quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Os Simpsons, segundo Banksy (2010-11-12)

Há mais de vinte anos que a maluca família dos Simpsons nos entra pela casa dentro, numa bem conseguida paródia satírica do estilo de vida da classe média nos Estados Unidos da América, assim como de vários aspectos da condição humana.
Sobreviveu todo esse período, com os normais altos e baixos de um programa de televisão, críticas de perca de qualidade, mas sempre mantendo uma irreverência que é a sua identidade, como afirmam os próprios criadores, admitindo ser um espaço de comédia arriscada, mas nunca pessoal, apenas com piada!
E foi nesse espírito que pela primeira vez convidaram alguém externo à equipa para desenhar uma sequência completa da abertura do programa, e quem melhor do que o jovem e também irreverente artista inglês de graffiti Banksy. Este, com total liberdade por parte dos editores, resolveu criar uma forte crítica aos supostos métodos de trabalho das grandes empresas norte-americanas, mostrando imagens animadas de trabalhadores asiáticos, presos numa cave húmida, fazendo filmes, brinquedos e DVD’s da marca Simpsons.
A sequência termina, como sempre, com a família a sentar-se no sofá da sala, onde vai começar a assistir à sua própria série, que sempre foi considerado pelos escritores dos Simpsons como mais uma oportunidade para inserir uma piada.
Esta transmissão causou imediatamente muito furor e muito se escreveu nos órgãos de comunicação social de todo o mundo, sobre um assunto já muito denunciado, mas ainda real – a utilização de mão-de-obra infantil e praticamente escravizada nos países do terceiro mundo.
E o artista em questão? Também já ele alvo de várias tentativas de processos judiciais, o que não tem sido possível, pois ninguém sabe a sua verdadeira identidade, Banksy é artista e criador de graffiti britânico, e tem vindo a conquistar grande sucesso nos últimos anos, fazendo trabalhos em stencil (tinta em spray por cima de molde em cartão) pelas ruas da cidade de Bristol e Londres.
Para todos os efeitos, e devido ao cariz interventivo do seu trabalho, é também um activista político, baseando a sua satírica arte em análise da sociedade actual. Expulso da escola aos 14 anos de idade, esteve também preso por pequenos delitos, mas sempre tem conseguido manter a sua identidade secreta, sempre com uma capuz sobre a cabeça e cara tapada.
Em 2006 vendeu um trabalho à cantora norte-americana Christina Aguilera de uma imagem da Rainha Vitória com uma “atitude” lésbica por 28 mil euros, e em Fevereiro de 2007, vendeu o trabalho “Bombing Middle England” por 113 mil euros num leilão na Sotheby de Londres – impressionante para um artista de rua!
Além de cinco livros editados em nome próprio e já três obras sobre ele, lançou ainda este ano um documentário relacionado com os graffiti, intitulado “Exit Through the Gift Shop”, que tem tido excelentes críticas, sendo naturalmente polémico e independente na sua realização e transmissão de ideias.
E em 2010 encontra os Simpsons.



PS. I Lova Banksy



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