quarta-feira, 10 de abril de 2013

Pelo Tempo: "Duas Referências na Região" (2011-12-14)


É importante para os Açores terem instituições de referência. Uma delas é a Galeria Fonseca Macedo, que entre 6 de outubro a 30 de novembro, nos apresentou outra referência, nacional e internacional: Pedro Cabrita Reis. Nesta exposição, intitulada “Pinturas Recentes”, pode-se constatar a sempre presente provocação que este artista imprime no seu trabalho, assim como uma certa transversalidade entre pintura e escultura, dando o intenso relevo destes quadros.
Nasceu em Lisboa em 1959, tendo estudado na Escola Superior de Belas Artes, e ao longo da sua vasta e experiente carreira passado pela pintura, desenho, escultura, instalações, cenografia e até decoração (como o caso do famoso bar “Frágil”, no Bairro Alto em Lisboa).
Pode-se dizer que o seu trabalho tem um certo carisma industrial, pela utilização, por exemplo, dos sinais de desgaste e erosão provocados pelo tempo em algumas peças, abordando sempre temáticas representativas de imagens muito simbólicas, como cruzes, labirintos ou redes.
Também o espaço é tema central em muitos das obras de Cabrita Reis, numa postura de questionamento filosófico sobre o espaço e o tempo, desconstruindo conceitos usuais no dia a dia, e para isso muito contribuiu a sua vertente de site specific, construindo peças específicas para um lugar, construindo as peças mesmo no local final.
Expõe, com alguma regularidade, desde os anos 80, com o destaque para a exposição no Kunsthalle de Hamburgo, assim como a Documenta IX, em 1992, e em 2003, representado Portugal na Bienal de Veneza. Em 2000 foi distinguido com o prémio de artes plásticas atribuído pela Associação Internacional de Críticos de Arte.
Trata-se de uma das mais importantes figuras da sua geração artística, tendo ficado conhecido principalmente pelas suas instalações, aproximando-se da arquitetura, utilizando materiais recicláveis e néon.
Até ao passado mês de outubro, decorreu uma grande retrospetiva da obra do artista no Museu Coleção Berardo, intitulada “One after another, a few silent steps”, com cerca de 300 trabalhos. Para todos os efeitos, o trabalho de quem é considerado um dos maiores artistas da sua geração, é pouco conhecido do público português, tendo esta exposição percorrido já Hamburgo, Nimes e Lovaina, durante quase um ano.
Agora em Ponta Delgada. Desde 2000 que a Galeria Fonseca Macedo ocupa um espaço que provavelmente nunca tinha existido na região, uma galeria de arte contemporânea, na verdadeira aceção do termo. O seu objetivo é “apenas” promover a arte, apresentando artistas emergentes e consagrados, nacionais e internacionais, publicando paralelamente catálogos e livros de arte, assim como participando em feiras de arte contemporânea, internacionalizando sem dúvida o nome dos Açores.
A sua presença na ARCO Madrid 2012 está já confirmada, no maior encontro mundial de galerias de arte, repetindo anteriores participações, como em 2011, com um projeto fotográfico dos artistas Tiago Silva Nunes, Catarina Botelho e Sandra Rocha.
Antes desta exposição de Pedro Cabrita Reis, passaram recentemente pela galeria trabalhos de Urbano, Catarina Botelho e Maria Tomás. Na sua lista de artistas podemos ainda ver nomes como Augusto Alves da Silva, Tomaz Vieira, Ana Vieira ou Rui Chafes.

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