Voltando à mesma lógica
cliché, a seguir ao TOP de 2010, o que se espera de 2011! Felizmente no mundo
da arte esperar algo para um ano seria mau, pois o espontâneo é essencial no
mundo das artes.
Existem no entanto alguns
projetos, com mais ou menos perspetivas de marketing, que vão sendo falados nas
redes sociais e nos órgãos de comunicação social especializados, que merecem
alguma atenção e divulgação.
Comecemos pela música,
sempre de mais fácil comunicação e abrangência, mesmo sem ser da vertente mais
comercial. Durante o ano de 2011, os norte-americanos Flaming Lips vão lançar
uma música nova por mês, embora ainda não tenham decidido como: via download,
singles em CD ou então em caixas de cereais!
A principal razão, segundo
Wayne Coyne, o líder da banda, é que “passar
mais dois anos a tocar as mesmas 13 músicas – é f*****", em entrevista
à revista Rolling Stone. Esta banda, formada em 1983, é uma das mais aclamadas
do rock alternativo dos Estados Unidos, conhecidos pelo seu estilo psicadélico
e espetáculos elaborados, com fatos, bonecos, vídeos e complexos jogos de
iluminação. O seu percurso é de facto deliciosamente estranho, sempre com uma
postura pop, onde a melhor imagem que se pode dar dela, sem a ouvir, é a de uma
pastilha elástica com ácido, do som mais melódico ao barulho mais incómodo, mas
firmemente originais. De olhos nos cereais então!
Ainda na música, temos em
Portugal uma feliz e orgulhosa coincidência, cada vez mais possível devido ao
elevado nível que a programação cultural atingiu: dois grandes concertos no
mesmo dia: a 25 de maio temos PJ Harvey em Lisboa e Philip Glass no Porto.
A primeira, já com os dois
concertos esgotados (25 e 26, na Aula Magna), foi uma das artistas inglesas
mais marcantes da década de 90, influenciando vários artistas da sua época e
gerações seguintes de todo o planeta, sendo um verdadeiro ícone rock
No Porto, mais
especificamente na Casa da Música, apresenta-se Philip Glass, um dos mais
importantes compositores minimalistas deste século nos Estados Unidos.
Trabalhando desde os anos 60, tem uma vastíssima obra, tendo produzido
trabalhos como óperas, sinfonias, bandas sonoras e alguns trabalhos com outros
músicos como Brian Eno ou Mike Oldfield. O destaque a nível das várias bandas
sonoras criadas vai para a trilogia de documentários de Godfrey Reggio:
Koyaanisqatsi (1982), Powaqqatsi (1988) e Naqoyqatsi (2002). Possui também um
estúdio de gravação, por onde já passaram artistas como David Bowie, Lou Reed e
Björk.
Passando para o universo
vídeo, nomeadamente televisão e cinema, recebemos uma boa notícia: entre tantos
concursos televisivos onde se tenta dar oportunidades a jovens artistas, chegou
agora a vez do cinema. A iniciativa é, como seria de esperar, da RTP2, no
programa “Fá-las Curtas”, e teve já a sua estreia neste mês de janeiro.
Esta busca por novos
talentos do cinema faz-se pela produção de curtas-metragens de ficção, onde em
cada episódio duas duplas de realizadores criam um filme em três dias, no mesmo
cenário e com dois atores conhecidos, assim como recebem apoio ao nível de
guarda-roupa e maquilhagem. No fim, os realizadores Joaquim Leitão e João
Garção Borges avaliam as curtas e escolhem a dupla vencedora, que passam à fase
seguinte.
A apresentação é de Filomena
Cautela (do “5 Para a Meia Noite”), e vai para o ar aos Sábados, pelas 20h00,
na RTP2, com um interessante prémio final de 10.000 euros, tendo em vista a
produção de uma curta-metragem para a própria RTP, ao qual concorreram 78
duplas de jovens realizadores.
Esperemos também que a edição
do concurso LabJovem 2011 tenha um elevado número de participantes, neste que
se tornou o principal veículo de afirmação e descoberta de novos valores nas
artes nos Açores.
Realizando-se em anos
alternados (um ano para concurso, e no seguinte para a mostra dos escolhidos),
vai já na terceira edição, num projeto que se baseia na promoção e incentivo de
jovens criadores de várias áreas artísticas, geralmente contemplando áreas como
as artes plásticas, dança, teatro, design ou fotografia.
Aos trabalhados escolhidos
tem sido atribuídas bolsas de estudo no estrangeiro e em Portugal, que muito
feedback positivo tem gerado. É promovido pela Direção Regional da Juventude e
organizado pela Associação Cultural Burra de Milho, realizando-se aproximadamente
entre maio e outubro.
Para concluir, algo mais
institucional, e numa área que muito apoio tem necessitado, a fotografia. Foi
recentemente anunciado pelo Ministério da Cultura que estabeleceu um protocolo
com a associação cultural “Encontros da Imagem”, com vista a apoiar a
participação de Portugal na 21.ª Edição do Festival de Fotografia de
Bratislava, assim como para a realização de uma Mostra de Fotografia
Portuguesa, no âmbito das comemorações do ano de Portugal no Brasil em 2012.
Com este apoio no valor de
40.000 euros, o Ministério da Cultura pretende sublinhar o seu apoio ao
desenvolvimento de estruturas culturais nos diversos domínios artísticos, e a
importância de projetar e afirmar a Fotografia portuguesa nos circuitos
internacionais. Assim sim!
Miguel
Rosa Costa
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