quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Um Fresco Olhar do Amor

(500) Days of Summer (2009)

Inteligente e não-linear argumento de Scott Neustadter e Michael H. Weber, com realização do estreante Marc Webb, este filme aborda um relacionamento falhado pelos olhos de um jovem norte-americano. 
Filme com uma produção relativamente humilde, de cariz independente, e que se catapultou devido a uma ovação em pé no Festival Sundance, acabando por ser distribuído pela Fox.
Basicamente custou cerca de 6 milhões de euros e obteve um lucro de 55 milhões, o que a indústria chama de "sleeper hit"... curioso. 
Também a crítica foi extremamente favorável, e ganhou ainda vários prémios de cariz mais independentes e secundários.
Com duas excelentes performances por Joseph Gordon-Lewit e Zooey Deschanel, atores de uma nova geração que estão em voga, fazendo a transição para a grande fama e mainstream dos estúdios principais, é um filme muito inteligente e sensível, sobre a busca pelo amor, questionando sempre a sua verdadeira existência.
De uma certa maneira, com uma história que já foi mais do que contada, onde o clichê é o lugar mais comum, consegue-nos dar uma fresca versão da mais antiga história de amor do mundo.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Malinowski - O Pai da Etnografia

Argonauts of the Western Pacific (Argonautas do Pacífico Ocidental) (1922)​

Podem ser já detalhes do saudosismo da idade, mas existem obras que de facto nos marcam enquanto estudantes universitários - e este é outro exemplo disso, que ainda hoje me marca profundamente, na lógica de pensar e estudar o pensamento e comportamento humano. 

Argonautas do Pacífico Ocidental é uma peça fundamental do trabalho do antropólogo Bronislaw Malinowski, publicado no início do século (1922), rompendo com várias questões, estabelecendo a etnografia e o uso etnográfico da fotografia.

Aborda a própria investigação no terreno que o autor realiza, entre 1914 e 1918, nas Ilhas Trobriand (Papua-Nova Guiné, junto à Indonésia e Austrália), inaugurando-se assim a etnografia enquanto trabalho de campo.

O tema do livro é sobre um sistema de trocas existente na ilha, místico e sem noção de posse permanente, e que influencia a vida e as instituições de todos os habitantes.

Paralelamente ficam definidos os três pilares para a realização de um trabalho de campo etnográfico: a lógica; as condições de trabalho; e o dever de possuir métodos especiais e específicos de trabalho.

A ideia consistia que a melhor pesquisa é aquela efectuada com o envolvimento do investigador com o "nativo", com o objeto de estudo, participando ao vivo no que está a abordar - pode parecer óbvio hoje, mas no início do século quebrou com algumas barreiras...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Maravilhas da Ásia, em seda e metal

"Apenas" duas das mais recentes obras de Do-Ho-Suh, um dos mais prolíficos artistas sul-coreanos. 

Home Within Home Within Home Within Home Within (2013) - (pormenor 1)

Home Within Home Within Home Within Home Within (2013) - (pormenor 2)

Home Within Home Within Home Within Home Within (2013) - (pormenor 3)

Karma (2013) - (pormenor 1)

Karma (2013) - (pormenor 2)

Karma (2013) - (pormenor 3)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Engranvnigs by Forest Swords, Dream Music by Matthew Barnes

Forest Swords - Engravings (2013)

Disco de estreia (após algumas experiências em EP's) do projeto de Matthew Barnes, intitulado Forest Swords, brilhante produtor musical britânico, já considerado uma das grandes certezas da nova geração de produtores/compositores, de grande sensibilidade e conhecimento musical.

O álbum teve uma receção excelente, criando ondas em todas as revistas da especialidade, assim como nas redes sociais, sendo nomeado disco da semana ou do mês em vários sites.

Tem a particularidade de ter sido misturado em auscultadores, em vez de um estúdio, ao ar livre e numa zona rural e remota de Inglaterra, com a intenção de atribuir ao disco um ambiente ainda mais natural e realmente atmosférico... 

Outra curiosidade do álbum é que o disco foi gravado "às prestações", pois Barnes viu-se a par com problemas auditivos, perturbando e interrompendo várias vezes as gravações...

Ao nível da música, podemos considerar o trabalho como do género ambiente, mas com uma rugosidade que se sente mais do que habitualmente, com laivos de sensualidade e emoção, e com uma intensidade onírica brilhante - parece um sonho, melódico, mas realista.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Pelo Tempo: "Música Alternativa" (2012-03-14)

