segunda-feira, 23 de março de 2015

Magnetismo Histórico

​​The Magnetic Fields - Love at the Bottom of the Sea (2012)​


Décimo álbum dos míticos The Magnetic Fields, que ocupam um lugar marcante na história da música pop dos anos 90, editado em 2012. Desde 1999 que não gravavam nenhum trabalho, desde o também histórico 69 Love Songs (um álbum triplo, com 69 canções e de cariz conceptual).

Bom para matar saudades, mas como dizia um tio que conheço: "já fizeste melhor..."

segunda-feira, 16 de março de 2015

Pelo Tempo: "Sempre a Nouvelle Vague" (2011-04)

Tivemos a oportunidade de assistir a uma mostra de cinema da realizadora francesa Agnès Varda, no Teatro Angrense, numa iniciativa da Associação Cultural Burra de Milho, com o apoio do Instituto Francês de Portugal, e numa parceria com o Cine Clube de Ponta Delgada e Culturangra, num claro esforço de divulgação do cinema de qualidade, assim como de criar oportunidades de exibição de filmes sem hipóteses de entrar no circuito comercial.
Foram cerca de 15 curtas-metragens de Agnès Varda, uma das mais importantes cineastas da atualidade, destacando-se da sua vasta produção Duas Horas da Vida de Uma Mulher (1962), um dos porta-estandartes da Nouvelle Vague do cinema francês. Desde então muito produziu e realizou, entre a ficção e o documentário, entre a curta e a longa-metragem.
Agnès Varda nasceu na Bélgica em 1928, mas cedo se mudou para França onde estudou Literatura e Psicologia na Sorbonne, e História de Arte no Louvre. Trabalhou como fotógrafa no Teatro Nacional Popular de Paris, assim como deu início a uma carreira como fotojornalista. Realiza o seu primeiro filme aos 26 anos, em 1954, La Pointe Curte, já com indícios precursores da Nouvelle Vague francesa.
Foi casada com o realizador francês Jacques Demy, falecido em 1990, e é mãe do ator Mathieu Demy e da costureira/estilista de cinema Rosalie Varda, ambos com carreiras de sucesso. Agnès Varda foi uma das cinco pessoas a estar presente no funeral de Jim Morrison no cemitério Père Lachaise, em Paris…
Intitulada por alguma imprensa especializada como a “Avó da Nouvelle Vague”, tem um trabalho muito conotado com questões políticas e sociais, como se poderá observar por algumas das curtas-metragens a exibir.
Destacou-se também em trabalhos de parceria com outros realizadores de renome, como a sua participação nos diálogos de O Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci. Após a morte do seu marido, realizou um grande filme, em formato de tributo: Jacquot de Nantes (1991), que todos esperavam ser o seu último trabalho, pela sua idade e situação pessoal. Mas em 1995 regressa com Les Cent et Une Nuits, e desde então realizou, produziu e participou em mais de 10 filmes, com o destaque para o documentário Les Pláges d’Agnès, nomeado para vários prémios.
Rivalizando já com Manoel Oliveira, pela longa carreira, Agnès Varda é uma ensaísta do cinema, sendo principalmente as suas curtas-metragens momentos de pura intervenção social e filosófica.
Nas duas noites passaram pelo teatro cerca de 80 pessoas, número bastante significativo para sábado e domingo à noite, tendo em conta a pouca divulgação / expressão que este tipo de cinema tem na região. As opiniões foram divergentes, todos tiveram os seus filmes preferidos, mas o resultado global foi muito positivo, mesmo correndo o risco de ser cansativo assistir a vários filmes da mesma realizadora de seguida, com a mesma linguagem e dinâmica.
Ou talvez exista cada vez mais um público específico, que queira ter a oportunidade de assistir a cinema numa perspetiva artística e não somente de entretenimento, embora se possa conjugar estes dois fatores em muitas felizes ocasiões.
Destaca-se aqui o papel do Cine 9500 de Ponta Delgada e do Cineclube da Horta.
Aproveitando a boleia sobre a temática da Nouvelle Vague francesa, destaco ainda um filme de 2010, Os Dois da (Nova) Vaga, de Emmanuel Laurent, exibido recentemente pelo Cine Clube de Ponta Delgada.
Trata-se da história da amizade entre Jean-Luc Godard e François Truffaut, dois dos principais realizadores franceses de sempre. São muitos os filmes que realizaram e que marcaram a história do cinema, destacando-se Os 400 Golpes, de Truffaut e O Acossado de Godard.
Recorrendo a imagens de arquivo, a excertos dos filmes dos dois realizadores e folheando recortes de imprensa da época, o filme fala de uma década que transformou o mundo, podendo ser uma boa abordagem inicial a este movimento artístico do cinema francês, próprio da contestação dos anos sessenta. Inicialmente composto apenas por jovens realizadores sem grandes possibilidades financeiras, mas com uma vontade comum: transgredir as regras do cinema comercial.
Além dos dois nomes fundamentais já referidos, podemos ainda destacar Alain Resnais e Eric Rohmer, entre outros, e que tinham como principais características do seu trabalho a inflexibilidade com os conceitos narrativos da altura, apresentando uma montagem inesperada e original, onde geralmente não obedeciam à linearidade da própria narrativa.
Com o continuar dos anos, este extremismo foi-se diluindo, seguindo cada realizador o seu caminho, deixando um dos maiores legados da história do cinema, influenciando inclusive os realizadores da chama “Nova Hollywood”, como Robert Altman, Francis Ford Coppola ou Martin Scorsese.
O cinema mudou com esta vaga, que agora se refresca com a “jovem” Agnès Varda.