terça-feira, 20 de novembro de 2012

A Sombra do Vento – leitura de um verão (2011-08-09)


A começar pelo título, o livro que hoje decidi escamotear, fez as delícias do meu verão literário. Não têm abundado os livros lidos por mim nos últimos anos, pelo menos sem cariz académico ou de interesse profissional.
Sou um fã incondicional de Graham Greene, sobre quem já deveria ter escrito, nem que seja apenas pela perspetiva de partilhar um dos autores mais intensos moralmente que já li, assim como um génio da narrativa. Regressando ao texto, nos últimos anos, nenhum outro livro me atraiu ou fascinou tanto como A Sombra do Vento, do agora mediático Carlos Ruiz Zafón.
Lançado em 2001, na continuidade de uma série de livros de cariz juvenil e fantástico, adota um estilo definitivamente adulto e intenso. A história passa-se em Barcelona, cidade já mágica de si, mas ainda mais carismática nas linhas desta obra. Começando em 1945, vamos seguir a história de um jovem, Daniel Sempere, que no seu 11º aniversário é levado pelo seu pai a um lugar que lhe vai mudar a vida: o Cemitério dos Livros Esquecidos, onde depara com um livro com o mesmo título da obra: A Sombra do Vento! Começa a aventura.
Daniel, que perdera a sua mãe poucos anos antes, fica fascinado pelo livro, iniciando uma busca de informações e dados sobre o livro e o seu autor, descobrindo que alguém anda a comprar e destruir todos os exemplares.
Existe de certo uma base que parece levar para o fantástico, tipo Harry Potter ou as profecias de Dan Brown, mas depois a densidade elevada dos personagens remete-nos para outro tipo de leitura, mais profunda, mais humana e nada fantástica.
Acho que se pode fazer um breve resumo, afirmando que reúne técnicas de intriga e suspense, romance histórico e comédia de costumes e valores, sendo no fundo uma trágica história de amor com uma grande força narrativa e uma intriga que se mantém até á última página!
Este livro tornou-se num fenómeno nos últimos anos, tendo atingido a incrível cifra de 6,5 milhões de exemplares vendidos, em cerca de 20 países, e por um autor que se estreava em obras mais adultas, depois das já referidas aventuras de cariz juvenil que tinham obtido algum sucesso.
Desconhecia por completo Ruiz Zafón, e este livro veio parar-me às mãos, ao bom estilo da sua sedutora história, por mero acaso (mais ou menos…), sendo-me oferecido pelo aniversário. E foi um belo presente, pois é de facto um livro que nos faz sonhar.
Carlos Ruiz Zafón nasceu em 1964 em Barcelona, cidade que, segundo me parece, será sempre a base das suas grandes histórias. Em 1993 ganha o seu primeiro prémio, com a obra O Príncipe da Névoa, o seu primeiro livro!
Publicou depois mais quatro romances, sempre de cariz juvenil, até A Sombra do Vento, finalista dos prémios Fernando Lara e Llibreter. Em Portugal foi premiado com as Correntes d’Escritas de 2006.
Durante a sua juventude era conhecido pelos amigos por inventar histórias assustadoras, fascinado por um mundo de robôs, fantasmas e palacetes modernistas. Vive atualmente nos Estados unidos, onde obteve igual sucesso ao nível de vendas e crítica, e escreve também guiões para cinema, mantendo uma colaboração com os jornais El País e La Vanguardia, na sua natural Espanha.
Em 2008 saiu o seu último romance, O Jogo do Anjo, tendo já vendido mais de um milhão de exemplares em Espanha. Talvez seja a minha próxima leitura, daqui a uns seis meses…

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