terça-feira, 28 de agosto de 2012

Pelo Tempo: "PTP, PAN ou PLD? – Parte II" (2011-05-10)


Nesta segunda parte da viagem pelo panorama político-partidário português, começo pelo único partido de cariz regional aceite em Portugal, o “nosso” Partido Democrático do Atlântico (PDA), fundado já em 1979, e presidido atualmente por Manuel Costa. Denomina-se de centro, mas luta fundamentalmente por uma autonomia mais ampla das regiões autónomas portuguesas (Açores e Madeira). Concorre em todos os círculos dos Açores, assim como por Lisboa, onde já tem uma filial. Também no norte do país aparece em alguns círculos, mas numa pouco ortodoxa coligação com o Movimento Partido do Norte, sendo que os elementos deste movimento (não aceite como partido) concorrem como independentes…
Outra das novidades, embora já tenha participado nas últimas eleições, é o Partido Trabalhista Português (PTP), de centro-esquerda. É já a quarta edição de um partido trabalhista em Portugal, todos entretanto extintos. Mas pode ser que dure algum tempo, pois realizou uma grande contratação no mercado de inverno: José Manuel Coelho é o novo vice-presidente, tendo recentemente afirmado que quer eleger um grupo parlamentar nas legislativas de 5 de junho e “varrer os deputados corruptos do sistema”.
O Partido da Terra (MPT), originalmente chamado de Movimento o Partido da Terra, é um partido ambientalista e ruralista fundado em 1993 por Gonçalo Ribeiro Telles. Assume-se como partido ecologista, tendo por base o humanismo e a solidariedade.
Outro nos novos partidos, e já com alguma dinâmica e impacto na sociedade portuguesa, é o Movimento Esperança Portugal (MEP), sendo o 16.º partido político português, com um posicionamento ao centro. A sua relativa visibilidade deve-se fundamentalmente ao seu líder, Rui Marques, médico e escritor, antigo alto-comissário para a Imigração e Diálogo Intercultural, ativista e empresário português. Fundado em 2008, o MEP defende os princípios e valores do humanismo, cultivando assim os referenciais do bem comum, da solidariedade social, da economia social de mercado, da subsidiariedade e da democracia.
Também muito recente é o Partido Liberal-Democrata (PLD), originalmente denominado Movimento Mérito e Sociedade (MMS), existe desde 2007, sendo liderado desde o início por Eduardo Correia, tendo já concorrido a três atos eleitorais. Tem uma estratégia de comunicação muito bem elaborada, sendo a sua nova cor o azul-marinho – não fosse o seu fundador mestre em Marketing e doutor em Finanças. Este professor do ISCTE aposta a base do seu manifesto na “meritocracia” e num forte investimento na educação e formação.
O Portugal Pro Vida (PPV) é um recém-criado partido (2009), que defende os princípios da doutrina social da Igreja. Composto por pessoas de todos os quadrantes políticos, embora maioritariamente da direita conservadora, defende a revogação da lei do aborto, das recentes alterações à lei do divórcio verificadas em Portugal, e a manutenção da proibição da eutanásia. No campo da cidadania, o partido defende o voto sem limite de idade e o reconhecimento da objeção de consciência dos contribuintes - estes últimos devem poder especificar quais os usos a dar aos seus impostos.
Um dos partidos que se formou também por volta do 25 de Abril é o Partido Popular Monárquico (PPM), por iniciativa da Convergência Monárquica. Já esteve representado na Assembleia da República, mas no entanto pretende o regresso à monarquia constitucional… Actualmente tem o seu centro nevrálgico nos Açores.
De Manuel Monteiro ficou-nos a Nova Democracia (PND), fundado em 2003, de cariz conservador-liberal e eurocético, assumido defensor de um sistema presidencialista. Já participou em vários atos eleitorais, mas sempre com um resultado muito reservado, isto é, à exceção dos sucessos que José Manuel Coelho teve nas regionais da Madeira e nas últimas presidenciais.
Quase por último, temos o Partido Nacional Renovador (PNR), o único partido político português nacionalista. O seu lema é “Nação e Trabalho”, e uma das suas medidas mais controversas é a restrição da imigração e inversão dos fluxos migratórios. Já concorreu em vários atos eleitorais, sempre sem expressão, tendo obtido o seu momento mais mediático quando os Gato Fedorento “brincaram” com o cartaz colocado na Praça do Marquês de Pombal, gozando com o seu presidente, José Pinto Coelho.
No oposto extremo desta ideologia, temos o mais recente partido português, o Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN), que visa transformar a mentalidade e a sociedade portuguesas e contribuir para a transformação do mundo de acordo com valores éticos e ecológicos fundamentais. Tem uma mediática liderança em Paulo Borges, Professor de Filosofia da Universidade de Lisboa, defensor de Agostinho da Silva e ativista do Ioga. São uma minoria, mas cada vez mais politizada.
Partidos, ideias e personalidades não faltam a este rico cenário. Numa altura em que tanto mal se fala da classe política, deveria a sociedade civil tentar perceber qual a distância que deve ter perante a sua participação cívica ou política no dia a dia. Nos Estados Unidos da América, dominados por uma bipolaridade partidária clara entre centro-esquerda e direita conservadora, 18% da população está diretamente envolvida na vida política, não sendo necessariamente membros de partidos.
Em Portugal o valor é de 1%.

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