Começou bem o ciclo de
filmes organizado pela Associação Cultural Burra de Milho, intitulado
“Amostra-me Cinema Português”, na passada quarta-feira, no Centro Cultural e de
Congressos de Angra do Heroísmo. Com este ciclo pretende-se ao longo do ano exibir
um filme português por mês, sempre a uma quarta-feira, dando a conhecer o
excelente trabalho que se tem feito em Portugal nesta área.
Numa época em que temos de
promover o que é nosso e desenvolver o máximo possível de áreas de crescimento,
o cinema encontra-se de facto numa onda positiva, com vários prémios
internacionais para realizadores portugueses, como o caso do filme desta
quarta-feira, “Angst”, de Graça Castanheira. Depois de ter sido premiado no
CineEco 2011 e no Cineport 2011, este documentário foi premiado no Festival
Cinemed 2011, Festival Internacional de Montpellier (França).
É um filme muito intimista,
onde nos é transmitida a opinião sentida da realizadora, sobre o papel do Homem
no planeta, com base em clássicos grandes planos de poderosas imagens, aliadas
a uma narrativa consistente, de cariz filosófico sobre a actual e futura
situação da humanidade.
As grandes preocupações
partilhadas pela realizadora são a sobrepopulação do planeta e o risco do
esgotamento das energias fósseis, assim como do próprio espaço para vivermos em
sociedade como a entendemos. No entanto, afirmou que gostaria de viver no
século XXII, talvez por acreditar que nos vamos “safar” desta e ter curiosidade
de ver como isso acontecerá.
O título do filme baseia-se
numa curiosa palavra alemã, “Angst”, que significa medo ou ansiedade,
nomeadamente um conflito intenso e interno. A filosofia, mais especificamente
na sua corrente do existencialismo, utiliza o termo para descrever uma profunda
condição de insegurança e medo por parte do ser humano livre, tendo como
principal referência o filósofo Kierkegaard. Ou seja, o medo de falhar perante
Deus, seja em sentido religioso, ou figurado.
Foi talvez para combater
esse medo que Graça Castanheira realizou este filme. Nascida em 1962, em
Angola, é uma das referências actuais do cinema documental em Portugal.
Formou-se em Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema, onde é actualmente
professora, assim como na Restart – Instituto de Criatividade, Artes e Novas
Tecnologias.
Já recebeu vários prémios ao
longo da sua carreira, que conta com 10 filmes, e fez parte do grupo fundador
da Associação pelo Documentário, que promove o festival DocLisboa. Desde 2008
que tema sua própria produtora, a Pop Filmes.
De realçar que após a
exibição do filme, a realizadora esteve presente no Centro Cultural de Angra, disponível
para uma breve conversa e troca de impressões com o público presente (cerca de
50 pessoas), onde se mostrou simpática, agradecida e convicta da mensagem do
seu filme.
Ficou bem patente a intenção
e mensagem por parte da Associação Cultural Burra de Milho, ou seja, fazer as
pessoas verem cinema português, e "verem" que é de facto um bom
cinema.
PS. Nos primórdios do Amostram'isse...
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