segunda-feira, 31 de março de 2014

As diferenças entre povos e culturas...

Ruth Benedict - Padrões de Cultura (1934)

Outra obra fundamental para as ciências sociais modernas e contemporâneas (na minha perspetiva e de mais alguns, pelo menos...). Traduzido para 14 línguas, foi já alvo de inúmeras edições, sendo uma leitura obrigatória para estudantes de Antropologia em todo o mundo.

A ideia base é a perspetiva da autora em que a cultura/sociedade é o grande regulador da personalidade dos seus elementos, ou seja, cada cultura seleciona algumas características (das imensas que a humanidade possui) e torna-as aceites ou adequadas na conduta das pessoas que fazem parte dessa sociedade.

Através do estudo e descrição de vários rituais, observados em grupos étnicos bem diferentes, tentou demonstrar como cada cultura estimulava e direcionava determinada "personalidade"​ para os indivíduos desse grupo.

Embora com críticos, Ruth Benedict expressou sempre a sua confiança no relativismo cultural, pretendendo demonstrar que cada cultura possui os seus próprios imperativos morais, e que só poderiam ser compreendidos se se estudasse a cultura como um todo.

São lições que nunca esquecemos... e que devemos partilhar em nome de uma visão humanista do mundo e das pessoas.


sexta-feira, 28 de março de 2014

AnaformicaMente







Jonty Hurwitz é uma deliciosa mistura de cientista e artista, com as suas esculturas anamórficas (como as intitula), que apenas se revelam quando refletidas num cilindro de metal. São milhões de cálculos e algoritmos (e outras coisas complicadas da matemática), ao serviço da mente humana, de como percecionamos o espaço, e de facto, como vemos o mundo.

Muito interessante.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Elegante Capicua

​Capicua - Capicua Goes West (2013)

Foi amor à primeira vista (audição...). Capicua, Ana Matos Fernandes na "vida real", é uma MC (rapper) do Porto, num mundo já olhado de lado em Portugal, muito mais no feminino. Só por isso corajosa à partida, mas percebemos que seria inevitável, pelas suas letras, pela sua atitude.

Licenciada em Sociologia e com Doutoramento tirado em Barcelona, conhece bem mais do que a vida de bairro e de dificuldades do habitual chapa 5 do Hip Hop (preconceito...).

Com esta mixtape, que decidiu não considerar um álbum, mas um teste, atinge a notoriedade, principalmente da comunicação social especializada, assim como o respeito dos seus pares, observável em várias colaborações (Sam the Kid, D-one ou mesmo Gisela João, a também nova rebelde do fado).

Já saiu o novo álbum "Sereia Louca", bem mais profundo e lírico do que esta mixtape, mas não queria deixar de fazer esta referência, que só demonstra criatividade, qualidade, interioridade e noção de realidade, quer musical, quer social.

A bombar. Crua, verdadeira e dura, mas sempre feminina.

quinta-feira, 13 de março de 2014

"the quintessential indie rock album"

​Pavement - Slanted and Enchanted (1992)

Slanted and Enchanted é o álbum de estreia dos Pavement, de quem não me canso de referir, seja em que contexto for, como uma das minhas bandas preferidas. Editado em 1992, em plena época de crescimento das bandas independentes e universitárias nos Estados Unidos, teve o impacto que teve. Mesmo assim atingiu um curioso nº 72 nos discos mais vendidos no Reino Unido.

Como a maioria dos momentos de genialidade humana, este também passou meio despercebido no seu início, despertando no entanto rapidamente a atenção de alguns críticos de música, que posteriormente o viriam a considerar um dos álbuns rock mais importantes da década de 90.

Também as principais revistas e sites da especialidade foram-lhe atribuindo classificações máximas e perfeitas (AllMusic, Pitchfork e outros), tendo particular destaque o facto de a revista Rolling Stone ter considerado o disco um dos melhores 500 de sempre (nº 134), referindo-se-lhe como "the quintessential indie rock album."

Desde meados da década de 2000 o álbum já vendeu mais de 150.000 unidades, assim como também os outros trabalhos da banda tem vendido sempre, acima de tudo após a reunião para tour (típico...) em 2010.

Os Pavement são de facto os "pais" simbólicos do movimento indie rock, oriundos de Stockton (Califórnia), e bestialmente liderados por Stephen Malkmus, acompanhado por Scott Kannberg, Mark Ibold, Steev West e Bob Nastanovich. Inicialmente pretendiam apenas gravar discos, não aparecendo em público, nem dando concertos e muito menos entrevistas! 

