terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Pelo Tempo: "O Regresso da Nova Ordem" (2011-09-09)


É um regresso feliz, e não apocalíptico, como em certas teorias da conspiração ou de política global, como o título poderia indicar. Trata-se do regresso da banda New Order aos palcos, mais especificamente na Bélgica e em França, para dois concertos em outubro deste ano.
A origem do evento tem razões menos felizes, pois trata-se de um concerto com vista a angariar dinheiro para apoiar Michael Shamberg, produtor dos vídeos da banda, gravemente doente desde 2005. Dos elementos originais, apenas Peter Hook não se juntará à homenagem, pois desde que saiu da banda em 2007, nunca conseguiu ultrapassar os desentendimentos que provocaram a cisão.
Os New Order tiveram de facto um impacto que vai para além das suas músicas mais famosas (todos os que passaram por uma pista de dança nos anos 80 ou 90 conhecem, mas podem não associar), pois abriram as portas a uma liberdade criativa e energética de um Pop/Rock Eletro que dominou e ainda domina a cena musical mundial.
Formaram-se em Manchester, na Grã-Bretanha, em 1980, pelos restantes elementos da também mítica banda Joy Division, e após a morte de Ian Curtis, o não menos carismático vocalista, que se suicidou aos 23 anos, como retratado no filme Control (2007).
Tornaram-se de facto o expoente máximo da fusão entre o rock e a música eletrónica, com um forte ritmo de dança, sendo as principais referências desta área, juntamente talvez com Depeche Mode e Kraftwerk.
Após o lançamento de vários singles de relativo sucesso, numa lógica de música de dança, e com muito êxito nos clubes ingleses, surge o primeiro álbum de estúdio, “Movement” (1981), que fazia um género de transição entre Joy Division e New Order, com um som puramente eletrónico, mas com origens no rock.
O grande lançamento da banda tornou-se o single “Blue Monday” (1982), posteriormente integrado no segundo álbum dos New Order, o fantástico “Power, Corrution and Lies” (1983). Ainda hoje em dia é o single mais vendido no mundo, e com a duração de sete minutos e meio, longo para a época. Rodou por todos os clubes da moda em Londres, Nova Iorque e Paris, influenciando a cena Synhtpop (pop com sintetizadores…), ajudando à explosão dos teclados, tornando, por exemplo, os Pet Shop Boys numa das bandas mais conhecidas do planeta.
Em 1987 lançam um dos seus álbuns mais vendidos e conhecidos, “Substance”, que se tratava de uma compilação de todos os singles até ao momento, tornando-se na confirmação mundial do sucesso dos New Order.
Até 1994 continuam a produzir discos de estúdio, sempre com uma orientação rock, pop e eletrónica, virada para a música de dança. Em 1995, voltam a editar uma coletânea, desta vez com alguns remixes e inclusão de músicas que marcadamente definiam a banda. Foi o seu disco mais vendido de sempre, “(The Best Of) New Order”.
A partir de então, diminuíram a sua produtividade, e apenas três anos depois voltam a gravar em estúdio. Nova pausa, e regressam aos álbuns em 2001, com “Get Ready”, onde foi notório uma grande alteração no seu som, muito mais à base de guitarra, como se nota também em “Waiting for the Siren’s Call” (2005), o último álbum da banda.
Depois veio o reconhecimento: no mesmo ano ganham o prémio God Like Genius e a inclusão, juntamente com os Joy Division, no UK Music Hall of Fame. De facto, depois da saída de Hook, nunca mais houve consenso, mas para todos os efeitos, a banda continua a existir, e quem sabe a preparar alguma surpresa. Infelizmente, que eu tenha conhecimento, apenas tocaram uma vez em Portugal, durante a edição do Super Bock Super Rock de 2005. Tal pena.
Juntamente a todo este sucesso, a banda teve, nos anos 90, o que se tornou o clube mais famoso da Grã-Bretanha, o Hacienda, onde testavam obviamente os seus sons, como pode ser visto no documentário “New Order Story” (1993) ou no sucesso de Michael Winterbottm “24 Hour Party People” (A Festa Nunca Termina, 2002).

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