que algumas câmaras municipais têm vindo a desenvolver em Portugal, sobretudo através do desafio colocado via Agenda XXI Local, com o intuito de submeter o destino de parte dos recursos públicos a consulta pública, através de reuniões comunitárias abertas aos cidadãos, onde primeiro são reunidas propostas e depois votadas as prioridades.
Se este conceito aparece orientado para o nível de governo central e não o poder local, serve também para demonstrar como pode funcionar a nível autárquico, onde a referida transmissão online é certamente um primeiro passo.
Existem riscos, existiriam muitas discussões, mas com uma boa dose de equilíbrio entre a experiência dos vários políticos locais, a sapiência de muitos académicos e conhecedores de vários saberes, assim como o valor de uma nova geração adormecida e desapontada, o contributo da comunidade seria de facto fulcral para o desenvolvimento económico e social sustentável dos nossos municípios.
Estaríamos a redemocratizar a própria democracia?

quinta-feira, 24 de maio de 2012

OuVido: o poder do Soul

The Greyboy Allstars - A Town Called Earth (1997)

Este eclético projeto tem origem no criativo DJ Greyboy, que criou e liderou a banda nos anos 90, numa lógica de fusão soul, funk e jazz, que marcaria a cena do Acid Jazz da década.
Este disco é o segundo trabalho e um dos mais marcantes (só voltariam a gravar 10 anos depois, em 2007), entrelaçado com alguns álbuns a solo dos vários participantes.
É uma fresca combinação entre jazz, soul, funk, com uma base eletrónica suave mas sólida, com samples realmente únicos.
A ouvir cuidadosamente.



terça-feira, 22 de maio de 2012

OuVisto: os Descendentes de Clooney

The Descendants (2011)

Mais uma ternurenta e humana história em que Clooney se envolve, ao retratar um descendente de reis havaianos, advogado de sucesso, cuja vida parece perder o sentido após um acidente de barco em que a sua mulher fica em estado vegetativo.
Para completar a essência deste filme de Alexander Payne ("As Confissões de Schmidt" e "Sideways"), ficamos a saber que a mulher agora em coma mantinha uma relação extra-conjugal com outro homem.
Seguimos depois, nesta verdadeira comédia dramática, o reinvestimento de um pai nas suas duas filhas, numa dolorosa viagem à procura do amante da mulher.
Bom filme.



quinta-feira, 17 de maio de 2012

OuVido: Mozart em Phoenix, nascido em França

Phoenix - Wolfgang Amadeus Phoenix (2009)

Este disco dos franceses Phoenix é de facto sentimental e romântico; não piroso nem meloso, mas inteligente!
Após alguns trabalhos alternativos e underground, com este disco foram reconhecidos (como é disso prova o Grammy em 2010), atingindo inclusive o público maistream norte-americano, com a sua voz suave, promovidos em diversos programas televisivos, anúncios de televisão e até participações em grandes produções cinematográficas de Holywood.
Disco muito bem conseguido, onde se nota que foi muito trabalhado, apresentado uma coerência e criatividade incrível.


terça-feira, 15 de maio de 2012

OuVisto: Jafar Panahi não fez um filme...

Jafar Panahi / Mojtaba Mirtahmasb - This Is Not a Film (2011)


Novamente preso pelo sistema iraniano, Jafar Panahi está desde Maio de 2010 em prisão domiciliária, o que só conseguiu após ter pago uma fiança de 145 mil euros! Já foi posteriormente condenado a seis anos de prisão e vinte anos de proibição de filmar e sair do país, do qual espera ainda recurso.
Assim, este "não filme", foi realizado por Mojtaba Mirtahmasb, e retrata a tentativa de Panahi fazer um filme, saído do seu imaginário, no apartamento onde vive em Teerão, onde demonstra imaginariamente o poder do cinema em nome da liberdade de expressão.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

OuVido: Gillespie ao vivo em Newport

Dizzy Gillespie - Dizzy Gillespie at Newport (1957)

