terça-feira, 17 de novembro de 2015

Pelo Tempo: "Os Sons de 2012 – Nacional" (2013-11-01)

[Para matar saudade dos sons que descobri...]

Na sequência do último artigo, dedico-me agora aos discos mais referidos nas revistas da especialidade portuguesas, assim como às listas de melhores álbuns do ano. Não é tão fácil como a nível internacional, não existindo massa suficiente de crítica e análise musical.

Mesmo assim, cada vez mais se escreve sobre música, com uma “crítica de autor” de jovens jornalistas, sobre um vasto número de criativos projetos musicais em Portugal, assistindo-se ainda à consolidação de uma nova geração de valores.

Esta lista pretende apresentar os melhores álbuns nacionais do ano, com base na crítica especializada, que procura destacar os melhores trabalhos: os mais sensíveis, mais criativos, ou seja, a melhor música em detrimento dos mais vendidos (embora não sejam aspetos incompatíveis…).

As revistas consultadas foram a P3 (Público), Bodyspace e Blitz, sendo as únicas que apresentam uma lista com classificação. Vários sítios online foram também tidos em consideração, pelo número de menções que os álbuns tiveram, destacando-se sempre um fator comum: a edição de muitos trabalhos em 2012, por jovens artistas, muitos deles em estreia. A lista é então a seguinte:

10. Supernada: “Nada é impossível”. Aproveitando a boleia do revivalismo dos Ornatos Violeta, o atual projeto de Manuel Cruz apresenta um poderoso trabalho, com a irreverência roqueira do costume.

9. Carminho: “Alma”. Uma das melhores representantes da nova música portuguesa de cariz internacional, atingindo um sucesso merecido, com base na intensidade, verdade e emoção que coloca nas suas canções.

8. B Fachada: “Criôlo”. Bernardo Fachada não para, nem de gravar, nem de nos surpreender. A qualidade e a consistência juntam-se à originalidade, agora com ritmos africanos e cheio de estilo.

7. Pega Monstro: “Pega Monstro”. Portugal também tinha direito a uma banda de duas irmãs, low-fi e slow-core – aí temos as Pega Monstro, em álbum homónimo, com a atitude punk o suficiente. Inovador e refrescante.

6. António Zambujo: “Quinto”. Outro genuíno representante de Portugal, também com bases no fado, mas já muito mais do que isso. A sua qualidade consolida-se neste quinto disco.

5. Diabo na Cruz: “Roque Popular”. Segundo projeto de Jorge Cruz, onde nos apresenta uma excelente fusão entre rock e folk, com base nas tradições portuguesas, respingadíssima de toques contemporâneos. Uma nacionalista mistura de rural e urbano.

4. Capicua: “Capicua”. Com o apoio de Sam The Kid, temos também agora uma boa MC feminina, representando o que de melhor se faz no hip-hop contemporâneo em Portugal. Uma voz do Porto, do Povo e com Coração.

3. Norberto Lobo: “Mel Azul”. Neste seu terceiro álbum, Norberto Lobo demonstra novamente que o experimentalismo é uma das mais poderosas ferramentas poéticas que a música pode utilizar, livre e descomprometida, mas com uma suavidade improvisada, embora muito trabalhada. Os seus solos de guitarra são uma delícia inspiradora e de introspeção, nunca monótonos, com um dedilhar que se imagina intenso. Não conhecia. Agora adoro.

2. Orelha Negra: "Orelha Negra". Original e necessário coletivo português, com destaque para Sam The Kid e DJ Cruzfader, trouxe-nos um groove bem desejado. Em bonitas homenagens ao hip-hop e à cultura urbana em geral, tornam a vida mais sofrível e certamente mais musical. Ficou em segundo lugar, mas certamente no primeiro de muitos amantes da música.

1. Black Bombaim: "Titans". Para destronar o álbum do Orelha Negra, só mesmo o fantástico trabalho dos Black Bombaim. Este trio de Barcelos produz um som universal, com um rock psicadélico, numa atmosfera intensa, mas com tempo para introspeção. Faz lembrar e pensar no que de melhor se faz nesta área, estando inclusive convidados para atuarem no Roadburn, o principal festival do género no mundo (Holanda). Belíssima surpresa.


Sem comentários:

Enviar um comentário