Mas o sucesso, ainda por cima de cariz alternativo e independente, fez com que gravassem cinco álbuns (mais 9 EP's) ao longo de 10 anos, tendo-se dissolvido em 1999, seguindo todos em novos projetos musicais a partir de então.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Pelo Tempo: "Em busca do sonho" (2012-06-01)

Um destes dias assistia à série televisiva “Touch”, em exibição em Portugal na Fox, e um dos maiores sucessos deste ano nos Estados Unidos da América, quando numa das histórias que compõe a série, fico com a sensação de reconhecer uma cara.
O personagem era um açoriano emigrado no Brasil, e o sotaque não enganava – terceirense de gema! Trata-se de Louis Ferreira, nome artístico de Luís Ferreira, nascido na ilha Terceira, em 1967. Emigrou com cinco anos para o Canadá, e desde 1986 tem participado em dezenas de séries, filmes e peças de teatro.
Tornou-se conhecido devido à sua participação nas séries “Stargate Universe”, “Durham County” e “Missing”. Mas no seu currículo existem mais de 100 participações em séries televisivas, nos Estados Unidos e Canadá, como “24 Horas”, “CSI Miami”, “Mentes Criminosas” ou “NCSI”, todas em exibição em Portugal com grande sucesso.
Até esta participação em “Touch”, destaca-se o papel representado no filme “Grey Gardens”, contracenando com Jessica Lange e Drew Barrymore (2009), assim como muitos outros, trabalhando com atores como Andy Garcia, Mark Whalberg ou Angela Basset. Recentemente fez o papel de Donald Trump, numa biografia não autorizada, assim como foi o ator principal da minissérie de ficção científica “The Andromeda Strain”.
Em 1999 ganhou o seu primeiro prémio para melhor ator no Chicago Alt. Film Fest, pelo papel em “Fallen Arches”. Em 2008 ganhou o Gemini (equivalente aos Emmy no Canadá) para Melhor Ator Dramático, pela participação em “Durham County”, tendo sido novamente nomeado em 2010, pelo seu papel em “Stargate Universe”, o que demonstra o estatuto que atingiu.
Outra terceirense, outra atriz. Sara Freitas nasceu em 1985, na ilha Terceira, e mudou-se em 2005 para o Rio de Janeiro para seguir o sonho da representação, já manifestado durante a sua adolescência, tendo participado em cinco peças do projeto “Orpheu”, da Escola Secundária de Angra.
Primeiro estudou na Casa das Artes de Laranjeiras durante três anos, tendo de seguida feito o teste e ficado no musical “Sítio do Pica-pau Amarelo”, durante um ano e meio, viajando por várias cidades brasileiras.
De seguida teve a excelente oportunidade de participar na peça “Mais respeito que sou tua mãe”, com direção de Miguel Falabella, e contracenando com Cláudia Jimenez, figuras altamente reconhecidas no mundo do teatro e televisão brasileiras. Além de outros projetos, mais recentemente participou na peça "O bom canário", em Fevereiro de 2012.
São duas histórias diferentes, de pessoas de gerações distintas e com percursos de vida bem diversos. Mas são dois sonhos, um em construção e o outro constantemente a ser defendido e trabalhado. Para os dois a melhor da sorte e o reconhecimento pela sua qualidade, mas acima de tudo pela sua capacidade de lutarem pelos seus objetivos.

PS. Felizmente ambos continuam em boa maré de trabalho!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Bigelow Caça Outra Vez...

Zero Dark Thirty (2012)

Mais um filme da realisticamente intensa Kathryn Bigelow (Óscar de melhor filme com The Hurt Locker em 2008), com argumento de Mark Boal, também autor do filme referido entre parêntesis, acaba por contar a história da maior "caça ao homem" que existiu na nossa idade contemporânea, mais especificamente, a bin Laden.
O filme aborda os esforços e políticas por trás da busca e captura de bin Laden, contanto com um elenco de luxo e uma realização com tons realistas, mas bem arranjados por Bigelow.
Curiosamente o filme estava já a ser escrito quando ocorreu a captura e morte de bin Laden, tendo toda a produção sido alterada por esse "pequeno" pormenor, em certos aspetos tendo mesmo de começar do zero!
Além da marca histórica, fica-nos principalmente um filme com uma história bem contada, com uma imagem que nos faz pensar que estamos a assitir a algo real, mas com leves marcas de criatividade e uma fotografia muito interessante.