É importante para os Açores
terem instituições de referência. Uma delas é a Galeria Fonseca Macedo, que
entre 6 de outubro a 30 de novembro, nos apresentou outra referência, nacional
e internacional: Pedro Cabrita Reis. Nesta exposição, intitulada “Pinturas
Recentes”, pode-se constatar a sempre presente provocação que este artista
imprime no seu trabalho, assim como uma certa transversalidade entre pintura e
escultura, dando o intenso relevo destes quadros.
Nasceu em Lisboa em 1959,
tendo estudado na Escola Superior de Belas Artes, e ao longo da sua vasta e
experiente carreira passado pela pintura, desenho, escultura, instalações,
cenografia e até decoração (como o caso do famoso bar “Frágil”, no Bairro Alto
em Lisboa).
Pode-se dizer que o seu
trabalho tem um certo carisma industrial, pela utilização, por exemplo, dos
sinais de desgaste e erosão provocados pelo tempo em algumas peças, abordando
sempre temáticas representativas de imagens muito simbólicas, como cruzes,
labirintos ou redes.
Também o espaço é tema
central em muitos das obras de Cabrita Reis, numa postura de questionamento
filosófico sobre o espaço e o tempo, desconstruindo conceitos usuais no dia a
dia, e para isso muito contribuiu a sua vertente de site specific, construindo peças específicas para um lugar,
construindo as peças mesmo no local final.
Expõe, com alguma
regularidade, desde os anos 80, com o destaque para a exposição no Kunsthalle
de Hamburgo, assim como a Documenta IX, em 1992, e em 2003, representado
Portugal na Bienal de Veneza. Em 2000 foi distinguido com o prémio de artes
plásticas atribuído pela Associação Internacional de Críticos de Arte.
Trata-se de uma das mais
importantes figuras da sua geração artística, tendo ficado conhecido
principalmente pelas suas instalações, aproximando-se da arquitetura,
utilizando materiais recicláveis e néon.
Até ao passado mês de
outubro, decorreu uma grande retrospetiva da obra do artista no Museu Coleção
Berardo, intitulada “One after another, a few silent steps”, com cerca de 300
trabalhos. Para todos os efeitos, o trabalho de quem é considerado um dos
maiores artistas da sua geração, é pouco conhecido do público português, tendo
esta exposição percorrido já Hamburgo, Nimes e Lovaina, durante quase um ano.
Agora em Ponta Delgada.
Desde 2000 que a Galeria Fonseca Macedo ocupa um espaço que provavelmente nunca
tinha existido na região, uma galeria de arte contemporânea, na verdadeira
aceção do termo. O seu objetivo é “apenas” promover a arte, apresentando
artistas emergentes e consagrados, nacionais e internacionais, publicando
paralelamente catálogos e livros de arte, assim como participando em feiras de
arte contemporânea, internacionalizando sem dúvida o nome dos Açores.
A sua presença na ARCO
Madrid 2012 está já confirmada, no maior encontro mundial de galerias de arte,
repetindo anteriores participações, como em 2011, com um projeto fotográfico
dos artistas Tiago Silva Nunes, Catarina Botelho e Sandra Rocha.
Antes desta exposição de
Pedro Cabrita Reis, passaram recentemente pela galeria trabalhos de Urbano,
Catarina Botelho e Maria Tomás. Na sua lista de artistas podemos ainda ver
nomes como Augusto Alves da Silva, Tomaz Vieira, Ana Vieira ou Rui Chafes.
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