Nesta
segunda parte da viagem pelo panorama político-partidário português, começo
pelo único partido de cariz regional aceite em Portugal, o “nosso” Partido
Democrático do Atlântico (PDA),
fundado já em 1979, e presidido atualmente por Manuel Costa. Denomina-se de
centro, mas luta fundamentalmente por uma autonomia mais ampla das regiões
autónomas portuguesas (Açores e Madeira). Concorre em todos os círculos dos
Açores, assim como por Lisboa, onde já tem uma filial. Também no norte do país
aparece em alguns círculos, mas numa pouco ortodoxa coligação com o Movimento
Partido do Norte, sendo que os elementos deste movimento (não aceite como
partido) concorrem como independentes…
Outra
das novidades, embora já tenha participado nas últimas eleições, é o Partido
Trabalhista Português (PTP), de
centro-esquerda. É já a quarta edição de um partido trabalhista em Portugal,
todos entretanto extintos. Mas pode ser que dure algum tempo, pois realizou uma
grande contratação no mercado de inverno: José Manuel Coelho é o novo
vice-presidente, tendo recentemente afirmado que quer eleger um grupo
parlamentar nas legislativas de 5 de junho e “varrer os deputados corruptos do sistema”.
O
Partido da Terra (MPT),
originalmente chamado de Movimento o Partido da Terra, é um partido
ambientalista e ruralista fundado em 1993 por Gonçalo Ribeiro Telles. Assume-se
como partido ecologista, tendo por base o humanismo e a solidariedade.
Outro
nos novos partidos, e já com alguma dinâmica e impacto na sociedade portuguesa,
é o Movimento Esperança Portugal (MEP),
sendo o 16.º partido político português, com um posicionamento ao centro. A sua
relativa visibilidade deve-se fundamentalmente ao seu líder, Rui Marques,
médico e escritor, antigo alto-comissário para a Imigração e Diálogo
Intercultural, ativista e empresário português. Fundado em 2008, o MEP defende
os princípios e valores do humanismo, cultivando assim os referenciais do bem
comum, da solidariedade social, da economia social de mercado, da subsidiariedade
e da democracia.
Também
muito recente é o Partido Liberal-Democrata (PLD), originalmente denominado Movimento Mérito e Sociedade (MMS),
existe desde 2007, sendo liderado desde o início por Eduardo Correia, tendo já
concorrido a três atos eleitorais. Tem uma estratégia de comunicação muito bem
elaborada, sendo a sua nova cor o azul-marinho – não fosse o seu fundador
mestre em Marketing e doutor em Finanças. Este professor do ISCTE aposta a base
do seu manifesto na “meritocracia” e num forte investimento na educação e
formação.
O
Portugal Pro Vida (PPV) é um
recém-criado partido (2009), que defende os princípios da doutrina social da
Igreja. Composto por pessoas de todos os quadrantes políticos, embora
maioritariamente da direita conservadora, defende a revogação da lei do aborto,
das recentes alterações à lei do divórcio verificadas em Portugal, e a
manutenção da proibição da eutanásia. No campo da cidadania, o partido defende
o voto sem limite de idade e o reconhecimento da objeção de consciência dos contribuintes
- estes últimos devem poder especificar quais os usos a dar aos seus impostos.
Um
dos partidos que se formou também por volta do 25 de Abril é o Partido Popular
Monárquico (PPM), por iniciativa da
Convergência Monárquica. Já esteve representado na Assembleia da República, mas
no entanto pretende o regresso à monarquia constitucional… Actualmente tem o
seu centro nevrálgico nos Açores.
De
Manuel Monteiro ficou-nos a Nova Democracia (PND), fundado em 2003, de cariz conservador-liberal e eurocético,
assumido defensor de um sistema presidencialista. Já participou em vários atos
eleitorais, mas sempre com um resultado muito reservado, isto é, à exceção dos
sucessos que José Manuel Coelho teve nas regionais da Madeira e nas últimas
presidenciais.
Quase
por último, temos o Partido Nacional Renovador (PNR), o único partido político português nacionalista. O seu lema é
“Nação e Trabalho”, e uma das suas medidas mais controversas é a restrição da
imigração e inversão dos fluxos migratórios. Já concorreu em vários atos
eleitorais, sempre sem expressão, tendo obtido o seu momento mais mediático
quando os Gato Fedorento “brincaram” com o cartaz colocado na Praça do Marquês
de Pombal, gozando com o seu presidente, José Pinto Coelho.
No
oposto extremo desta ideologia, temos o mais recente partido português, o Partido
pelos Animais e pela Natureza (PAN),
que visa transformar a mentalidade e a sociedade portuguesas e contribuir para
a transformação do mundo de acordo com valores éticos e ecológicos
fundamentais. Tem uma mediática liderança em Paulo Borges, Professor de
Filosofia da Universidade de Lisboa, defensor de Agostinho da Silva e ativista
do Ioga. São uma minoria, mas cada vez mais politizada.
Partidos,
ideias e personalidades não faltam a este rico cenário. Numa altura em que
tanto mal se fala da classe política, deveria a sociedade civil tentar perceber
qual a distância que deve ter perante a sua participação cívica ou política no
dia a dia. Nos Estados Unidos da América, dominados por uma bipolaridade
partidária clara entre centro-esquerda e direita conservadora, 18% da população
está diretamente envolvida na vida política, não sendo necessariamente membros
de partidos.
Em
Portugal o valor é de 1%.
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