Nada
mais previsível do que cliché repetido… mas não consigo evitar
de partilhar esta pesquisa de fim-de-ano que realizo sistemicamente
em todos os Dezembros. Assim, lá fui pesquisando nas últimas
semanas as habituais revistas de referência musical, entanto
abranger a maior diversidade possível, em edições
norte-americanas, europeias e portuguesas.
Como
as informações, embora breves e amadoras, são muitas, tenho de
dividir o texto em dois artigos, nomeadamente às listas
internacional e nacional. Também não custa referir que se as listas
fossem baseadas nos tops de vendas, teríamos aqui nomes como
Rhianna, Taylor Swift ou Tony Carreira, todos grandes músicos e de
carreiras populares imensas – mas o que se procura é apresentar o
que de melhor a nível musical se produziu, segundo os críticos da
especialidade.
As
revistas consultadas para a cena internacional foram a New Music
Express, Rolling Stone, Spin, UNCUT, Paste Magazine e a Magic RPM,
abrangendo bastantes áreas e estilos musicais. Aliás, torna-se esta
uma excelente forma de descobrir novos sons, pelo menos para mim…
que resultou nesta lista:
10.
Alt-J: “An Awesome Wave”.
Fresco trabalho destes jovens ingleses, com o seu primeiro álbum de
estúdio. Singularmente divertido e acessível.
9.
Grimes: “Visions”.
Trabalho da experimentalista canadiana, complexo, mas muito bonito e
provocante q.b., recheado de uma duvidosa estética futurista.
8.
Bob Dylan: “Tempest”. Um
regresso é um regresso, e Bob Dylan mantém a sua linguagem, embora,
como o título indica, algo mais tempestuoso.
7.
Jack White: “Blunderbuss”.
Primeiro trabalho a solo do vocalista dos White Stripes, muito bem
recebido pela crítica e pelo público, também se mantém fiel ao
seu rock sentido, emotivo e singelo.
6.
Grizzly Bear: “Shields”.
Quarteto indie norte-americano, lançam o seu quarto álbum, mais
complexo e rico, com um pop-rock introspetivo, mas não estático.
5.
Japandroids: “Celebration Rock”.
Está na moda o punk
com toques de rock clássico, muito bem executado aqui por este duo
canadiano. Enérgico e estimulante.
4.
Fiona Apple: “The Idler Wheel Is Wiser…”.
Outro regresso, da aclamada artista “alternativa”
norte-americana, já nomeada para Grammy com este disco. Apenas com 4
álbuns de estúdio, esta poetisa da música nunca deixa de encantar.
3.
Tame Impala: “Lonerism”.
Segundo álbum destes psicadélicos australianos, de uma sonoridade
pop
lembrando os anos 60 e 70. Obrigado Kevin Parker.
2.
Kendrick Lamar: “good kid, m.A.A.d city”.
Ao ritmo de uma autobiografia, Lamar vai-nos contando as peripécias
da sua vida em Compton (Califórnia), numa fascinante narrativa em
hip-hop suave e lírico, onde as rimas criam uma atmosfera entre o
real e o onírico, onde se incluem pequenos trechos reais de
conversas e histórias da sua vida. Disco vital de 2012!
1.
Frank Ocean: “Channel Orange”.
Este é o disco do ano, sem dúvida o mais referido nas leituras
realizadas, apanhando a importante boleia de Jay-Z e Kanye West,
comprovando que o som hip-hop e soul está de facto na moda, onde
criando um bonito e sentido álbum, atinge também níveis muito
interessantes de vendas, como Kendrick Lamar, aliás. Apresenta-nos
uma mistura ideal: a sensibilidade de um cantautor recheado de
poética, com a afetividade do soul – objetivo para onde os últimos
anos de experimentalismo do hip-hop vinham encaminhando… Elegante,
inteligente, lírico e sofisticado.
Junta-se
assim aos álbuns de 2010 (Kanye West: “My Beautiful Dark Twisted
Fantasy) e 2011 (PJ Harvey: “Let England Shake”). No entanto são
ainda de referir os trabalhos de Bruce Springstenn, dos Chromatics, o
regresso de Bill Fay e o fantástico álbum dos Swans. A título
pessoal, destacaria “Bloom”, dos Beach House, assim como o disco
de estreia dos açorianos October Flight, já com visibilidade
nacional.
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