sexta-feira, 31 de agosto de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
David Fonseca: o artista português
David Fonseca - Seasons: Rising (2012)
Tento sempre que posso ouvir música portuguesa, e sou um defensor dos nossos artistas, principalmente quando cantam em português. Não é esse o caso, infelizmente, de David Fonseca. Neste quinto álbum David Fonseca partilha algo mais que música, conferindo uma história pessoal, associada ao calendário do ano, connosco.
Sempre bem acompanhado musicalmente, o resultado foi um excelente disco, com um som que nos preenche de facto a alma, e onde se notam influências de muitos e bons músicos.
Percebo que o David Fonseca, como outros, se sinta um cidadão do mundo, e que o inglês é de facto a língua no planeta que mais facilmente transmite uma mensagem "universal", mas se o encontrasse, dir-lhe-ia certamente: "David, por favor, grava um disco em português!"
PS. Ficaria para a história da música portuguesa, não tenho dúvidas...
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Leituras: o poder de Orhan Pamuk
Orhan Pamuk - A Cidadela Branca (2000)
Só em 2006, depois do Nobel, é que conheci este enigmático autor, através precisamente de "A Cidadela Brnaca". Quando acabei de ler este livro, devido a uma sobreposição de tarefas, nem me apercebi do que ele me ofereceu...
Abordei-o com esperança de ser uma experiência envolvente. Assim foi, ao acompanhar o percurso de uma vida de dois indivíduos, o mestre e um escravo, cuja relação é tão próxima que os seus cérebros e corações se unem e desunem diariamente.
Viagem em busca da identidade, ou do próprio conceito de identidade e individualidade, em Istambul do século XVII. Um escrito tipo diário recuperado, é também um chamamento à introspecção por parte do leitor, principalmente depois de acabar o livro. Excelente!
Sinopse:
Em pleno século XVII, num mundo misto de fantástica sabedoria e de assustadora barbárie, um jovem estudante italiano viajava tranquilamente de Veneza para Nápoles quando foi capturado por piratas turcos. Após algumas voltas e reviravoltas do destino, torna-se escravo de um estranho cientista turco , conhecido como o Mestre.
Este sábio, ávido pelo conhecimento científico e progressos intelectuais do Oeste, procura, recorrendo ao diferente saber do prisioneiro, conseguir o seu aperfeiçoamento intelectual e científico, e nos anos que se seguiram o escravo ensina ao Mestre o que ele aprendera no velho continente, da medicina à pirotecnia. Mas Hojas, o Mestre quer mais: quer saber o porquê de serem quem são e até que ponto, uma vez desvendados e trocados os seus mais íntimos segredos, as suas identidades não serão confundidas ou trocadas.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Pelo Tempo: "PTP, PAN ou PLD? – Parte II" (2011-05-10)
Nesta
segunda parte da viagem pelo panorama político-partidário português, começo
pelo único partido de cariz regional aceite em Portugal, o “nosso” Partido
Democrático do Atlântico (PDA),
fundado já em 1979, e presidido atualmente por Manuel Costa. Denomina-se de
centro, mas luta fundamentalmente por uma autonomia mais ampla das regiões
autónomas portuguesas (Açores e Madeira). Concorre em todos os círculos dos
Açores, assim como por Lisboa, onde já tem uma filial. Também no norte do país
aparece em alguns círculos, mas numa pouco ortodoxa coligação com o Movimento
Partido do Norte, sendo que os elementos deste movimento (não aceite como
partido) concorrem como independentes…
Outra
das novidades, embora já tenha participado nas últimas eleições, é o Partido
Trabalhista Português (PTP), de
centro-esquerda. É já a quarta edição de um partido trabalhista em Portugal,
todos entretanto extintos. Mas pode ser que dure algum tempo, pois realizou uma
grande contratação no mercado de inverno: José Manuel Coelho é o novo
vice-presidente, tendo recentemente afirmado que quer eleger um grupo
parlamentar nas legislativas de 5 de junho e “varrer os deputados corruptos do sistema”.
O
Partido da Terra (MPT),
originalmente chamado de Movimento o Partido da Terra, é um partido
ambientalista e ruralista fundado em 1993 por Gonçalo Ribeiro Telles. Assume-se
como partido ecologista, tendo por base o humanismo e a solidariedade.
Outro
nos novos partidos, e já com alguma dinâmica e impacto na sociedade portuguesa,
é o Movimento Esperança Portugal (MEP),
sendo o 16.º partido político português, com um posicionamento ao centro. A sua
relativa visibilidade deve-se fundamentalmente ao seu líder, Rui Marques,
médico e escritor, antigo alto-comissário para a Imigração e Diálogo
Intercultural, ativista e empresário português. Fundado em 2008, o MEP defende
os princípios e valores do humanismo, cultivando assim os referenciais do bem
comum, da solidariedade social, da economia social de mercado, da subsidiariedade
e da democracia.