O termo “música alternativa” ganhou expressão nos anos 80 e inícios de 90, tendo uma origem provavelmente na cena musical independente inglesa e nos primórdios do grunge norte-americano, ambos saídos do rock. Actualmente o termo diversificou-se e especificou-se, onde antes cabiam todos no mesmo saco, hoje catalogamo-os de indie rock, post-punk, gótico, etc…
Com origem no rock, como quase toda a música que existe actualmente, ao serem considerados alternativos era provável que fossem buscar influências também ao jazz, folk e reggae, o que o tornava de facto num termo muito genérico.
Mas o importante era fugir à regra, e acima de tudo, não ser proveniente das grandes editoras. Mas isso não evitou que, desde 1991, os Prémios Grammy, os mais importantes da indústria musical, concedessem anualmente um prémio para o melhor álbum de música alternativa, onde os maiores vencedores viriam a ser os Radiohead e os White Stripes, bandas que atingiram fama e número de vendas que de alternativo não tem nada…
Acredito que muito do que “alternativo” se cria vem em resposta à mente inquisitiva e curiosa do ser humano, e nessa lógica, o diferente é muito atraente. Assim, nos últimos anos, em áreas como a música, moda ou performance, observou-se um recurso ao retro, ao reutilizar estéticas antigas. Primeiro foram os 70’s, que depois de gasta a imagem, recuou-se ainda mais no tempo, pela sede de diferença, e foi-se ao início do século.
Mas o que realmente me levou a escrever este texto é a mais recente “moda alternativa”: o freak folk, e mais especificamente, o seu representante mais castiço, de quem sou um recente fã: Ariel Pink's Haunted Graffiti!
Esta banda, liderada pelo californiano Ariel Pink, explora as fronteiras entre um pop psicadélico e o freak folk, e enquanto escritor de canções, consegue misturar influências desde David Bowie a Brian Eno, numa lógica anos 70-80.
Influenciado desde jovem por várias bandas de rock gótico, como Bauhaus ou The Cure, a leveza do seu som leva-nos a um R. Stevie Moore ou mesmo o ritmo de Michael Jackson.
Quem o ouve não acredita quando o vê pela primeira vez: daquela melancólica e doce voz, vem um jovem cheio de insinuações sexuais, cabelo comprido e barba sempre por fazer, numa perspectiva de performance sempre em provocação.
Depois de vários álbuns lançados entre 2004 e 2009, despertam a atenção da poderosa editora 4AD, e lançam o álbum “Before Today”, considerado por algumas revistas da especialidade um dos melhores de 2010. Para Ariel, este é considerado o seu primeiro álbum, o que é compreensível, pois tem muito mais qualidade que os anteriores, não em criatividade, mas em coerência.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Fellini - Anárquica Roma...

​​Federico Fellini​ ​- Roma (1972)

Foi este o primeiro filme que vi de Fellini, e mesmo não sendo o mais referenciado do profícuo realizador, é um dos que mais me marcou. Tem um forte e interessante cariz autobiográfico, carregado de inocência e sinceridade que me tocou, no meio de toda a loucura do filme!

Excelente fotografia, apanágio do artista, numa não-narrativa, irreverente e anárquica. Consola!


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

AMOSTRAM´ISSE LISBOA


AMOSTRAM´ISSE                       

Mostra de Cinema dos Açores

De 14 a 18 de Novembro - Cinema City Alvalade

Sessões às 20h00



O Governo Regional dos Açores, através da Direção Regional da Juventude, e com a organização da Associação Cultural Burra de Milho apresenta o “AMOSTRAM’ISSE” – Mostra de Cinema dos Açores, que consiste na exibição de um conjunto de filmes realizados nos Açores, e que pretende de uma certa forma abordar o estado da arte do cinema na região. 
 
O grande objetivo deste projeto é permitir que o público tome contacto com a realidade do cinema realizado nos Açores, pela descoberta de uma nova corrente de cinema contemporâneo, e pelos seus criadores. 
Nesta mostra desejamos também mostrar a identidade do cinema realizado na região, identificando-nos, contando e recontando a nossa história, o que acaba por ser um exercício de introspeção sobre arte e cultura. 
 
O evento já percorreu três cidades, Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada, num crescendo de expetativa e público, que agora culmina com a apresentação em Lisboa. 
 
Apresenta-se então entre 14 e 18 de Novembro, no Cinema City Alvalade, com exibições diárias de curtas e longas-metragens de ficção e documentário, pelas 20h00, contando sempre que possível com a presença do realizador e/ou produtor. 


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Ainda bem que ouvi Elliot Smith...

Elliott Smith - From a Basement on the Hill (2004)

Elliot Smith é mais um daqueles ícones, merecidamente, que nos deixou cedo demais. Se calhar foi na altura certa. Provavelmente Não. Foi há 10 anos que esta perturbada, embora brilhante mente, e em contornos nunca bem esclarecidos, morreu vítima de duas facadas no peito, aos 34 anos.

Não sei se a dor será fundamental para se atingir uma poética como a de Smith, mas a verdade é que foi um dos mais sensíveis e criativos cantautores desta nova vaga do fim do século XX.

From a Basement on the Hill foi lançado a título póstumo, quase um ano após a sua morte, embora grande parte do trabalho já estivesse completo, tendo sido finalizado pelo antigo produtor e pela ex-namorada de Smith. Devido ao mediatismo inerente, atingiu um fantástico número 19 nos tops norte-americanos, algo que o cantor nunca esperaria atingir, por mais repleto de qualidade que o seu trabalho fosse.

Ao nível da crítica e da receção popular, o álbum também atingiu grandes valores e registos, onde se realçavam as características negras e pesadas das suas letras, mas também uma certa maturidade e inovação no som de Smith.

Ironicamente tornou-se no seu disco mais conseguido, com uma carga de potencial enorme, e definindo o seu estilo. É um disco mais complexo e rico do que os seus trabalhos anteriores, principalmente nas harmonias e nos adornos musicais, com guitarradas mais pesadas, mais influências de várias áreas, mas sempre sem perder a delicada e intensa mensagem das suas palavras.

Mesmo assim, obrigado Elliot Smith.