quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Ferrugem e Osso!

Ferrugem e Osso (2012)

Com base no livro do canadiano Craig Davidson, Ferrugem e Osso segue a história de um segurança e boxeur de rua (Matthias Schoenaerts), sempre em biscates e que vive com o apoio da sua irmã, e que um dia conhece Stephanie (Marion Cotillard), uma ex-treinadora de baleias que perdeu as pernas num acidente.

Este imprevisível duo vive então uma história de amor, centrado obviamente nas várias dificuldades dos dois, quer emocionais, quer físicas, daí a beleza do filme...

Mais uma vez Jacques Audiard realiza um filme de extrema humanidade (como De Tanto Bater o Meu Coração Parou, em 2005 e O Profeta, em 2009, entre outros), sendo nomeado para a Palma de Ouro em Cannes, onde foi aplaudido em pé durante 10 minutos!

Acabou por ganhar vários outros prémios (de dimensões mediáticas inferiores), sendo também aclamada a representação de Marion Cotillard, quer pela crítica, quer pelos seus pares.

Bom Filme!





quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Pelo Tempo: "Noite de Festa" (2013-06-06)

Inserido no “AMOSTRAM’ISSE” – Mostra de Cinema dos Açores, foi exibido o filme Noite de Festa, do micaelense Nuno Costa Santos (em parceria com Tiago de Carvalho e Nuno Simões, como gosta de realçar o autor), em estreia na ilha Terceira, no passado dia 4 de Junho, no Centro Cultural e de Congressos.
Trata-se de um filme que encaixa na área do documentário, embora ficcionado, onde acompanhamos o regresso de Nuno Costa Santos a São Miguel, escritor e guionista a residir em Lisboa, já com vários livros publicados, colaborador assíduo de várias revistas, e já teve também um programa de televisão no Canal Q (“Melancómico”).
Esse regresso tem um motivo: anda à procura dos seus discos de vinil, que tanto influenciaram a sua adolescência, e lhe moldaram mesmo o carácter … Será uma viagem onde se mistura o antigo, o passado e o recente, assim como as novas e desconhecidas realidades da ilha.
De facto, como também refere Nuno Costa Santos algures, as músicas e bandas que ouvimos na adolescência (e pós-adolescência, permitam-me acrescentar) são as mais importantes das nossas vidas, pois é uma fase de definição da nossa identidade e personalidade – e esse é o mote do filme, conjugado com uma análise às diferenças que encontra em São Miguel nos últimos 20 anos, desde que saiu para Lisboa.
O filme consegue passar a sua mensagem, intenção aliás da equipa responsável, partindo de uma história individual, mas com a qual todos se identifiquem – principalmente se pertencem à mesma geração dos realizadores (35-40 anos). E foi o que se passou comigo, vibrando ao ver tantas referências musicais que fazem também parte da minha adolescência, fazendo-me também recordar o que foi sair da ilha para estudar em Lisboa, e o contacto com novas realidades musicais.
Foi maravilhoso ver referências seminais aos The Cure, as capas dos discos de vinil dos Throwing Muses, ouvir músicas dos Dead Can Dance e My Bloody Valentine, e culminar tudo com várias alusões aos Stone Roses… O filme tem uma curiosa frase de Nuno Costa Santos, ao referir-se a essas bandas, “que já ninguém as quer ouvir hoje em dia” – pois felizmente não é verdade, e temos o Optimus Primavera Sound a provar isso mesmo, festival que decorreu recentemente no Porto, onde as bandas que vingaram este ano foram exatamente os My Bloody Valentine, Dead Can Dance e a grande presença e atuação de Nick Cave!
Termino com uma frase de Nuno Costa Santos, num artigo da Azorean Spirit (n.º47), que resume, e como sempre, bem, o essencial do que aqui se disse: “Agora quem diz discos perdidos também diz milagres encontrados. Até já, numa sala de cinema perto de si.»
Miguel Costa