Também
muito recente é o Partido Liberal-Democrata (PLD), originalmente denominado Movimento Mérito e Sociedade (MMS),
existe desde 2007, sendo liderado desde o início por Eduardo Correia, tendo já
concorrido a três atos eleitorais. Tem uma estratégia de comunicação muito bem
elaborada, sendo a sua nova cor o azul-marinho – não fosse o seu fundador
mestre em Marketing e doutor em Finanças. Este professor do ISCTE aposta a base
do seu manifesto na “meritocracia” e num forte investimento na educação e
formação.
O
Portugal Pro Vida (PPV) é um
recém-criado partido (2009), que defende os princípios da doutrina social da
Igreja. Composto por pessoas de todos os quadrantes políticos, embora
maioritariamente da direita conservadora, defende a revogação da lei do aborto,
das recentes alterações à lei do divórcio verificadas em Portugal, e a
manutenção da proibição da eutanásia. No campo da cidadania, o partido defende
o voto sem limite de idade e o reconhecimento da objeção de consciência dos contribuintes
- estes últimos devem poder especificar quais os usos a dar aos seus impostos.
Um
dos partidos que se formou também por volta do 25 de Abril é o Partido Popular
Monárquico (PPM), por iniciativa da
Convergência Monárquica. Já esteve representado na Assembleia da República, mas
no entanto pretende o regresso à monarquia constitucional… Actualmente tem o
seu centro nevrálgico nos Açores.
De
Manuel Monteiro ficou-nos a Nova Democracia (PND), fundado em 2003, de cariz conservador-liberal e eurocético,
assumido defensor de um sistema presidencialista. Já participou em vários atos
eleitorais, mas sempre com um resultado muito reservado, isto é, à exceção dos
sucessos que José Manuel Coelho teve nas regionais da Madeira e nas últimas
presidenciais.
Quase
por último, temos o Partido Nacional Renovador (PNR), o único partido político português nacionalista. O seu lema é
“Nação e Trabalho”, e uma das suas medidas mais controversas é a restrição da
imigração e inversão dos fluxos migratórios. Já concorreu em vários atos
eleitorais, sempre sem expressão, tendo obtido o seu momento mais mediático
quando os Gato Fedorento “brincaram” com o cartaz colocado na Praça do Marquês
de Pombal, gozando com o seu presidente, José Pinto Coelho.
No
oposto extremo desta ideologia, temos o mais recente partido português, o Partido
pelos Animais e pela Natureza (PAN),
que visa transformar a mentalidade e a sociedade portuguesas e contribuir para
a transformação do mundo de acordo com valores éticos e ecológicos
fundamentais. Tem uma mediática liderança em Paulo Borges, Professor de
Filosofia da Universidade de Lisboa, defensor de Agostinho da Silva e ativista
do Ioga. São uma minoria, mas cada vez mais politizada.
Partidos,
ideias e personalidades não faltam a este rico cenário. Numa altura em que
tanto mal se fala da classe política, deveria a sociedade civil tentar perceber
qual a distância que deve ter perante a sua participação cívica ou política no
dia a dia. Nos Estados Unidos da América, dominados por uma bipolaridade
partidária clara entre centro-esquerda e direita conservadora, 18% da população
está diretamente envolvida na vida política, não sendo necessariamente membros
de partidos.
Em
Portugal o valor é de 1%.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
OuVisto: Apocalyse Now...
Apocalypse Now (1979)
Esta incrível viagem pelo interior da selva em plena Guerra do Vietname, onde um grupo de soldados é enviado para assassinar um enlouquecido Coronel americano, é uma das jóias de Francis Ford Coppola.
Trata-se de um alucinante épico sobre guerra, recriando uma atmosfera realista mas surreal ao mesmo tempo... negro e pesado, mas um dos meus filmes favoritos!
A verdade da guerra junto com a loucura humana - é um cenário muito perto do que realmente deve acontecer...
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Pelo Tempo: "PTP, PAN ou PLD? – Parte I" (2011-05-07)
Ainda
falta muito para o próximo 5 de junho, dia de eleições legislativas, ou por
outro lado, se calhar até falta é pouco. Num período em que as preocupações dos
portugueses se centram no pavor das medidas a implementar pela “troika”, com as
distrações típicas como a morte de Bin Laden ou o passado familiar nos novos
concorrentes do “Peso Pesado”, existirá pouco tempo certamente para a análise,
discussão e introspeção que o país precisa neste momento da sua história.
Seria
interessante se todos, classe política e sociedade civil, demonstrassem um
sinal de evolução no modelo de pensamento social e, num momento de exceção,
existir de facto uma união em torno de um bem comum, e não de ideologias,
desejo de poder ou medo da mudança.
