Inserido
no “AMOSTRAM’ISSE” – Mostra de Cinema dos Açores, foi
exibido o filme Noite
de Festa,
do micaelense Nuno Costa Santos (em parceria com Tiago de Carvalho e
Nuno Simões, como gosta de realçar o autor), em estreia na ilha
Terceira, no passado dia 4 de Junho, no Centro Cultural e de
Congressos.
Trata-se
de um filme que encaixa na área do documentário, embora ficcionado,
onde acompanhamos o regresso de Nuno Costa Santos a São Miguel,
escritor e guionista a residir em Lisboa, já com vários livros
publicados, colaborador assíduo de várias revistas, e já teve
também um programa de televisão no Canal Q (“Melancómico”).
Esse
regresso tem um motivo: anda à procura dos seus discos de vinil, que
tanto influenciaram a sua adolescência, e lhe moldaram mesmo o
carácter … Será uma viagem onde se mistura o antigo, o passado e
o recente, assim como as novas e desconhecidas realidades da ilha.
De
facto, como também refere Nuno Costa Santos algures, as músicas e
bandas que ouvimos na adolescência (e pós-adolescência,
permitam-me acrescentar) são as mais importantes das nossas vidas,
pois é uma fase de definição da nossa identidade e personalidade –
e esse é o mote do filme, conjugado com uma análise às diferenças
que encontra em São Miguel nos últimos 20 anos, desde que saiu para
Lisboa.
O
filme consegue passar a sua mensagem, intenção aliás da equipa
responsável, partindo de uma história individual, mas com a qual
todos se identifiquem – principalmente se pertencem à mesma
geração dos realizadores (35-40 anos). E foi o que se passou
comigo, vibrando ao ver tantas referências musicais que fazem também
parte da minha adolescência, fazendo-me também recordar o que foi
sair da ilha para estudar em Lisboa, e o contacto com novas
realidades musicais.
Foi
maravilhoso ver referências seminais aos The Cure, as capas dos
discos de vinil dos Throwing Muses, ouvir músicas dos Dead Can Dance
e My Bloody Valentine, e culminar tudo com várias alusões aos Stone
Roses… O filme tem uma curiosa frase de Nuno Costa Santos, ao
referir-se a essas bandas, “que
já ninguém as quer ouvir hoje em dia”
– pois felizmente não é verdade, e temos o Optimus Primavera
Sound a provar isso mesmo, festival que decorreu recentemente no
Porto, onde as bandas que vingaram este ano foram exatamente os My
Bloody Valentine, Dead Can Dance e a grande presença e atuação de
Nick Cave!
Termino
com uma frase de Nuno Costa Santos, num artigo da Azorean
Spirit
(n.º47), que resume, e como sempre, bem, o essencial do que aqui se
disse: “Agora
quem diz discos perdidos também diz milagres encontrados. Até já,
numa sala de cinema perto de si.»
Miguel
Costa
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