quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cinema e Vídeo nas Ilhas (2010-11-04)


Foram oito os seleccionados para a categoria de Vídeo do Concurso LabJovem, todos com um nível de criatividade muito interessante, e com a originalidade e irreverência típica dos mais jovens. Sem querer destacar em particular nenhum dos filmes, importa referir que os registos vão desde uma pesada abordagem poética com origem nos pensadores romanos, passando por videoclips de artistas também açorianos até registos mais juvenis e pedagógicos.
Dos oito seleccionados, será justo realçar o 1º classificado, neste feliz caso, uma representante do sexo feminino. Kara Miranda Lawrence nasceu em 1984 no Canadá, descendente de açorianos, especializou-se em cinema de animação, como nos mostra neste concurso com a curta-metragem “Oriana”. Trata-se de uma doce viagem de uma pequena fada, que passa por um mau bocado por não ter cumprido certas regras, mas o melhor é mesmo ver o vídeo, disponível, como todos os outros, entre os dias 15 e 21 de Novembro, no site oficial do concurso, www.labjovem.pt.
Esta jovem artista, além da atribuição de uma bolsa de estudo, recebeu ainda a menção LABCOMUNIDADES, destinada aos projectos seleccionados concebidos por descendentes de açorianos até à 3ª geração, uma novidade desta edição do concurso LabJovem. O júri foi novamente constituído por personagens de referência da cena audiovisual portuguesa, nomeadamente Rui Pereira, gestor e programador de cinema, e desde 2003 um dos directores do Festival Internacional IndieLisboa; Paulo Viveiros, Mestre em Ciências da Comunicação e professor da licenciatura de Cinema, Vídeo e Comunicação Multimédia na Universidade Lusófona; e Gonçalo Tocha, artista multifacetado e realizador irreverente, um dos novos valores da cinematografia portuguesa.
Esta semana passada, entre 31 de Outubro e 7 de Novembro, realizou-se o Festival de Curtas das Ilhas – Faial Film Fest 2010, já na sua 6ª edição, sempre aprimorando o seu formato e conteúdo. Tem vindo desde 2008 a “internacionalizar-se”, embora apenas dirigido ao mercado lusófono e das ilhas do Atlântico, mas numa clara perspectiva de expansão, acarretando ao mesmo tempo o factor de internacionalização dos Açores, algo apenas conseguido em igual dimensão pelo AngraJazz ou COFIT.
Este ano foram aceites a concurso 58 filmes, novo recorde, onde se conta com cerca de uma dezena de produções açorianas, com grande destaque para a ilha do Faial, assim como para a presença de filmes de várias origens da lusofonia, como Brasil ou Cabo Verde (ver www.azoresfilmfestival.org).
As áreas a concurso são a ficção, documentário, animação e experimental, e entre as actividades várias paralelas ao evento, é de destacar a homenagem ao realizador português Manoel de Oliveira, onde foi exibido o seu último filme, “Painéis de São Vicente de Fora – Visão Poética”.
Muito foi feito desde 2005, com a então “1ª Mostra de Filmes Produzidos no Faial”, num entusiasta e dinâmico trabalho feito pelo Cine Clube da Horta, pois apenas com muita dedicação, paixão e tempo se consegue criar um evento assim tão prestigiante para a região. Parabéns à organização!
Para finalizar este pequeno passeio pelas imagens em movimento das nossas ilhas, deve se congratular também a direcção do 9500 Cineclube, em Ponta Delgada, que tem vindo a apresentar uma programação de cinema com muita qualidade e, acima de tudo, com muito cuidado da sua escolha, divulgação e explicação.
Novamente com um grupo de pessoas muito apaixonadas e conhecedoras, trata-se de uma associação cultural sem fins lucrativos que tem como principal objectivo uma intervenção sistemática no âmbito do cinema (e não só), promovendo também actividades paralelas, como formação ou debates.
Destaque para as recentes organizações do Ciclo de Artes Plásticas, Ciclo de Cinema no Feminino e Novo Cinema Holandês, entre outras, que possibilitam aos açorianos em geral, e aos micaelenses em particular, assistirem a cinematografias às quais não teriam hipótese nos sistemas regulares de exibição (ver mais em www.9500cineclube.blogspot.com).
Os Açores sempre foram uma região com uma grande paixão pelo cinema, com altos e baixos como todas as áreas. Utilizando a recente metáfora de Mário Soares em relação aos políticos portugueses e ao vinho, pode-se dizer que nos Açores tivemos este ano uma excelente colheita!

Nota: passou-se mais um ano, cheios de sucesso pelas respectivas organizações. Um bom sinal de continuidade e de qualidade.

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