quarta-feira, 13 de março de 2013

Pelo Tempo: "Rica sexta-feira" (2011-11-05)


No passado dia 21 de Outubro, em plena transição de estações, reuniu-se na Carmina Galeria uma curiosa trilogia artística terceirense. Inserido no lançamento do primeiro livro da nova coleção LABJOVEM, da autoria de Rui de Sousa, ocorreu um concerto de João Félix, isto tudo sob o auspício da exposição de escultura de Maria Ana Simões.
E comecemos pelo evento principal da noite, pois para todo o efeito, esta sinergia origina do lançamento do livro “Adeus Amanhã”, do jovem terceirense Rui de Sousa. Que seja o primeiro de muitos.
Trata-se do primeiro livro da agora apresentada Coleção LABJOVEM Literatura, pela Direção Regional da Cultura, em parceria com a Associação Cultural Burra de Milho, onde serão editadas as obras dos autores selecionados do concurso com o mesmo nome, que visa dar a conhecer os jovens criadores da região. Foi também apresentado no sábado seguinte, na galeria Arco 8, em Ponta Delgada, contando com a atuação de Emanuel Paquete, outro selecionado do referido concurso.
Como afirmou o autor, ao tratar-se de uma primeira obra, é claramente autobiográfica. É de facto uma viagem de regresso à ilha, pesando os prós e os contras da nossa dimensão, viajando por questões morais, como o peso que damos à opinião dos outros, polvilhado ocasionalmente com verdadeiras pérolas poéticas, numa narrativa com uma construção moderna.
Em complemento à apresentação do livro, João Félix apresentou 10 canções do seu forte reportório, num íntimo concerto para cerca de 40 pessoas. Sólido e emotivo, as suas palavras tem de facto muito poder, e em inglês – imagine-se como será em português… Encontra-se muito maduro, pronto para efetivar o seu trabalho em estúdio. Espera-se que para breve.
É um trovador, e as referências a Nick Drake e a música dos The Smiths a acabar relembram o seu eclético conhecimento musical. Um concerto melancólico, com temas escritos em fases distintas, mas com uma sequência e ligação bem pensada.
A completar, e de certa maneira, a servir de anfitriã, estava a exposição de escultura “Metamorfose”, de Maria Ana Simões, mais uma jovem artista terceirense. Estudou Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade Nova de Lisboa, com uma passagem por Itália inserida no programa Erasmus (intercâmbio estudantil), tendo ainda frequentado o mestrado em Ensino de Artes Visuais novamente na Universidade Nova de Lisboa.
Se a formação académica impressiona, mais ainda destaca o valor desta artista os locais por onde já passou, em diversas exposições individuais e coletivas, entre Angra do Heroísmo, Sacavém, Lisboa, Nova Iorque ou Florença.
Pessoalmente, foi a novidade da noite, pois já tinha ouvido falar do seu trabalho, mas não o conhecia “ao vivo”, tendo sido uma boa surpresa, demonstrando um trabalho muito laborioso, com uma intenção bastante clara e específica.
Demonstra acima de tudo experiência, sensibilidade e muito trabalho com os materiais em questão (madeira, pedra e ferro). Realça-se também, como refere a artista, a fragilidade de alguns trabalhos, em busca de respostas emocionalmente distantes.
Após a bem sucedida inauguração no passado dia 15 de outubro, a exposição encontra-se patente até ao próximo dia 27 de novembro. Não deixe os dias passar e vá o mais rapidamente possível.
Para concluir todo este otimismo, pois existe de facto uma incrível geração de jovens artistas na região, é de realçar o trabalho da Carmina Galeria, objeto da dedicação do Dr. Dimas Simas Lopes, assim como da restante equipa da galeria, e ainda o trabalho da Burra de Milho, não deixando adormecer a ideia de que podemos ter uma melhor sociedade com base na fruição e atividade artística.

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