Infelizmente,
neste cenário, e com os atores atuais, parece pouco provável. No entanto, temos
os partidos políticos, com um mapa bastante mais colorido do que
verdadeiramente nos apercebemos. Quem verdadeiramente controla a opinião
pública atualmente são os órgãos de comunicação social, com o óbvio destaque
para a televisão, onde em busca das audiências se proporciona ao telespectador
o que este deseja. E assim se passa ao lado de toda a representatividade
política portuguesa.
Assim,
teremos provavelmente 18 partidos e coligações a concorrer às eleições
legislativas próximas, e não querendo ocupar o que deveria ser o papel da
Comissão Nacional de Eleições, acho pertinente fazer uma rápida viagem pelos que
pretendem ser nossos representantes na Assembleia da República.
Como
na maioria dos países europeus, temos um parlamento representado por várias
forças partidárias, embora historicamente os governos têm sido repartidos entre
o PSD e o PS, ficando o PCP e o CDS-PP com a grande maioria dos restantes votos.
O
Partido Social Democrata (PSD) e o Partido Socialista (PS), formados oficialmente por volta do
25 de Abril de 1974, representam as grandes ideologias sociais-democratas e
socialistas, tendo sido os grandes obreiros da evolução de Portugal desde a revolução.
Geraram a maioria das grandes figuras de estado do país, como Sá Carneiro,
Cavaco Silva ou Mário Soares, e tem estado presentes em todos os governos até
ao momento.
O
Partido Comunista Português (PCP) é
um partido comunista marxista-leninista e a sua organização é baseada no
centralismo democrático. Fundado em 1921, é um dos partidos políticos mais
antigos e com mais história e ainda ativo. Tem estado sempre presente no
parlamento, assim como em algumas autarquias de referência.
O
Centro Democrático Social - Partido Popular (CDS-PP) é inspirado pela democracia cristã e é aberto também a
conservadores e liberais clássicos. Já integrou governos, sempre em coligação,
à direita e à esquerda. Tem no forte e carismático líder Paulo Portas um
importante chamariz de votos, assim como se torna recetáculo dos desiludidos à
direita e centro-esquerda.
A
mais recente força representativa dos portugueses é o Bloco de Esquerda (BE), nascido em 1998, da fusão de três
forças políticas: a União Democrática Popular (UDP), o Partido Socialista
Revolucionário (PSR) e a Política XXI, de origens socialistas, trotskistas e
marxistas. Ganhou o seu lugar, dando uma nova frescura à esquerda ideológica em
Portugal, e seguindo um instinto verdadeiramente humano: a união faz a força!
Ao não querer participar nas negociações da “troika” e com um discurso mais
extremado, pode perder alguns eleitores de esquerda moderada.
Tendo
aparecido sempre em coligação, o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), foi fundado em 1982, e faz parte
de uma história recente intermédia da política portuguesa. Tem estado quase
sempre desde o seu início representado na Assembleia, via APU e CDU, e são os
representantes mais visíveis do movimento ecológico em Portugal. Poderiam
talvez conquistar mais respeito e votantes se concorressem sozinhos, embora
talvez não conseguissem ser ouvidos…
Um
dos grandes clássicos e verdadeiro símbolo de resiliência é o Partido Comunista
dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP),
de inspiração maoísta e fundado em 1976. Com grande atividade e espírito
reivindicativo, tornou conhecidos os nomes de Arnaldo Matos e Garcia Pereira,
mas por lá passaram muitas personalidades ainda hoje ligadas à vida política
nacional, como Durão Barroso, Fernando Rosas ou Ana Gomes.
Outro
clássico, embora com menos visibilidade, é o Partido Operário de Unidade
Socialista (POUS), de ideologia
trotskista, que defende a rutura com a União Europeia e a proibição dos
despedimentos. Fundado em 1976, por elementos divergentes do PS, ainda hoje em
dia são liderados por um dos fundadores, Carmelinda Pereira. Entre 1994 e 1999
mudou o seu nome para Movimento para a Unidade dos Trabalhadores (MUT), tendo
depois retomado o nome original, assim como o seu símbolo: o punho!
Um
dos partidos do que se pode intitular a “nova vaga” é o Partido Humanista (PH), fundado em 1999, de ideologia
“Novo Humanismo”. Nunca teve assento parlamentar, mas em 2009 concorreu às
legislativas em coligação com o MPT, e participarão nas próximas eleições em
oito círculos. A forma de atuar dos humanistas pode resumir-se na seguinte
frase: "Eu melhoro a minha situação
enquanto trabalho para melhorar a situação de outros". A sua ação
baseia-se na não-violência, na reciprocidade, e na ação voluntária e solidária.
Paz e amor.
(Continua…)
PS: nem de propósito, aproximam-se novamente eleições... e importantes.
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
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