quinta-feira, 15 de março de 2012

E já agora, 2011! (2011-01-15)


Voltando à mesma lógica cliché, a seguir ao TOP de 2010, o que se espera de 2011! Felizmente no mundo da arte esperar algo para um ano seria mau, pois o espontâneo é essencial no mundo das artes.
Existem no entanto alguns projetos, com mais ou menos perspetivas de marketing, que vão sendo falados nas redes sociais e nos órgãos de comunicação social especializados, que merecem alguma atenção e divulgação.
Comecemos pela música, sempre de mais fácil comunicação e abrangência, mesmo sem ser da vertente mais comercial. Durante o ano de 2011, os norte-americanos Flaming Lips vão lançar uma música nova por mês, embora ainda não tenham decidido como: via download, singles em CD ou então em caixas de cereais!
A principal razão, segundo Wayne Coyne, o líder da banda, é que “passar mais dois anos a tocar as mesmas 13 músicas – é f*****", em entrevista à revista Rolling Stone. Esta banda, formada em 1983, é uma das mais aclamadas do rock alternativo dos Estados Unidos, conhecidos pelo seu estilo psicadélico e espetáculos elaborados, com fatos, bonecos, vídeos e complexos jogos de iluminação. O seu percurso é de facto deliciosamente estranho, sempre com uma postura pop, onde a melhor imagem que se pode dar dela, sem a ouvir, é a de uma pastilha elástica com ácido, do som mais melódico ao barulho mais incómodo, mas firmemente originais. De olhos nos cereais então!
Ainda na música, temos em Portugal uma feliz e orgulhosa coincidência, cada vez mais possível devido ao elevado nível que a programação cultural atingiu: dois grandes concertos no mesmo dia: a 25 de maio temos PJ Harvey em Lisboa e Philip Glass no Porto.
A primeira, já com os dois concertos esgotados (25 e 26, na Aula Magna), foi uma das artistas inglesas mais marcantes da década de 90, influenciando vários artistas da sua época e gerações seguintes de todo o planeta, sendo um verdadeiro ícone rock
No Porto, mais especificamente na Casa da Música, apresenta-se Philip Glass, um dos mais importantes compositores minimalistas deste século nos Estados Unidos. Trabalhando desde os anos 60, tem uma vastíssima obra, tendo produzido trabalhos como óperas, sinfonias, bandas sonoras e alguns trabalhos com outros músicos como Brian Eno ou Mike Oldfield. O destaque a nível das várias bandas sonoras criadas vai para a trilogia de documentários de Godfrey Reggio: Koyaanisqatsi (1982), Powaqqatsi (1988) e Naqoyqatsi (2002). Possui também um estúdio de gravação, por onde já passaram artistas como David Bowie, Lou Reed e Björk.
Passando para o universo vídeo, nomeadamente televisão e cinema, recebemos uma boa notícia: entre tantos concursos televisivos onde se tenta dar oportunidades a jovens artistas, chegou agora a vez do cinema. A iniciativa é, como seria de esperar, da RTP2, no programa “Fá-las Curtas”, e teve já a sua estreia neste mês de janeiro.
Esta busca por novos talentos do cinema faz-se pela produção de curtas-metragens de ficção, onde em cada episódio duas duplas de realizadores criam um filme em três dias, no mesmo cenário e com dois atores conhecidos, assim como recebem apoio ao nível de guarda-roupa e maquilhagem. No fim, os realizadores Joaquim Leitão e João Garção Borges avaliam as curtas e escolhem a dupla vencedora, que passam à fase seguinte.
A apresentação é de Filomena Cautela (do “5 Para a Meia Noite”), e vai para o ar aos Sábados, pelas 20h00, na RTP2, com um interessante prémio final de 10.000 euros, tendo em vista a produção de uma curta-metragem para a própria RTP, ao qual concorreram 78 duplas de jovens realizadores.
Esperemos também que a edição do concurso LabJovem 2011 tenha um elevado número de participantes, neste que se tornou o principal veículo de afirmação e descoberta de novos valores nas artes nos Açores.
Realizando-se em anos alternados (um ano para concurso, e no seguinte para a mostra dos escolhidos), vai já na terceira edição, num projeto que se baseia na promoção e incentivo de jovens criadores de várias áreas artísticas, geralmente contemplando áreas como as artes plásticas, dança, teatro, design ou fotografia.
Aos trabalhados escolhidos tem sido atribuídas bolsas de estudo no estrangeiro e em Portugal, que muito feedback positivo tem gerado. É promovido pela Direção Regional da Juventude e organizado pela Associação Cultural Burra de Milho, realizando-se aproximadamente entre maio e outubro.
Para concluir, algo mais institucional, e numa área que muito apoio tem necessitado, a fotografia. Foi recentemente anunciado pelo Ministério da Cultura que estabeleceu um protocolo com a associação cultural “Encontros da Imagem”, com vista a apoiar a participação de Portugal na 21.ª Edição do Festival de Fotografia de Bratislava, assim como para a realização de uma Mostra de Fotografia Portuguesa, no âmbito das comemorações do ano de Portugal no Brasil em 2012.
Com este apoio no valor de 40.000 euros, o Ministério da Cultura pretende sublinhar o seu apoio ao desenvolvimento de estruturas culturais nos diversos domínios artísticos, e a importância de projetar e afirmar a Fotografia portuguesa nos circuitos internacionais. Assim sim!

Miguel Rosa Costa


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