É um regresso feliz, e não
apocalíptico, como em certas teorias da conspiração ou de política global, como
o título poderia indicar. Trata-se do regresso da banda New Order aos palcos,
mais especificamente na Bélgica e em França, para dois concertos em outubro
deste ano.
A origem do evento tem
razões menos felizes, pois trata-se de um concerto com vista a angariar
dinheiro para apoiar Michael Shamberg, produtor dos vídeos da banda, gravemente
doente desde 2005. Dos elementos originais, apenas Peter Hook não se juntará à
homenagem, pois desde que saiu da banda em 2007, nunca conseguiu ultrapassar os
desentendimentos que provocaram a cisão.
Os New Order tiveram de
facto um impacto que vai para além das suas músicas mais famosas (todos os que
passaram por uma pista de dança nos anos 80 ou 90 conhecem, mas podem não
associar), pois abriram as portas a uma liberdade criativa e energética de um
Pop/Rock Eletro que dominou e ainda domina a cena musical mundial.
Formaram-se em Manchester,
na Grã-Bretanha, em 1980, pelos restantes elementos da também mítica banda Joy
Division, e após a morte de Ian Curtis, o não menos carismático vocalista, que
se suicidou aos 23 anos, como retratado no filme Control (2007).
Tornaram-se de facto o
expoente máximo da fusão entre o rock e a música eletrónica, com um forte ritmo
de dança, sendo as principais referências desta área, juntamente talvez com
Depeche Mode e Kraftwerk.
Após o lançamento de vários singles de relativo sucesso, numa lógica
de música de dança, e com muito êxito nos clubes ingleses, surge o primeiro
álbum de estúdio, “Movement” (1981), que fazia um género de transição entre Joy
Division e New Order, com um som puramente eletrónico, mas com origens no rock.
O grande lançamento da banda
tornou-se o single “Blue Monday”
(1982), posteriormente integrado no segundo álbum dos New Order, o fantástico
“Power, Corrution and Lies” (1983). Ainda hoje em dia é o single mais vendido no mundo, e com a duração de sete minutos e
meio, longo para a época. Rodou por todos os clubes da moda em Londres, Nova
Iorque e Paris, influenciando a cena Synhtpop (pop com sintetizadores…),
ajudando à explosão dos teclados, tornando, por exemplo, os Pet Shop Boys numa
das bandas mais conhecidas do planeta.
Em 1987 lançam um dos seus
álbuns mais vendidos e conhecidos, “Substance”, que se tratava de uma
compilação de todos os singles até ao
momento, tornando-se na confirmação mundial do sucesso dos New Order.
Até 1994 continuam a
produzir discos de estúdio, sempre com uma orientação rock, pop e eletrónica,
virada para a música de dança. Em 1995, voltam a editar uma coletânea, desta
vez com alguns remixes e inclusão de
músicas que marcadamente definiam a banda. Foi o seu disco mais vendido de
sempre, “(The Best Of) New Order”.
A partir de então,
diminuíram a sua produtividade, e apenas três anos depois voltam a gravar em
estúdio. Nova pausa, e regressam aos álbuns em 2001, com “Get Ready”, onde foi
notório uma grande alteração no seu som, muito mais à base de guitarra, como se
nota também em “Waiting for the Siren’s Call” (2005), o último álbum da banda.
Depois veio o
reconhecimento: no mesmo ano ganham o prémio God Like Genius e a inclusão,
juntamente com os Joy Division, no UK Music Hall of Fame. De facto, depois da
saída de Hook, nunca mais houve consenso, mas para todos os efeitos, a banda
continua a existir, e quem sabe a preparar alguma surpresa. Infelizmente, que
eu tenha conhecimento, apenas tocaram uma vez em Portugal, durante a edição do
Super Bock Super Rock de 2005. Tal pena.
Juntamente a todo este
sucesso, a banda teve, nos anos 90, o que se tornou o clube mais famoso da
Grã-Bretanha, o Hacienda, onde testavam obviamente os seus sons, como pode ser
visto no documentário “New Order Story” (1993) ou no sucesso de Michael
Winterbottm “24 Hour Party People” (A Festa Nunca Termina, 2002).
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