terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Resta-nos Sempre a Música...

A pedido de muitos núcleos familiares, e algumas insistências institucionais, volto a partilhar a minha experiência com a música ao longo do ano que terminou, com cada vez menos tempo disponível e cada vez mais projetos a surgirem.
Sendo o quinto ano que opino sobre alguns projetos musicais internacionais e nacionais, já me apercebi que os jornalistas da especialidade têm a tendência de dizer que "2010 foi um grande ano" ou "2013 foi cheio de surpresas" – pois para 2014 o cenário é meio desmoralizador, afirmando alguns que foi um "ano morno" ou "sem grandes surpresas".
Não compreendo como, pois cada vez mais surgem novos artistas, tornando-se incomportável acompanhar todas as tendências e novidades, numa época de intenso desenvolvimento tecnológico em relação às artes e à criatividade...
Então: de acordo com as tabelas da crítica musical internacional, dois discos dominam o panorama, nomeadamente o rap alternativo em Run the Jewels 2 (resultando do encontro de El-P com Killer Mike) e Lost in the Dream dos The War on Drugs.
Outro destaque terá de ir obrigatoriamente para o álbum Syro, de Aphex Twin, que finalmente obtém o mérito generalizado e merecido a nível mundial, sendo um ídolo para todos os amantes da música eletrónica, principalmente da mais industrial e experimental. Não lançava um disco de originais desde 2001!
Acho que é justo destacar brevemente os álbuns It's Album Time de Todd Terje (uma deliciosa e inteligente eletrónica suave), o trabalho homónimo de St. Vincent, cada vez mais profunda e indelével, e ainda Our Love, dos agora extremamente dançáveis Caribou (mais eletrónica...).
Para rematar o cenário internacional, os meus preferidos: To Be Kind, dos Swan, que teve uma aceitação muito boa na crítica e nas tabelas finais do ano; e o inevitável disco do ano: Benji, dos maravilhosos Sun Kil Moon, liderados por Mark Kozelec. Trata-se de um disco com contornos mágicos, desde logo o título, retirado assumidamente do filme sobre um dos mais amados cachorros da história do cinema, e que nos leva numa mágica e serena viagem pelo mundo das letras e do folk contemporâneo.
Outra saborosa curiosidade, que nem o próprio músico (antigo líder dos míticos Red House Painters) sabe explicar, que é a relação com Portugal, pois a sua editora chama-se "Caldo Verde Records" e neste álbum é utilizada mais do que uma vez a guitarra portuguesa, tocada pelo próprio Kozelec...
Já vai longa a explanação auditiva, mas queria ainda referir os projetos Perfume Genius e Future Islands, e a minha última aquisição, Black Messiah por D'Angelo, apenas editado em dezembro e talvez ainda pouco divulgado e conhecido – mas magnífico! Hip-Hop, Soul e Funk de intervenção e introspeção...
A nível nacional vivemos o ano da Capicua, pois a rapper portuense saiu da sombra dos fãs do hip-hop para o reconhecimento generalizado – deliciosa! Impossível não referir também os trabalhos de Capitão Fausto (Pesar Sol), Dead Combo (A Bunch of Meninos) e Sensible Soccers (8).
E porque não uma secção regional? Aí teria de realçar os jovens Sara Cruz e Rubeshe Silva (DL-Jay), e ainda a organização do Festival Tremor, que tanta qualidade e inovação trouxeram a Ponta Delgada (nota: começar a pensar em fazer perninhas noutras ilhas...).

PS. Visto que quase 20 dias após o envio deste artigo de opinião, num espírito de partilha, para a imprensa escrita da Terceira, e nenhum interesse ter despoletado, decido obviamente a divulgação modesta via blogue. É assim.

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