Ainda
falta muito para o próximo 5 de junho, dia de eleições legislativas, ou por
outro lado, se calhar até falta é pouco. Num período em que as preocupações dos
portugueses se centram no pavor das medidas a implementar pela “troika”, com as
distrações típicas como a morte de Bin Laden ou o passado familiar nos novos
concorrentes do “Peso Pesado”, existirá pouco tempo certamente para a análise,
discussão e introspeção que o país precisa neste momento da sua história.
Seria
interessante se todos, classe política e sociedade civil, demonstrassem um
sinal de evolução no modelo de pensamento social e, num momento de exceção,
existir de facto uma união em torno de um bem comum, e não de ideologias,
desejo de poder ou medo da mudança.
Infelizmente,
neste cenário, e com os atores atuais, parece pouco provável. No entanto, temos
os partidos políticos, com um mapa bastante mais colorido do que
verdadeiramente nos apercebemos. Quem verdadeiramente controla a opinião
pública atualmente são os órgãos de comunicação social, com o óbvio destaque
para a televisão, onde em busca das audiências se proporciona ao telespectador
o que este deseja. E assim se passa ao lado de toda a representatividade
política portuguesa.
Assim,
teremos provavelmente 18 partidos e coligações a concorrer às eleições
legislativas próximas, e não querendo ocupar o que deveria ser o papel da
Comissão Nacional de Eleições, acho pertinente fazer uma rápida viagem pelos que
pretendem ser nossos representantes na Assembleia da República.
Como
na maioria dos países europeus, temos um parlamento representado por várias
forças partidárias, embora historicamente os governos têm sido repartidos entre
o PSD e o PS, ficando o PCP e o CDS-PP com a grande maioria dos restantes votos.
O
Partido Social Democrata (PSD) e o Partido Socialista (PS), formados oficialmente por volta do
25 de Abril de 1974, representam as grandes ideologias sociais-democratas e
socialistas, tendo sido os grandes obreiros da evolução de Portugal desde a revolução.
Geraram a maioria das grandes figuras de estado do país, como Sá Carneiro,
Cavaco Silva ou Mário Soares, e tem estado presentes em todos os governos até
ao momento.
O
Partido Comunista Português (PCP) é
um partido comunista marxista-leninista e a sua organização é baseada no
centralismo democrático. Fundado em 1921, é um dos partidos políticos mais
antigos e com mais história e ainda ativo. Tem estado sempre presente no
parlamento, assim como em algumas autarquias de referência.
O
Centro Democrático Social - Partido Popular (CDS-PP) é inspirado pela democracia cristã e é aberto também a
conservadores e liberais clássicos. Já integrou governos, sempre em coligação,
à direita e à esquerda. Tem no forte e carismático líder Paulo Portas um
importante chamariz de votos, assim como se torna recetáculo dos desiludidos à
direita e centro-esquerda.
A
mais recente força representativa dos portugueses é o Bloco de Esquerda (BE), nascido em 1998, da fusão de três
forças políticas: a União Democrática Popular (UDP), o Partido Socialista
Revolucionário (PSR) e a Política XXI, de origens socialistas, trotskistas e
marxistas. Ganhou o seu lugar, dando uma nova frescura à esquerda ideológica em
Portugal, e seguindo um instinto verdadeiramente humano: a união faz a força!
Ao não querer participar nas negociações da “troika” e com um discurso mais
extremado, pode perder alguns eleitores de esquerda moderada.
Tendo
aparecido sempre em coligação, o Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), foi fundado em 1982, e faz parte
de uma história recente intermédia da política portuguesa. Tem estado quase
sempre desde o seu início representado na Assembleia, via APU e CDU, e são os
representantes mais visíveis do movimento ecológico em Portugal. Poderiam
talvez conquistar mais respeito e votantes se concorressem sozinhos, embora
talvez não conseguissem ser ouvidos…
Um
dos grandes clássicos e verdadeiro símbolo de resiliência é o Partido Comunista
dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP),
de inspiração maoísta e fundado em 1976. Com grande atividade e espírito
reivindicativo, tornou conhecidos os nomes de Arnaldo Matos e Garcia Pereira,
mas por lá passaram muitas personalidades ainda hoje ligadas à vida política
nacional, como Durão Barroso, Fernando Rosas ou Ana Gomes.
Outro
clássico, embora com menos visibilidade, é o Partido Operário de Unidade
Socialista (POUS), de ideologia
trotskista, que defende a rutura com a União Europeia e a proibição dos
despedimentos. Fundado em 1976, por elementos divergentes do PS, ainda hoje em
dia são liderados por um dos fundadores, Carmelinda Pereira. Entre 1994 e 1999
mudou o seu nome para Movimento para a Unidade dos Trabalhadores (MUT), tendo
depois retomado o nome original, assim como o seu símbolo: o punho!
Um
dos partidos do que se pode intitular a “nova vaga” é o Partido Humanista (PH), fundado em 1999, de ideologia
“Novo Humanismo”. Nunca teve assento parlamentar, mas em 2009 concorreu às
legislativas em coligação com o MPT, e participarão nas próximas eleições em
oito círculos. A forma de atuar dos humanistas pode resumir-se na seguinte
frase: "Eu melhoro a minha situação
enquanto trabalho para melhorar a situação de outros". A sua ação
baseia-se na não-violência, na reciprocidade, e na ação voluntária e solidária.
Paz e amor.
(Continua…)
PS: nem de propósito, aproximam-se novamente eleições... e importantes.
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