Confirmando-se todo este
cenário de transferências entre canais de televisão, públicos e privados, o
mercado do futebol acabou de encontrar com quem competir pelo ridículo dos
valores envolvidos… ok, ainda temos os gestores públicos, mas isso exige outra
abordagem.
Este momento em particular,
que é reflexo de uma longa evolução do poder da televisão, tem o seu início com
o regresso de Pais do Amaral à ribalta da comunicação, ao adquirir 10% da Media
Capital, empresa detentora da TVI.
O absurdo começa desde logo
pelo valor pago: 35 milhões de euros! Não digo que não seja o verdadeiro valor
de mercado, ou que até se venha a tornar num excelente investimento para Pais
do Amaral, o que impressiona é o valor envolvido perante este cenário de crise
e de dificuldades a longo prazo em que a sociedade portuguesa se encontra.
Voltando do negócio em si,
começou pela reestruturação da administração, pois é necessário colocar pessoas
que salvaguardem um investimento dessa monta. De seguida, e após a anunciada
demissão de Júlio Magalhães, que tal roubar a direção de informação do canal
público, a RTP.
Falamos nada menos, nada
mais do que José Alberto Carvalho e Judite Sousa, esta última funcionária da
casa há 30 anos! Mas além destes, parece que o convite se estendeu ainda a
outros elementos menos colunáveis, mas de extrema valia, e que em princípio
seguirão os passos dos seus superiores. Será que existe um medo real de o canal
público baixar os ordenados?
Segundo um recente estudo da
Eurodata TV Worldwide, chegou-se à conclusão de que cada cidadão europeu
assiste a mais de 3 horas diárias de televisão por dia! É um valor que tem
vindo a crescer alguns minutos por ano, e essa será mesmo a tendência para os
tempos próximos.
Este chamado “prime-time” ou
“horário nobre” é de facto o motor financeiro de uma indústria que vive das
audiências e da fidelização, onde não se procura apresentar a melhor
programação possível, mas sim a que cative mais telespectadores.
Não existem dúvidas, quer estatísticas,
quer académicas: a televisão é a mais poderosa arma cultural do mundo
contemporâneo! É quem rege as tendências; é quem cria e protege/ataca os
líderes políticos, é no fundo, quem mais nos influencia sobre uma visão do
mundo, podendo mesmo influenciar a construção da nossa personalidade!
Três horas por dia é um
poder imenso, e está nas mãos de empresas e profissionais que criaram um grupo
muito fechado, onde se entra através de cunhas e parentescos. Nesse mundo, e a
partir do aparecimento dos canais privados e da proliferação das licenciaturas
em ciências da comunicação, também existem bons profissionais e com capacidades
que se destacam, mas provavelmente são uma minoria e trabalham por detrás das
câmaras.
Sem querer ofender ninguém,
pois porque provavelmente se me oferecessem um cargo desses aceitava (numa
certa altura…), é fácil referir alguns nomes da televisão portuguesa que
representam esse universo negativo descrito até agora, como Serenela Andrade,
Fátima Lopes, Manuela Moura Guedes, Júlia Pinheiro, Catarina Furtado ou Bárbara
Guimarães, para não mencionar outros, muitos outros.
Além da qualidade duvidosa
ou nula de algumas dessas individualidades, ainda temos os valores que recebem:
outro choque perante os verdadeiros valores morais que deveríamos promover, por
exemplo, e segundo o que tem vindo a público em alguns jornais: Manuel Luís
Goucha – 40 mil euros; Fátima Lopes – 35 mil euros; Júlia Pinheiro – 25 mil
euros!
Se nos canais privados, as
opções são “mais” direcionadas para o mercado, já na vertente pública a
abordagem deveria ser muito diferente, mas não o é: Catarina Furtado – 25 mil
euros; Fernando Mendes – 21 mil euros; José Carlos Malato – 20 mil euros; José
Alberto Carvalho, José Rodrigues dos Santos e Judite de Sousa – 15 mil euros
cada!
Não existe maneira de não
concluir essas frases com ponto de exclamação! Como disse Woody Allen, “A vida não imita a arte; imita a má
televisão”.
PS. Um Ano e Tal depois, a saga, obviamente, continua...
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