Em jeito de continuação do
último artigo referente à “Música Alternativa”, o Vaudeville era um género de
entretenimento muito comum nos Estados Unidos e Canadá no fim do século XIX e
início do século XX, com origens variadas e aconteciam geralmente à noite, com
músicos, dançarinos, mágicos ou acrobatas, palestras e até atletas.
O Vaudeville está de facto
de volta, pelo menos a estética em torno dele, ou a ideia que fazemos dessa
estética. A teatralidade dos espectáculos musicais é um dos aspectos mais
atraentes para os fãs, quer ao vivo, quer na imagem que depois mantêm. Só que agora
em vez das famosas cobras vivas em palco tipo Ozzy Osbourne ou Alice Cooper,
temos um jovem artista de camisa branca, calça e colete preto, com um velho
chapéu típico dos anos 20, sentado num banco, tocando banjo e cantando com
muita intensidade e lirismo…
Se num dia nos apetece algo
movimentado e cheio de acção, com fogo-de-artifício e explosões, mas no
seguinte já queremos algo mais reflectivo, ou mesmo com questões políticas à
mistura, temos isso no Vaudeville, com múltiplos planos de entretenimento, misturando
circo, igreja e cabaré se necessário. Um bom exemplo disso é a banda Vagabond
Opera, que atua ocasionalmente em Portugal.
Numa perspectiva talvez mais
agressiva, certamente mais provocadora, surge também o ressurgimento da
estética burlesca. Não são apenas stripers num palco, mas um género
directamente descendente da Commedia
dell’arte, uma performance de improviso, extremamente popular nos séculos
XV e XVII em Itália.
Mas é no século XIX que o
Burlesco surge em força, novamente nos Estados Unidos e Canadá, em pequenos
teatros de entretenimento popular, com música, trapezistas, ventríloquos e
outros. Nestes espaços podia-se consumir álcool, fumar, estar de pé e falar no
tom que apetecesse, criando um ambiente mais popular do que nos tradicionais teatros.
Sobreviveu com alguma
intensidade até aos anos 50 e 50 do século passado, mas com a emergência da
televisão e do rock, acabou por perder a sua lógica, deixando no entanto um
enorme legado e influência estética.
E o revivalismo que se vive
desde os anos 90 destas duas linguagens tem também a sua origem, obviamente,
nos Estados Unidos, nomeadamente em Nova Iorque, São Francisco e Los Angeles,
desde o striptease artístico, com o destaque para a diva mundial Dita Von
Teese, mas também humor negro ou cabaré, reforçado recentemente com o filme
“Burlesque”, com Cher e Christina Aguilera. Na música temos referências, quase
todas elas já aplaudidas em Portugal, como as CocoRosie, Devendra Banhart ou
Ditty Bops.
Variedade e criatividade não
faltam…
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