[Para matar saudade dos sons que descobri...]
Na
sequência do último artigo, dedico-me agora aos discos mais
referidos nas revistas da especialidade portuguesas, assim como às
listas de melhores álbuns do ano. Não é tão fácil como a nível
internacional, não existindo massa suficiente de crítica e análise
musical.
Mesmo
assim, cada vez mais se escreve sobre música, com uma “crítica de
autor” de jovens jornalistas, sobre um vasto número de criativos
projetos musicais em Portugal, assistindo-se ainda à consolidação
de uma nova geração de valores.
Esta
lista pretende apresentar os melhores álbuns nacionais do ano, com
base na crítica especializada, que procura destacar os melhores
trabalhos: os mais sensíveis, mais criativos, ou seja, a melhor
música em detrimento dos mais vendidos (embora não sejam aspetos
incompatíveis…).
As
revistas consultadas foram a P3 (Público), Bodyspace e Blitz, sendo
as únicas que apresentam uma lista com classificação. Vários
sítios online
foram também tidos em consideração, pelo número de menções que
os álbuns tiveram, destacando-se sempre um fator comum: a edição
de muitos trabalhos em 2012, por jovens artistas, muitos deles em
estreia. A lista é então a seguinte:
10.
Supernada: “Nada é impossível”.
Aproveitando a boleia do revivalismo dos Ornatos Violeta, o atual
projeto de Manuel Cruz apresenta um poderoso trabalho, com a
irreverência roqueira do costume.
9.
Carminho: “Alma”.
Uma das melhores representantes da nova música portuguesa de cariz
internacional, atingindo um sucesso merecido, com base na
intensidade, verdade e emoção que coloca nas suas canções.
8.
B Fachada: “Criôlo”.
Bernardo Fachada não para, nem de gravar, nem de nos surpreender. A
qualidade e a consistência juntam-se à originalidade, agora com
ritmos africanos e cheio de estilo.
7.
Pega Monstro: “Pega Monstro”.
Portugal também tinha direito a uma banda de duas irmãs, low-fi
e slow-core
– aí temos as Pega Monstro, em álbum homónimo, com a atitude
punk
o suficiente. Inovador e refrescante.
6.
António Zambujo: “Quinto”.
Outro genuíno representante de Portugal, também com bases no fado,
mas já muito mais do que isso. A sua qualidade consolida-se neste
quinto disco.
5.
Diabo na Cruz: “Roque Popular”.
Segundo projeto de Jorge Cruz, onde nos apresenta uma excelente fusão
entre rock e folk, com base nas tradições portuguesas,
respingadíssima de toques contemporâneos. Uma nacionalista mistura
de rural e urbano.
4.
Capicua: “Capicua”.
Com o apoio de Sam The Kid, temos também agora uma boa MC feminina,
representando o que de melhor se faz no hip-hop contemporâneo em
Portugal. Uma voz do Porto, do Povo e com Coração.
3.
Norberto Lobo: “Mel Azul”.
Neste seu terceiro álbum, Norberto Lobo demonstra novamente que o
experimentalismo é uma das mais poderosas ferramentas poéticas que
a música pode utilizar, livre e descomprometida, mas com uma
suavidade improvisada, embora muito trabalhada. Os seus solos de
guitarra são uma delícia inspiradora e de introspeção, nunca
monótonos, com um dedilhar que se imagina intenso. Não conhecia.
Agora adoro.
2.
Orelha Negra: "Orelha Negra".
Original e necessário coletivo português, com destaque para Sam The
Kid e DJ Cruzfader, trouxe-nos um groove
bem desejado. Em bonitas homenagens ao hip-hop e à cultura urbana em
geral, tornam a vida mais sofrível e certamente mais musical. Ficou
em segundo lugar, mas certamente no primeiro de muitos amantes da
música.
1.
Black Bombaim: "Titans".
Para destronar o álbum do Orelha Negra, só mesmo o fantástico
trabalho dos Black Bombaim. Este trio de Barcelos produz um som
universal, com um rock psicadélico, numa atmosfera intensa, mas com
tempo para introspeção. Faz lembrar e pensar no que de melhor se
faz nesta área, estando inclusive convidados para atuarem no
Roadburn, o principal festival do género no mundo (Holanda).
Belíssima surpresa.
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