Felizmente
ao longo dos últimos anos, principalmente a partir dos anos 90, os
governos e a sociedade tem vindo a olhar para a arte e cultura em
geral com outros olhos, compreendendo o seu papel e importância para
o desenvolvimento socioeconómico das comunidades modernas.
Passou
a perceber-se e a aceitar que é uma área com regras próprias, com
as suas condutas, as suas especificidades, levando a que as pessoas
que nela estão envolvidas se vão tornando especialistas ou
conhecedoras dessas suas características.
Existe
um número cada vez maior de profissionais da cultura, que se formam,
trabalham e aprendem diariamente com atividades que consideramos
culturais. Desde os programadores culturais, aos responsáveis pela
logística, passando pelos técnicos de som e luz, e aos artistas,
evidentemente, representando um extenso grupo profissional, e que
muito tem batalhado pelo seu reconhecimento legal.
E
um dos aspetos mais importantes em toda a atividade em torno da arte
e cultura, por parte dos artistas e restantes agentes, é a sua
democratização, ou seja, torná-la acessível a todos, promovendo
valores culturais humanistas e críticos.
E
é com base na participação popular, da sociedade civil, que essa
democratização tem de evoluir, pois se as grandes decisões
relacionadas com as políticas culturais centrais são da
responsabilidade dos governos (centrais e regionais), é sobre a
esfera pública que recai a responsabilidade da iniciativa e
criatividade em eventos, momentos e intervenções, com destaque
óbvio para as associações culturais e cooperativas.
Quanto
mais os eventos e os trabalhos artísticos se aproximarem das
pessoas, quanto mais “fácil” for ao público conhecer e
compreender os trabalhos apresentados, mais pensaremos e
questionaremos os aspetos importantes da vida, originando uma
discussão permanente tendo em vista uma melhoria das condições
civilizacionais. Assim, quanto mais acesso à cultura, melhor
democracia.
PS. Texto de 2011, com a sempre curiosa intemporalidade do assunto...
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