Mesmo não sendo um conhecedor de jazz, este disco sempre mexeu comigo, por toda a sua conjuntura. Dizzy Gillespie (junto com Chet Baker e Miles Davis) é um dos meus músicos de jazz preferidos, sendo o trompete o instrumento de eleição.
Neste álbum, gravado ao vivo no Festival de Newport, um evento mítico dos festivais de música, e um ambiente quente na gravação, capta ao vivo um momento alto na carreira de Gillespie.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

OuVisto: o início da "Millenium Series"

The Girl with the Dragon Tattoo (2011)

Esta é a versão norte-americana do primeiro livro da trilogia "Millenium Series", um best-seller a título póstumo do sueco Stieg Larsson, que vai certamente de encontro a uma geração que se identifica com esta estética, linguagem e raiva politicamente correta.
Realizado por David Fincher, este filme conta a história de um homem que procura descobrir o que se passou com uma rapariga que desapareceu há 40 anos. Uma simples história, até se poderia dizer, mas adaptado aos nossos tempos de uma maneira magnífica.
Tem recebido vários prémios, mas acima de tudo, uma grande aceitação do público e, felizmente para os estúdios, um grande sucesso de bilheteira.

terça-feira, 8 de maio de 2012

6ª Extensão INDIELISBOA Ilha Terceira


6ª Extensão INDIELISBOA Ilha Terceira
Festival Internacional de Cinema Independente


de 12 a 19 de Maio no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo


12 de Maio - Sábado - 21h00 - Festa "Let's Look at the Trailer" com DJ LINO, trailers dos filmes a apresentar na extensão e beberete


13 de Maio - Domingo - 15h00 - INDIEJÚNIOR - cinema dedicado aos mais pequenitos (+ de 4 anos) com oferta de lanche após a sessão


14 de Maio - Segunda-feira - 21h00 - Las Palmas (curta) e The Color Wheel (longa)


15 de Maio - Terça-feira - 21h00 - At the Formal (curta) e Dragonslayer(longa)


16 de Maio - Quarta-feira - 21h00 - Sessão EspecialAMOSTRA-ME CINEMA PORTUGUÊS - O que há de novo no Amor?(prémio TAP para melhor filme português de ficção noIndielisboa 2011)


17 de Maio - Quinta-feira - 21h00 - Praça Walt Disney(curta) e Vou Rifar o Meu Coração (longa)


18 de Maio - Sexta-feira - 21h00 - Animals for Animals(curta) e Meet the Fokkens (longa)


19 de Maio - Sábado - 21h00 - Ovos de Dinossauro na Sala de Estar(curta) e De Jueves a Domingo(longa)//(vencedores do INDIELISBOA 2012)
 



entrada: 2 euros // desconto 50% para sócios da bDM


mais informações: 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Death Grips: "ganas" de morte

Death Grips - Get Got (2012)

Este "aperto de morte", tradução do nome da banda, é um bom indício para o que vamos ouvir. Não que sejam necessárias legendas, quando se pode ouvir e chegar lá por nós próprios.
Trata-se de um hip hop muito alternativo, onde alguém está verdadeiramente chateado com alguma coisa - porquê não sei, mas parece-me um som que marcará uma fase - pode vir a ser uma referência ou um culto...
Experimentem.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

OuVido: Tinariwen, os "blues" do Sahara

Tinariwen - Aman Iman (2007)

Ouvi falar dos Tinariwen há muito pouco tempo, durante o Festival de Música do Mundo em Sines, na edição de 2010. Paixão à primeira audição! E como é possível não ficar hipnotizado por este "blues" do Magreb, executado por tuaregues, verdadeiros homens do deserto, em grandes guitarradas ao estilo de Jimi  Hendrix!
São originários do sul do Sahara, uma terra de errantes, que originou inclusive o nome da banda, que significa "espaços vazios". Com este álbum, atingem a "verdade" da sua música, o que queriam de facto obter desde o início, já com dois ou três bons discos produzidos.
É um som exótico e familiar, onde a estranheza predomina, desde os arranjos musicais à língua, mas com algo por trás que une tudo harmonicamente, originando um grande som, fazendo-nos pensar quer em rebelião, quer em velha sabedoria tribal...